Usadas 408 empresas falsas na fraude do seguro-desemprego

Mandados foram cumpridos em Goiás e mais dois estados

Postado em: 15-04-2019 às 20h45
Por: Sheyla Sousa
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Mandados foram cumpridos em Goiás e mais dois estados

Isabela Martins*

A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã da segunda-feira (15) a Operação Mendacium que tem como objetivo desarticular organização criminosa especializada em fraudes no seguro-desemprego. Foram identificadas 408 empresas inexistentes que eram utilizadas por membros da organização criminosa para o recebimento do auxílio. Na primeira fase dois irmãos de Goiás, que seriam os líderes da organização, foram presos. 

A PF cumpriu 21 mandados de prisão e 12 de apreensão no município de Porangatu em Goiás, na grande São Paulo, em Mauá (SP) e Ibicuí, na Bahia. De acordo com o Ministério da Economia, entre 2015 e 2019 a organização investigada recebeu R$ 20,5 milhões em benefícios fraudulentos. Durante as investigações foram bloqueados R$ 10,5 milhões, valor que a organização receberia em parcelas a vencer do auxílio. 

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Os alvos da segunda fase da operação foram as pessoas que iam as agências fazer os saques do seguro-desemprego de forma fraudulenta, ou seja, em nome de outra pessoa. Os presos serão encaminhados ao sistema prisional estadual, após a realização das audiências de custódia, local onde devem ficar a disposição da Justiça Federal. Mendacium, o nome da operação, significa falsidade em latim.

Os crimes começaram a ser apurados em outubro de 2017 pela Delegacia da Polícia Federal em Presidente Prudente (SP), através da denúncia de um trabalhador. De acordo com ele, uma pessoa não identificada estaria recebendo o seguro em seu nome. Em setembro do ano passado a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da operação, onde haviam apenas mandados de busca e apreensão a serem cumpridos em Tabuão da Serra e em São Paulo, mas no cumprimento desses mandados a PF prendeu em flagrante dois irmãos que seriam os chefes da quadrilha.

Primeira fase 

Em um dos endereços que a Polícia chama de escritório de contabilidade, no bairro da Penha, em São Paulo, foram encontrados 1.600 documentos falsos em branco como espelhos de carteira de identidade, carteira de trabalho que eram usados para colocar o nome de outras pessoas, onde depois os golpistas faziam o saque do seguro-desemprego. Foram encontrados também material de informática e aproximadamente R$ 420 mil em espécie.

Após a análise dos materiais apreendidos no escritório da organização criminosa foi possível identificar membros adicionais do grupo criminoso, que eram ocupantes dos níveis inicias e intermediários. Segundo a PF, os integrantes continuavam com as atividades da organização mesmo após a prisão dos líderes e por isso foram determinadas as prisões preventivas. Os detidos responderão pelos crimes de participação em organização criminosa e fraude. 

Até a primeira fase da operação cerca de 300 empresas fictícias criadas pelos investigados foram identificadas para possibilitar o recebimento dos nove mil benefícios de seguro-desemprego fraudulentos.  A PF tenta identificar benefícios, seu envolvimento com o grupo investigado e também a origem dos documentos apreendidos, se são verdadeiros, desviados de instituições legítimas, ou falsos.

Os presos responderão pelos crimes de estelionato, organização criminosa e corrupção ativa. A ação contou com o apoio do Ministério do Trabalho e da Caixa Econômica Federal.  (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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