Fugas expõem fragilidade do sistema prisional do Estado

Detentos fogem da CPP, buracos encontrados nas celas eram usados para esconder celulares

Postado em: 24-04-2019 às 19h35
Por: Sheyla Sousa
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Detentos fogem da CPP, buracos encontrados nas celas eram usados para esconder celulares

Isabela Martins*

Na noite da terça-feira (23) 24 detentos fugiram da Casa de Prisão Provisória (CPP) em Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da Capital, após prepararem uma emboscada para agentes prisionais. A Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) assumiu que a unidade passa por problemas na estrutura e de superlotação. São 3,2 mil presos ocupando o local que foi projetado para 800. As celas que comportam seis pessoas estão com 40.

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Até o início de ontem, oito fugitivos já haviam sido recapturados, e um morreu em troca de tiros com a polícia. A confusão deixou ainda seis feridos. Foram encontrados buracos nas celas que eram usados pelos detentos para esconder celulares. Os agentes encontraram ainda várias facas escondidas. Os funcionários da CPP foram rendidos enquanto levavam detentos que trabalham na lanchonete do local de volta para dentro das celas. 

Segundo a Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP), um dos detentos que conseguiu fugir é Thaygo Henrique Alves Santana, condenado a 63 anos de prisão pela chacina na Serra das Areias, em 2013. 

De acordo com eles, após ser registrada a fuga, a Polícia Militar iniciou as buscas na região, quando viu um grupo de cinco pessoas. Ao verem os policiais eles entraram em uma mata e começaram a atirar em direção à equipe da PM, que baleou um deles que acabou morrendo. Outro foi capturado. O Grupo de Investigações de Homicídios de Aparecida de Goiânia está investigando a morte do detento. O homem não teve o nome divulgado. 

Arma escondida 

Um dos detentos utilizou uma arma que estava escondida em baixo de uma bandeja para render os servidores durante a fuga. No total, seis servidores faziam a segurança de mais de 400 presos no bloco B. Segundo a DGAP, será aberta uma investigação para saber como a arma entrou na unidade. As visitas na ala foram suspensas por tempo indeterminado. “O preso armado rendeu dois servidores. Eles quebraram o cadeado de três celas. O vigilante que estava armado ordenou que eles parassem e o preso começou a atirar, quando começou o tiroteio dentro do complexo”, explicou o superintendente de Segurança Penitenciária, Jonathan Marques. 

Segundo o superintendente, não se sabe qual arma de fogo foi usada pelo preso e nem como ela teria entrado no local. “Pode ser dentro das marmitas, algum familiar, advogado. Não descartamos nem mesmo facilitação de servidores da unidade”. O governador Ronaldo Caiado determinou que as medidas de segurança sejam intensificadas no local, com maior nível de rigor depois do ocorrido, em especial aos envolvidos no caso.  A direção da CPP também instaurou processo administrativo disciplinar para a apuração do ocorrido e aplicação de sanções aos presos e também aos servidores envolvidos. As revistas serão intensificadas e os presos sofreram sansões. 

A Diretoria de Administração Penitenciária divulgou o nome e as fotos dos 15 foragidos para que possa haver colaboração da sociedade com informações por meio de denúncias anônimas pelo 197 da Polícia Civil ou pelo 190 da Polícia Militar. Os foragidos foram condenados por crimes como roubo, homicídio, receptação, formação de quadrilha ou bando e lei de tóxicos. 

PC27

As Polícias Civis dos 26 Estados mais o Distrito Federal fazem nesta terça-feira (24), a chamada Operação PC27. Segundo a Polícia Civil, o objetivo é retirar de circulação foragidos da Justiça que cometeram crimes graves como roubo, homicídio, estupro, participação em crime organizado, entre outros.

Nos últimos números oficiais divulgados, até a tarde de ontem, só em Goiás eram 61 entre presos e apreendidos. O relatório da Secretaria de Segurança Pública traz outros detalhes como a quantidade de policiais mobilizados, um total de 282. Durante a operação foram apreendidos com alguns dos acusados, quantias em drogas e uma arma de fogo. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

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