Bombeiros registram quase 10 trotes por mês

Quem for identificado passando trote pode pegar até seis meses de pena, ou pagar multa

Postado em: 18-04-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Quem for identificado passando trote pode pegar até seis meses de pena, ou pagar multa

Isabela Martins*

O Corpo de Bombeiros registrou no ano passado em Goiás 111 trotes. Só nos primeiros meses de 2019 foram notificadas 18 falsas ocorrências. De acordo com o Código Penal, provocar uma ação de autoridade, comunicando a ocorrência do crime ou de contravenção não verificado pode gerar pena de um a seis meses, ou multa. Um falso pedido de socorro no último fim de semana mobilizou 21 militares. O suspeito já foi identificado. 

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Para rastrear os números telefônicos que ligam na central os atendentes usam uma bina que são os rastreadores de chamada, solicitam fotos para validar a ocorrência, utilizam câmeras de monitoramento e mapas na tentativa de separar trotes de ocorrências verdadeiras. Quando é possível identificar quem faz a “brincadeira”, o caso é encaminhado para a Polícia Civil.

O que acaba dificultando é que muitas vezes as ligações são feitas de telefones públicos, como informou para um portal o sargento Alexandre Correia. “Mais de 90% destas ligações via orelhão configuram trote. O problema é que prende a linha e a gente não consegue dar aquele atendimento para quem precisa”.

Falso incêndio 

Na tarde do domingo (14) o Corpo de Bombeiros recebeu três ligações feitas ao número de atendimento de ocorrências o 193, relataram que duas pessoas estavam presas em um apartamento pegando fogo na Avenida Araguaia, no Centro de Goiânia. Podendo se tratar de uma ocorrência de grandes proporções e ainda com possíveis vítimas, a corporação enviou ao local duas ambulâncias, dois caminhões de combate a incêndio e quatro viaturas de salvamento, o que mobilizou 21 bombeiros.

Ao chegarem ao local, constataram não haver incêndio algum. Os pedidos de socorro foram gravados pelo serviço de atendimento do CBMGO. Os bombeiros vasculharam o prédio inteiro e não constaram fumaça e nem fogo. Na ligação o falso denunciante dizia que os irmãos estavam tentando ligar para informar sobre o incêndio.

Segundo ele, o irmão havia conseguido retirar duas crianças de dentro do apartamento, só que haviam dois obesos presos no local. “Com risco de vida entre acreditar ou não, a gente sempre opta em acreditar nas informações que o cidadão passa para a instituição”, informou o major Adriano dos Santos. Um boletim de ocorrência foi registrado contra a ação. Por meio de vídeos de câmeras de segurança, o suspeito de passar o trote de domingo foi identificado.

Em 2016 a Policia Civil de Morrinhos apreendeu um menor que realizava trote ao Corpo de Bombeiros do município. Nas ligações ele pedia atendimento para um acidente automobilístico com vítimas as margens da BR-153 fazendo com que uma viatura deslocasse até o local. Foram 25 ligações que causaram transtornos ao serviço prestado. Com base nas informações colhidas, a policia identificou um menor que residia na zona rural do município como responsável pelas ligações. 

Samu

Desde 2016, uma lei municipal estabelece multa aos proprietários de linhas telefônicas que forem identificados passando trote ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Goiânia. O valor previsto é de R$ 1 mil por trote realizado, sendo que a quantia pode ser duplicada em caso de reincidência. Na época, a lei foi sancionada pelo então prefeito Paulo Garcia. 

Se enquadra na definição de trote toda ligação destinada ao Samu que “resulte em frustrações pela inexistência de eventos anunciados”. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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