Transferências desafogam Materno Infantil

Pacientes transferidos liberam espaço para novos atendimentos

Postado em: 22-04-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Pacientes transferidos liberam espaço para novos atendimentos

Isabela Martins*

Como forma de desafogar o atendimento, parte dos pacientes do Hospital Materno Infantil (HMI) estão sendo transferidos gradativamente para o Hospital Estadual Governador Otávio Lage (Hugol). Até quarta-feira (17) 37 crianças já haviam sido transferidas, o que representa mais de 60% dos leitos destinados a unidade. O Hugol disponibilizou 53 leitos pediátricos para ajudar a unidade.

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Das transferências, 27 foram para a enfermaria e 10 para a unidade de terapia intensiva (UTI). Por meio de nota, o hospital informou que essa transferência é gradual e depende do perfil do paciente,  que o objetivo é desafogar a unidade que enfrenta problemas de superlotação. Com o apoio do hospital, localizado na região noroeste de Goiânia, o HMI tem conseguido rodar os leitos. Na segunda-feira (15) chegou a ficar com um leito de enfermeira cirúrgica e três na sala de reanimação disponíveis.

Ainda segundo a nota, esse cenário pode mudar, já que vai depender da demanda do hospital. A unidade ainda está passando por um período de análise com relação aos pacientes a serem transferidos, e requer toda atenção dos profissionais e da direção do hospital.  Referência no atendimento pediátrico, o HMI tinha como meta em 2018 realizar 43.560 atendimentos de urgência e emergência, mas ao todo foram realizadas 49.468 consultas, o que representa 14% acima da meta contratada.

Atendimentos 

A unidade não faz distinção de atendimento, já que conta com o serviço em regime de porta aberta, o que faz receber pacientes de baixa complexidade da Capital e até de outras cidades. A responsabilidade desses atendimentos é dos municípios, mas muitos pais, por não encontrar pediatra nas unidades, acabam recorrendo ao HMI. 

Ao chegar à unidade os pacientes recebem pulseiras para identificar o grau de dificuldade do atendimento. Os classificados de verde e azul são os pacientes de baixa complexidade. No ano passado, dos 32.605 atendimentos realizados na unidade, pouco mais de 16 mil estavam classificados como de baixa complexidade. Só no início desse ano, dos 4.527 atendimentos realizados, eles representam 886.

Em entrevista para o Jornal O Hoje no mês passado a diretora técnica do hospital, Sara Gardênia, afirmou que uma das soluções para resolver o problema de casos de baixa complexidade que chegam à unidade é a quantidade de hospitais. “Se a gente tivesse na rede básica mais opções, não teria tanta carência de pediatria”.

A unidade conta com 28 leitos de internação pediátrica, porém com o atendimento de pacientes de média e alta complexidade, o tempo de internação dessas crianças aumenta o que acaba reduzindo o giro de leitos, e faz com que o hospital fique superlotado, tendo que internar pacientes na sala vermelha, observação e até nos corredores.

Superlotação

Ao receber pacientes que poderiam ser atendidos em unidades básicas de saúde, se inicia um problema que já se tornou crônico na unidade, a superlotação. Em 2017 o HMI chegou a suspender o atendimento devido à superlotação em que se encontrava. Na época, a medida foi tomada para garantir a segurança dos pacientes que estavam internados no local. Os que se enquadravam no quadro de alto risco tinham atendimento priorizado. 

Desde o começo do ano, famílias que buscam a unidade vêm enfrentando dificuldades para conseguir leitos para os filhos. Pais chegam a ficar internados em cadeiras da sala de espera. No dia 29 de março uma criança de cinco anos morreu após esperar por atendimento em uma cadeira no corredor do hospital. 

O menino que era portador da Síndrome de Down chegou a ir ao Cais de Campinas em Goiânia, levado pela família ao HMI recebeu atendimento e foi medicado no colo da mãe no corredor. Horas depois ele teve uma complicação e não resistiu, mesmo com os trabalhos de reanimação. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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