Presidente do Sudão é deposto por militares após 30 anos no poder

País vive forte crise econômica

Postado em: 11-04-2019 às 09h25
Por: Suzana Ferreira Meira
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País vive forte crise econômica

O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, foi forçado pelos
militares a deixar o poder nesta quinta-feira (11), após três décadas
comandando o país, segundo declarações de funcionários do governo à emissoras
árabes.

O
anúncio oficial da deposição de Bashir deverá ser feito nas próximas horas
pelos militares. A televisão do Sudão noticiou, durante a madrugada, que o
Exército vai fazer um “comunicado importante” em breve.

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Bashir, de 75 anos, foi deposto pelas Forças Armadas e está sendo
mantido sob forte vigilância na residência presidencial, em Cartum.

Funcionários do governo sudanês disseram que há negociações entre os
militares para a formação de um governo de transição.

Milhares de pessoas se concentraram nas imediações do Ministério da
Defesa e no centro de Cartum para participar de protestos contra Bashir e
festejar a queda dele, mesmo ainda não estando confirmada.

Na capital do Sudão, os militares posicionaram-se em vários pontos da
cidade durante a madrugada, em especial junto dos edifícios da televisão e da
rádio públicas.

Milhares de pessoas mantêm os protestos em vários pontos da capital,
sobretudo junto ao quartel-general do Exército.

Protestos

Os protestos, que visam pressionar os militares a forçar a saída de
Bashir, começaram em dezembro por causa da forte alta do pão e se
intensificaram nos últimos dias.

O Comitê Central de Médicos do Sudão, uma organização sindical da
oposição, afirma que 22 pessoas morreram nos protestos contra o governo desde
sábado, entre os quais cinco militares. (Agência
Brasil
)

A mesma organização afirmou que 153 pessoas ficaram feridas, sendo que
um número “significativo” de feridos se encontra em estado grave, o
que deve fazer o número de mortos aumentar.

Bashir comanda o Sudão com mão de ferro desde 1989, quando deu um golpe
de Estado com a ajuda de militantes islamistas. Ele é alvo de dois mandados
internacional de prisão por genocídio, crimes de guerra e crimes contra a
humanidade, emitidos pelo Tribunal Penal Internacional, em Haia, por causa de
crimes cometidos em Darfur.

Nessa região do oeste sudanês, 300 mil pessoas foram mortas desde 2003,
segundo as Nações Unidas, num conflito que opõe o governo e milícias árabes, de
um lado, e rebeldes não árabes separatistas, do outro.

As manifestações contra Bashir foram motivadas pela forte crise
econômica que afeta o país há anos.

O Sudão é um dos 25 países mais pobres do mundo, com uma população de 41
milhões de pessoas.

Até a independência do Sudão do Sul, a economia era fortemente
dependente do petróleo, responsável por 95% das exportações e metade da
arrecadação do governo. Em 2001, o Sudão perdeu a maior parte dos campos
petrolíferos, que ficaram com o Sudão do Sul.

*Com informações da Deutsche
Welle, emissora internacional da Alemanha

 

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