Construção de ponte da Avenida T-8 será retomada

Segundo o titular da Seinfra, Dolzonan Mattos, a construção da ponte será finalizada em fevereiro do próximo ano

Postado em: 07-05-2019 às 06h59
Por: Sheyla Sousa
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Segundo o titular da Seinfra, Dolzonan Mattos, a construção da ponte será finalizada em fevereiro do próximo ano

Igor Caldas*

As obras de prolongamento da Avenida dos Alpes com ponte sobre o Córrego Cascavel, na região Sudoeste de Goiânia, podem resolver os problemas de trânsito parado na região. A obra será responsabilidade da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Seinfra) e terá custo de R$ 7.278.769,84. A Prefeitura anunciou que a obra deverá ser retomada em julho deste ano, com conclusão dos trabalhos em até fevereiro de 2020.

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A justificativa da obra é o adensamento do trânsito em horários de pico concentrado na Avenida Milão e C-12, as duas maiores avenidas que cruzam o Córrego Cascavel e ligam o bairro da Vila dos Alpes ao Jardim América. A conclusão da obra vem com a promessa de desafogar o trânsito na região que circula as avenidas T-9 e T-63.  O problema da região é antigo, assim como a expectativa da construção da ponte.

O projeto de uma obra que forneça um fluxo rápido para diminuir o congestionamento na região Sudoeste da Capital nasceu em 1991 e foi batizado de Marginal Cascavel. A proposta inicial era a ligação entre a Avenida Rio Verde, em Aparecida de Goiânia e a Leste-Oeste, na Capital. O trabalho tinha o objetivo de ser levado adiante ao longo dos anos 1990, mas apenas as obras entre a Avenida Castelo Branco e a Avenida T-2 foram concluídas.

A totalidade da obra seria a construção de duas pistas com 2,2 km de extensão, além da canalização do leito do Córrego Cascavel. O objetivo era fazer uma ligação entre a Avenida Castelo Branco e a Avenida Leste Oeste, na Vila Santa Helena, a um custo estimado de R$ 40 milhões provenientes, posteriormente, do Programa Aceleração do Crescimento (PAC),do Governo Federal.

A obra não foi concluída por que revelou-se que a empresa Delta, que foi contratada para a realização do empreendimento, estava envolvida em escândalo de corrupção denunciado por meio da Operação Monte Carlo. A operação denunciou envolvimento de políticos goianos em esquemas corruptos que visavam contratos com o Governo do Estado em troca de benefícios. A Construtora Delta teve o contrato para a construção da obra suspenso devido ao envolvimento do empresário Carlinhos Cachoeira em pagamento de propina para que contratos fossem liberados.

Desde então, a expectativa de que a obra fosse finalizada desapareceu.  No entanto, neste ano, a esperança de que o fluxo de trânsito na região Sudoeste de Goiânia melhore ressurgiu com o anúncio de que a obra de prolongamento da Avenida dos Alpes com ponte sobre o córrego Cascavel deva ser iniciado em julho. Segundo a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos de Goiânia (Seinfra), a construção poderá ser finalizada até fevereiro do próximo ano.

Licitação 

Segundo Dolzonan Mattos, titular da Seinfra, a retomada das obras poderá acontecer antes do previsto. De acordo com Mattos, o processo de abertura dos envelopes do processo licitatório que vai eleger a empresa responsável pela construção, será feito no próximo dia 13 e depois de passado o período recursal, poderá ser iniciada ainda em junho deste ano.  De acordo com ele, o período até a finalização vai ser curto por que as obras da ponte estão adiantadas. “A construção da ponte será rápida por que todo projeto executivo já está praticamente pronto. A obra já está com as fundações prontas. A expectativa é de que termine em fevereiro do ano que vem”, afirma Dolzonan.

Para Dolzonan Mattos, a construção da ponte ajudará muito a desafogar o trânsito na região, mas comparado ao crescimento vertiginoso de uma grande capital como Goiânia, a obra ainda não será suficiente para resolver totalmente o problema crônico de congestionamentos.  “A ponte sobre o Córrego Cascavel vai melhorar, e muito, o trânsito naquela região. Mas, no contexto de crescimento vertiginoso de uma grande cidade, o problema maior do trânsito envolve a questão do transporte de massa de qualidade”, afirma Mattos. 

