Quadrilha usava carros de luxo para lavar dinheiro do tráfico

Operação Sétimo Selo apreendeu 30 veículos de luxo, R$ 18 milhões e nove imóveis, incluindo uma fazenda

Postado em: 10-04-2019 às 20h40
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Quadrilha usava carros de luxo para lavar dinheiro do tráfico
Operação Sétimo Selo apreendeu 30 veículos de luxo, R$ 18 milhões e nove imóveis, incluindo uma fazenda

Higor Santana*

Na tarde da última quarta-feira (10), a Polícia Civil (PC), através da Delegacia Estadual de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos Automotores (Derfrva), apresentou 13 pessoas suspeitas de integrar um grupo especializado na receptação de carros roubados, em Goiânia. De acordo com a polícia, a quadrilha era responsável pela receptação de veículos roubados e furtados, adulteração de sinais identificadores de veículos automotores e financiamento e custeio para o tráfico de drogas. Foram apreendidos 30 veículos de luxo, R$ 18 milhões em dinheiro e nove imóveis, incluindo uma fazenda. 

De acordo com a PC, a quadrilha levava uma vida de luxo e usava lojas revendedoras de automóveis para lavar dinheiro. Durante as investigações da operação batizada de “Sétimo Selo” foi apurado um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro, com a utilização de empresas laranjas. Ainda conforme a polícia, alguns veículos do grupo eram repassados a outros grupos criminosos ligados ao tráfico. 

Continua após a publicidade

De acordo com o delegado Gustavo Rigo, titular da Derfrva, foram cumpridos 13 mandados de prisão e 25 mandados de busca e apreensão em diversos endereços. Durante o cumprimento das buscas, dos 30 veículos apreendidos, duas caminhonetes eram adulteradas. Também foram apreendidos 10 câmbios de veículos, sendo oito de automóveis roubado ou furtados, três motores de caminhões, dois deles adulterados e um pertencente a um veículo roubado, além de dois blocos de motores adulterados.

Ainda segundo o delegado, um envolvido segue foragido. Rigo disse que a investigação durou cerca de um ano e meio e ainda não consegue estimar o valor obtido pelo grupo. “Eles atuavam na receptação e adulteração dos carros roubados, bem como no financiamento do tráfico de drogas. Apuramos um esquema sofisticado de lavagem de dinheiro com uso de empresas e laranjas. Esse grupo repassava veículos para outros criminosos ligados ao tráfico de drogas”, disse.

Ainda de acordo com o delegado, além da apreensão dos carros de luxo e das prisões cumpridas, no transcurso das investigações, foi autorizado o sequestro judicial de nove imóveis e o bloqueio bancário no valor de aproximadamente R$ 18 milhões de reais dos envolvidos.

Um dos carros vinculados ao grupo era uma caminhonete, que foi apreendida com um arsenal de armas de grosso calibre, em agosto do ano passado, no Distrito Federal. Com o grupo, havia materiais explosivos, dez fuzis, dez pistolas, carregadores e munição. A polícia suspeita que a Hillux, que era blindada, seria usada na tentativa de resgate de detentos do sistema prisional.

Segundo a polícia, um dos membros do grupo era o empresário Paulo Eurípedes Caetano, dono de uma loja de carros usados no Setor Parque Oeste Industrial. Ele e um cliente foram assassinados na porta do estabelecimento em fevereiro deste ano. O caso foi investigado como queima de arquivo. Dois homens foram presos.

Boa parte dos mandados foram cumpridos em condomínios de luxo de Goiânia. O delegado afirmou que o grupo tinha o apoio de oficinas, responsáveis por desmanchar os veículos.

Agentes públicos investigados

O secretário de Segurança Pública, Rodney Miranda, disse que o grupo era apontado como “intocável” e que vários procedimentos abertos para investigá-los não avançavam. Ele disse que vai apurar se agentes públicos poderiam estar acobertando as ações.

“Não tem impunidade. Todo mundo que tiver devendo, uma hora ou outra, vai ser alcançado. Ao menos uma apuração administrativa para saber porque não andou. A informação que eu tive é que já tem nove inquéritos abertos e a Corregedoria da Polícia Civil está apurando esses casos”, afirmou Rodney. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian) 

Veja Também