Greve de motoristas do Eixo Anhanguera deve afetar 300 mil usuários

Paralisação da Metrobus está prevista para próxima segunda-feira (13). Trabalhadores reclamam de redução no ticket e corte no anuênio do salário

Postado em: 07-05-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Paralisação da Metrobus está prevista para próxima segunda-feira (13). Trabalhadores reclamam de redução no ticket e corte no anuênio do salário

Higor Santana*

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários em Goiás (Sindittransporte), cerca de 312 mil pessoas devem ser prejudicadas com o anúncio da greve dos profissionais da Metrobus, empresa rodoviária que opera a linha do Eixo Anhanguera. Trabalhadores da empresa reivindicam a redução do vale alimentação e o corte do adicional por tempo de serviço (anuênio), no salário. Previsão é de greve a partir da próxima segunda-feira (13).

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Na manhã do último no domingo (5), a assembleia dos motoristas e funcionários da Metrobus decidiu decretar a greve com a paralisação do Eixo, e também das linhas de extensão que ligam Goiânia a cidades da Região Metropolitana como Trindade, Goianira e Senador Canedo. Segundo o diretor do Sindttransporte, Geraldo Rosa, o salário atual é de R$ 2.377,84 e o ticket R$ 1.037,94, mas a Metrobus abaixou o valor do ticket para R$ 691,96 e cortou os anuênios ainda não incorporados ao salário. O índice pedido na negociação é  7% no salário  e 10% no ticket. 

Quase 500 servidores da empresa participaram do encontro que decidiu pela greve geral, e que teve a coordenação do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte Coletivo e da Associação dos Servidores da Metrobus. Desde o início do ano, os funcionários da empresa buscam a negociação da Convenção Coletiva, que venceu em fevereiro. Os servidores reclamam que os benefícios foram cortados sem negociação.

O diretor Geraldo Rosa disse que o benefício do vale transporte era dado há cerca de 15 anos. Segundo ele, a entidade tenta negociação com o presidente da Metrobus Paulo César Reis, mas o diálogo não tem avançado. “Ele está irredutível. Fizemos uma audiência na Superintendência do Trabalho e ele não compareceu. Caso a conversa não avance os profissionais vão paralisar, o que irá causar um colapso no transporte coletivo”, afirma.

Ainda de acordo com diretor, a categoria precisa obedecer a lei de greve e por isto, ainda não há estimativa concreta da dimensão da paralisação. “Estamos em negociação. Não posso precisar agora por quanto tempo ficarão parados, nem quantos trabalhadores irão aderir ao movimento. Pode ser que nem haja a greve, caso haja acordo. Ainda não é possível dimensionar tais questões, nem o impacto da ação para os usuários do transporte. O que podemos garantir é que em caso de desacordo, a ação será grande”, disse.

Descaso

Para a estudante Maria Cláudia, quem sofre é o usuário. “Eu moro em Trindade e preciso pegar o eixo todo dia para chegar até o Terminal Praça da Bíblia, onde trabalho. Toda vez que acontece greve, quem sofre é a gente. Dai, depois é ter que justificar falta no trabalho, ter que faltar na faculdade. E a gente nem tem um posicionamento sobre quando a greve irá acabar. Quando acontece greve e depois volta, da para perceber que os ônibus são reduzidos, a gente espera mais no ponto, sem contar ter que enfrentar ônibus lotado e a insegurança de utilizar o eixo”, desabafa a jovem.

A Metrobus informou que tem procurado manter diálogo com os colaboradores. Segundo a empresa, a realidade econômica de hoje é diferente das vividas em outras épocas e alega ser necessário a compreensão de todos. A direção da empresa informou ainda que, além de consulta à Procuradoria Geral do Estado, (PGE), solicitou apoio para mediação ao Sindicato das Empresas de Transporte (SET), e também ao Ministério Público do Trabalho.

Por fim, a empresa informou que a contraproposta apresentada, igualando alguns benefícios aos dos demais funcionários do “sistema”, é indispensável para o restabelecimento da saúde financeira da empresa. Que vem sendo buscada com várias outras práticas de gestão, tais como, redução de comissionados, racionalização dos gastos e revisão de contratos.

Impasse

No mês passado, o atual prefeito de Goiânia, Iris Rezende, entregou aos integrantes da Câmara Deliberativa de Transportes Coletivos (CDTC), uma cópia da carta de intenções firmada e assinada entre ele e o governador Ronaldo Caiado (DEM). O documento formaliza devolução da concessão do Eixo Anhanguera à Prefeitura. A carta expõe ainda a possibilidade de privatização.

De acordo com a carta, nos últimos anos, a situação econômica da empresa tem sido marcada por crises. Um déficit mensal de R$ 2,5 milhões foi utilizado como argumento para as medidas. “A Metrobus não tem conseguido prestar o serviço para o qual foi contratada de forma eficiente, segura, de qualidade e continuidade que atendam à demanda que a atualidade exige”, diz trecho do texto. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian) 

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