Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Metrobus será privatizada enquanto custo da passagem vai para R$ 4,30

A população que enfrenta diariamente as péssimas condições do transporte coletivo vai ter que arcar com mais um reajuste da tarifa

Postado em: 17-04-2019 às 19h15
Por: Sheyla Sousa
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A população que enfrenta diariamente as péssimas condições do transporte coletivo vai ter que arcar com mais um reajuste da tarifa

Igor Caldas*

A notícia não é nada boa para os usuários do transporte público na Região Metropolitana de Goiânia. Além de terem que enfrentar atrasos rotineiros nas linhas, a humilhante lotação dos coletivos e insegurança dentro do transporte público, o cidadão ainda vai ter que pagar mais para andar de ônibus. O aumento da passagem foi aprovado por 6 votos a 2 em reunião da Câmara Deliberativa do Transporte Coletivo (CDTC) na manhã desta quarta-feira (17). O valor da passagem subiu de R$ 4 para R$ 4,30 na Grande Goiânia.

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A CDTC é formada por 11 membros, entre eles o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB). O presidente da CDTC, Jânio Darrot, é prefeito de Trindade. A votação que aprovou o aumento de 7,5% começou às 10h40 no Salão Nobre do Paço Municipal com as portas fechadas. Hoje é o último dia que o usuário poderá pagar R$ 4 para andar de ônibus. O novo valor está previsto para valer a partir das 5h desta sexta-feira (19).

Contra o aumento da passagem ficaram o vereador da Capital Lucas Kitão (PSL) e o deputado estadual Alysson Lima (PRB). O prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (PMDB) e o presidente da Agência Goiana de Regulação (AGR) Eurípedes Barsanulfo nem chegaram a comparecer a reunião.

Os membros da CDTC que votaram de forma favorável ao aumento foram o presidente da Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), Benjamin Kenedy Machado; o secretário de Trânsito de Goiânia, Fernando Santana; o vereador de Trindade Agnelson Alves (PV), o secretário de Planejamento Urbano e Habitação da capital, Henrique Alves; a secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Andréa Vulcanis; e o prefeito de Goiânia, Iris Rezende (MDB). O presidente da Comissão, Jânio Darrot (PSDB), não votou, pois o desempate não foi necessário.

A Assembleia Legislativa e a Câmara Municipal rejeitaram o aumento da tarifa. Os representantes das duas Casas na CDTC, deputado Alysson Lima e vereador Lucas Kitão, já haviam manifestado contrariedade à proposta na ausência de apresentação de projetos de melhorias para o transporte público. Enquanto isso, os carros continuam sucateados e a quantidade de linhas continua insuficiente para atender a população de forma satisfatória.

Autoritarismo

O deputado Lucas Kitão ironizou a decisão do aumento da passagem dizendo que o reajuste seria o “presente de Páscoa” do povo goianiense e reclamou da forma truculenta que a reunião foi conduzida. Segundo Kitão, não foi possível discutir as deliberações e nenhuma melhoria foi debatida.

“Foi uma reunião truculenta, conduzida com pouco de autoritarismo e a gente ficou um pouco sentido de não poder discutir as deliberações. Simplesmente encaminharam a nós uma carta de intenções, simplesmente histórias a se contar. O aumento passou e não foi discutido nenhuma melhoria, infelizmente”, lamenta Kitão.

O vereador Alysson Lima deu a entender que tudo já estava combinado antes da votação. Ele afirmou que a reunião foi de “faz de conta” e teve um aspecto “tirano” pela falta do debate sobre as melhorias no transporte coletivo. Segundo ele, a única pauta era o aumento do valor da tarifa. Lima diz que recorrerá na Justiça para tentar reverter a situação. Ele acredita que a proximidade do feriado beneficiou a colocação da pauta do reajuste.

“Saio com sentimento de frustração. Esperaram a véspera de feriado religioso para colocar essa fatídica pauta. Estou saindo agora é já temos um processo pronto para protocolar contra o aumento da tarifa”, promete o vereador. 

Promessas de melhorias do transporte ficam “só na conversa”

O presidente da CDTC disse que estão sendo debatidas mudanças para melhoria da qualidade do serviço. “O reajuste é automático, todo mês de dezembro. Já deveria ter sido implantado, mas estamos discutindo uma série de melhorias. Acho injusto [o aumento], mas tínhamos de tomar uma decisão. Se quebrássemos o contrato e não aumentava a tarifa, nós poderíamos estrangular o sistema”, disse Jânio Darrot.

A reportagem falou com a assessoria do presidente da CDTC, que também é prefeito de Trindade, para questionar quais seriam as melhorias para o transporte coletivo a serem debatidas. Apesar das medidas necessárias para qualificar o transporte coletivo na Grande Goiânia não ser nenhuma novidade, não foi mencionado sequer uma questão que seria debatida para melhorias.

A CDTC admite a incompetência dos órgãos na cobrança pelo avanço na qualidade do transporte coletivo. Ela diz que nem a CMTC e nem a CDTC conseguem fiscalizar e cobrar a melhoria do transporte em Goiânia, mas anunciou que a possível solução seria a união dos dois órgãos para se fortalecerem. Admitiu também que se a responsabilidade do transporte coletivo continuar dividida entre os dois órgãos, a passagem vai continuar aumentando e a qualidade vai permanecer a mesma. No entanto, esta junção não tem data prevista para acontecer.

O prefeito de Trindade reforça que a medida mais sensata seria a união da CDTC com a Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) para cobrar melhorias junto às empresas. “Isso significa que teremos um órgão realmente forte, porque existe hoje uma dualidade e ninguém sabe quem manda efetivamente na gestão do transporte público da Região Metropolitana”, afirma Jânio.

Darrot ainda afirma que a CDTC é um órgão deliberativo que é usado apenas para realizar o aumento da tarifa. “A CMTC é o braço executivo que faz a fiscalização, tem os técnicos para análise de planilhas e executa todo o acompanhamento do sistema”, explica o prefeito. “A CDTC é um órgão deliberativo, que só se reúne quando convocado para deliberar. E, infelizmente, isso só acontece no dia de decidir sobre reajuste na tarifa, porque o órgão tem essa obrigação”, admite. Enquanto os dois órgãos não se resolverem, a população vai continuar pagando o preço amargo percorrer a cidade em péssimas condições. (*Especial para O Hoje)   

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