Saneago pode chegar a 300 demissões

Isabela Martins*

Cerca de 250 a 300 trabalhadores da Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago) devem aderir ao Plano de Demissão Voluntária (PDV) que está sendo finalizado. As demissões ocorrem após investigações da Operação Decantação que desvenda casos de corrupção na Companhia.

Para o diretor de Finanças e Regulação da Saneago Paulo Rogério Bragatto o público alvo da proposta pode atingir até mil funcionários. “Como falta aprovação do conselho de administração e a gente segue regras de governanças, o que eu posso dizer em termo de quantidade o público alvo que a gente fez estudo e de 250, 300 pessoas, considerando que há um total dentro da Companhia de mais de mil pessoas aptas a aderirem ao programa”, explicou. 

Além do PDV, o objetivo na empresa é realizar ainda o remanejamento de pessoal e cortes em serviços de terceiros e até revisão nas compras de materiais. “Quando a gente trata de uma companhia de saneamento a gente tem que ver duas vertentes: a questão das receitas, investimentos e ao mesmo tempo do outro lado uma busca constante de redução do custeio. E esse custeio vem da conta de pessoal, então a cCompanhia está trabalhando em um projeto, na formulação de um novo programa de demissão voluntária” afirmou o diretor. 

Em nota a companhia afirmou que o PDV ainda está em construção e deve ser apresentado ao Conselho Administrativo na próxima semana, o que pode definir quais setores sofreram com o corte. 

Em nota, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas no Estado de Goiás (Stiueg) informou que vem cobrando da direção da empresa uma gestão transparente e eficiente, onde os recursos sejam investidos na manutenção do serviço, com o objetivo de prestar um bom atendimento para a população e não as interferências e ingerências políticas com o intuito de prejudicar a empresa. 

Em relação ao PDV, o Sindicato declarou que é uma prerrogativa da empresa desde que os trabalhadores não sejam pressionados a aderirem. Ressalta ainda que os recursos oriundos dos mesmos sejam revertidos em subsídios para uma gestão eficaz.

Um PDV já foi realizado em 2017, o que gerou um valor nos caixas da empresa. A receita operacional passou de 47,54% no ano retrasado para 45,59% em 2018. Houve aumento em relação a gasto apurado de 7,1%, já que no número de funcionários passou de 5.261 para 5.799 em 2018 com a convocação de aprovados em concurso. Outro custo da empresa é em relação à energia elétrica que aumentou 14,35% em um ano.

Desde a primeira etapa, a investigação Decantação que ocorreu em 2016, afetou o desempenho financeiro da empresa, em especial por conta de obras que ficaram paradas. A atual gestão da Companhia acredita que os reflexos da operação devem ficar no passado já que a empresa fechou o ano de 2018 com lucro de R$ 115,75 milhões. 

Operação decantação 

Na última quinta-feira (04) a Policia Federal realizou terceira fase da Operação Decantação. Segundo o órgão, foram cumpridos três mandados de prisão temporária e 15 de busca e apreensão em Goiânia e Inhumas. A ação investiga a existência de uma organização criminosa na Saneago que seria especializada em fraudes de licitação.

Na segunda fase foi cumprido mandato de prisão na casa do ex-governador José Eliton e chegou a prender ex- gestores da estatal, além de pessoas que seriam sócias de empresas favorecidas pelo esquema. Dias depois a justiça determinou que eles fossem soltos. 

Ainda na terceira fase são investigadas empresas que prestaram serviços a Companhia. Segundo a PF, elas são suspeitas de fraudar ao menos oito licitações, além de contratações feitas pela modalidade de dispensa de licitação, todas entre 2012 e 2018. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)