Barragens são interditadas em Goiás

Empresas não cumpriram prazo para enviar documentações solicitadas pela Agência Nacional de Mineração

Postado em: 04-04-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Empresas não cumpriram prazo para enviar documentações solicitadas pela Agência Nacional de Mineração

Isabela Martins*

A Agência Nacional de Mineração (ANM) interditou 56 barragens e diques no país por problemas de instabilidade, duas delas ficam em Goiás e foram interditadas por falta de documentação. Uma delas é a de Catalão que foi construída por alteamento por linha de centro e está em operação. A outra está em São Luiz dos Montes Belos, a barragem de Morro Pelado que está desativada e foi construída em etapa única. Especialistas na área de recursos hídricos se reúnem em Goiânia para discutir o monitoramento e inspeção das barragens. 

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Em entrevista para uma das rádios da Capital, o vice-presidente para assuntos técnicos e culturais do Clube de Engenharia de Goiás, Luiz Fernando Sanches diz que a interdição dessas duas barragens preocupa e que o seminário realizado juntamente com o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CREA) terá como foco a discussão dos problemas vinculados às barragens do Estado.

Das barragens que foram interditadas no país, 39 casos aconteceram por falta de documentação e 17 se devem ao fato de que as informações encaminhadas à agência reguladora das empresas apontaram falta de estabilidade nas barragens. No começo da semana, a ANM informou que iria interditar as barragens. Em um primeiro momento, foi apontado à interdição de 64 barragens, mas depois foi informado que esses números seriam revisados. 

A decisão de interdição foi tomada atendendo determinação da Declaração de Condição de Estabilidade, para onde as informações são encaminhadas todo ano. Das barragens interditadas, a maioria se encontra em Minas Gerais, onde ocorreu o rompimento da barragem do Córrego do Feijão, próximo a Brumadinho. Das que foram interditadas em Minas, 23 foram por falta de documentação e 13 devido às informações apontarem falta de estabilidade.

Barragens de mineração 

Ainda em Goiás, quatro barragens de resíduos industriais foram descartadas do sistema da ANM por não integrarem a Política Nacional de Segurança de Barragens de Mineração. Duas delas estão localizadas em Niquelândia, uma em Barro Alto e outra em São Luiz dos Montes Belos. A saída se deve ao fato delas não gerarem resíduos minerais e sim industriais. As 10 empresas com barragens de rejeitos de mineração no Estado entregaram a Declaração de Condições de Instabilidade no último dia 31 de março e estão em situação regular.

Em janeiro, uma força tarefa foi montada para fiscalizar as cerca de nove mil barragens encontradas por imagens de satélite em Goiás. A Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos Infraestrutura Cidades e Assuntos Metropolitanos (Semad) juntamente com o Corpo de Bombeiros e a Policia Militar Ambiental iniciaram a fiscalização na barragem de rejeitos em Crixás. A escolha da barragem como a primeira a ser vistoriada foi devido ao alto potencial de risco devido à característica química de rejeito que é encontrado ali. 

Das barragens localizadas por satélite, 11 delas são de rejeito de mineração e as outras são reservatórios de água utilizados para fins diversos, como abastecimento e hidrelétrica. Um dos objetivos da fiscalização era o de ajustar e regularizar todas as barragens para que elas possam atuar com segurança, sem oferecer risco à população.

Abastecimento

Outro ponto de discussão será o abastecimento de água em Goiânia e Região Metropolitana. Segundo um estudo realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), futuramente a população do Estado pode sofrer com a falta de água para o abastecimento. Um documento deve ser elaborado para discutir as melhorias que devem ser feitas. “Nos preocupa e muito, as chuvas estão poucas, e nós precisamos saber qual é o manancial, como estão os estudos principalmente para o futuro”, informou Luiz Fernando. 

É preciso saber a realidade dos estudos atuais, para analisar como será a situação do abastecimento daqui a 20 anos, como informou o vice-presidente. “Hoje nós temos o João Leite que já está interligado, segundo a Saneago, mas e daqui a 20 anos? Nós sabemos que o João Leite era para ficar 20 anos. Já se passaram cinco anos. Então precisamos saber o futuro. Vamos exigir que esses estudos venham à tona”. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

 

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