Dolzonan anuncia outras mudanças que poderão trazer melhorias no fluxo de trânsito da região com o uso de tecnologia. “Ainda neste governo, vamos retomar a questão do corredor da T-7. Vamos implementar, ainda este ano, semáforos inteligentes em todo corredor da T-7. Essa nova tecnologia pode proporcionar uma fluidez maior no trânsito. Esse corredor da T-7 iria ajudar também”, afirma Mattos. 

Prefeitura abre licitação de mais duas obras para melhoria do trânsito  

A Prefeitura de Goiânia abriu editais de licitação para mais duas obras que prometem desafogar o trânsito em locais que sofrem com problema de congestionamento viário. A abertura dos envelopes que vão revelar as empresas eleitas para a execução das obras também está programado para ser feito ainda este mês.  As obras são referentes à construção de um viaduto sobre a BR-153, do Setor Leste Universitário ao Jardim Novo Mundo, e o viaduto da Avenida Jamel Cecílio com a Marginal Botafogo, no Jardim Goiás. Junto com o prolongamento da Avenida dos Alpes com ponte sobre o Córrego Cascavel, o custo dos dois viadutos vai totalizar R$ 46,8 milhões.

Estas obras constam na relação de novas obras que serão empreendidas na Capital até o fim do mandato do prefeito Iris Rezende, estimada R$ 1 bilhão.  Para Maria Ester de Souza, conselheira do Conselho Regional de Arquitetura e Urbanismo de Goiás, as grandes obras viárias que estão sendo anunciadas para a Prefeitura de Goiânia podem não surtir efeito. Para a conselheira, elas não representam uma real melhoria, pois não estão embasadas em estudos técnicos que avaliam o verdadeiro impacto dessas construções na Capital. Ela acredita que no Brasil existe a cultura de achar que as obras públicas por si só resolverão problemas complexos, ‘quando na verdade o mais importante seria o planejamento desses empreendimentos’.

Além disso, o anúncio de obras públicas serve como um tipo de publicidade para a gestão de governo. “Sobre todas essas obras que estão sendo anunciadas, nosso pensamento é o mesmo: Que isso precisa fazer parte de um planejamento que considere o conjunto da Capital. Por exemplo, embasado numa formulação de estudos técnicos. Demandam estudos de impacto de trânsito, estudos  sobre os impactos na vizinhança se elas realmente trarão um retorno do ponto de vista econômico que trará benefícios para população”, afirma a conselheira.

Para Maria Ester, falta transparência na execução das obras dentro de um planejamento claro de gestão. “As obras não podem ser pensadas em si mesmas, elas tem que dialogar com a complexidade das várias estruturas presentes na Capital. Não há muita transparência sobre como essas obras vão ser implantadas em conjunto com as outras. Elas sempre aparecem como anúncio de obra fora de um planejamento de gestão”, pontua.

Muitas obras que são anunciadas acabam ficando paradas para serem retomadas depois de muito tempo. Um exemplo é a construção da ponte sobre o Córrego Cascavel no bairro Vila dos Alpes cujos trabalhos voltarão a acontecer neste ano. Outro caso é a construção do trecho I do BRT que teve sua construção iniciada em 2017 e ligará o Terminal Isidória ao Terminal do Cruzeiro. A obra continua parada há cerca de dois anos.  Este trecho está acumulando lixo e poeira que entra para dentro dos estabelecimentos e lojas causando problemas no bairro.

Mesmo assim, novas frentes de trabalho das linhas do BRT foram abertas, como é o caso da trincheira na Rua 90, do Setor Marista. Isso revela a falta de conexão entre obras dentro de um planejamento de gestão. Elas são anunciadas apenas para “mostrar serviço” do poder público. A falta de planejamento conjunto faz com que esses trabalhos não resolvam as questões da população de forma eficiente e podem, inclusive, gerar novos problemas ao invés de solucioná-los. (*Especial para O Hoje)  

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