Barranco desmorona e famílias ficam ilhadas

Fortes chuvas abrem cratera no Jardim Novo Mundo ll em Goiânia

Postado em: 17-04-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Fortes chuvas abrem cratera no Jardim Novo Mundo ll em Goiânia

Higor Santana*

Após as fortes chuvas que atingiram Goiânia na madrugada da última terça-feira (16), o desmoronamento de um barranco, interditou três casas no Jardim Novo Mundo II, na região Leste da capital. De acordo com moradores do bairro, a grande quantidade de água abriu uma imensa cratera na porta das casas, e fez com que moradores ficassem ilhados dentro das próprias casas. Segundo a Defesa Civil, a área já era considerada de risco desde 2010, mas os moradores se recusavam a sair. 

Duas famílias precisaram ser socorridas por equipes do Corpo de Bombeiros. Sete pessoas ficaram impedidas de saírem de duas casas, já que a chuva levou parte do local que dá acesso ao lugar. Segundo o Corpo de Bombeiros, foi necessário fazer uma abertura na parte de traz das residências para retirar os moradores.

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A Defesa Civil esteve no local e interditou uma terceira casa, que também tem risco iminente de desmoronamento. De acordo com o órgão, o problema do local é antigo. Desde 2010 diversas moradias correm risco de desabamento. Devido ao período de chuvas constantes, o lugar já estava sendo acompanhado há 15 dias.

O terreno é formado por restos de entulho de obras e lixo. Por esse motivo, a área foi considerada pela Defesa Civil, inapropriada para moradia. Equipes do serviço social já foram acionadas para verificar a situação das pessoas que tiveram a casa interditada e dar o suporte necessário.

José Luiz é morador de uma das casas, e conta sobre as condições do local. “Nós mesmos jogamos entulho antes para entupir o buraco que era. Toda a água da chuva que desce do Novo Mundo, acima aqui das nossas casas, despeja tudo aqui. Com isso, a água foi assoreando o entulho, pois a terra já estava fofa, e foi levando todo o solo”, conta o rapaz.

De acordo com José, a terra começou a desabar ainda na madrugada. Alguns moradores relataram ter acordado com barulho da água e da terra que começou a ceder. O Corpo de Bombeiros informou que a qualquer indício de risco outras famílias, que estejam em situações semelhantes, devem acionar a corporação para que as medidas de segurança sejam tomadas. Em casos de emergência é possível entrar em contato com a corporação por meio do número 190.

Medo

José, que está hospedado na casa de um vizinho, demonstra medo ao voltar ao local. “A qualquer momento tudo pode desabar. A defesa Civil veio aqui, retirou todo mundo. Algumas pessoas vieram retirar suas coisas enquanto não chove. Alguns não querem deixar aqui, pois gostam daqui. Estão morando com vizinhos mesmo. Todo mundo tem medo, mas são nossas casas, nossas coisas estão aqui. Ninguém gostaria de sair de casa assim, de repente”, desabafa o morador.

A Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) fez um cadastramento emergencial e foi oferecido abrigo na Casa de Acolhida, mas eles negaram. “Com certeza. É muito perigoso aqui. Alguns estão morando aqui com vizinhos e outros só vieram buscar as coisas mesmo”, disse José.

Segundo Cidicley Santana, coordenador de área de risco da Coordenadoria Municipal de Proteção e Defesa Civil, o processo erosivo no local onde a ocupação foi construída é de grande proporção devido a constante infiltração e instabilidade do terreno. “O solo está encharcado, absorveu o que pode. Está saturado ainda. Recebemos o repasse do Corpo de Bombeiros que nos disse que já tinha interditado duas casas. Estivemos no local e vimos necessidade de interdição de mais uma casa”, disse. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)

 

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