Rotatórias travam a saída

No trecho da BR-060 que leva até a saída de Rio Verde, duas rotatórias congestionam o trânsito e estressam motoristas

Postado em: 08-05-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Rotatórias travam a saída
No trecho da BR-060 que leva até a saída de Rio Verde, duas rotatórias congestionam o trânsito e estressam motoristas

Igor Caldas*

Quando o sol começa a se por os motoristas que trafegam pela Avenida Pedro Ludovico, entre a Vila Canaã e o Setor Parque Oeste Industrial, têm que ter muita paciência para atravessar o trecho da BR-060 que leva à saída para Rio Verde, Sudoeste do Estado.  Entre às 7h e 8h30 e 17h30 e 18h30 o tráfego trava por causa de duas rotatórias que causam congestionamento no trecho. O problema de lentidão no trânsito é uma realidade há pelo menos cinco anos na região.

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Motoristas que necessitam acessar a BR-060, no sentido para Rio Verde, precisam passar pela rotatória, o que gera lentidão no fluxo de carros. O vendedor Júnior Camargo sobrevive vendendo água e água de coco entre os carros que avançam lentamente na via. Ele trabalha há seis meses no trecho e acredita que o problema só seria resolvido com a instalação de semáforos para controlar o fluxo do trânsito na região.

Camargo afirma que presencia acidentes quase todos os dias na Avenida Pedro Ludovico. “Todo dia aqui é assim. No final da tarde e início da manhã, o trânsito fica travado. Aqui não tem outro jeito, é só tirando essa rotatória e colocando um semáforo para controlar o fluxo e dar uma aliviada”, relata. Ele também diz que o trecho é dificultoso para pedestres fazerem a travessia da avenida pela falta de faixas de pedestres.  “Eu mesmo que vendo água aqui corro risco de ser atropelado. Para você atravessar, tem que ir devagarzinho, tocando os carros. Por que ninguém quer parar nesse sufoco”.

O vendedor relata que durante os seis meses que trabalha no local viu o problema piorar cada vez mais. “Nunca melhorou. A quantidade de carros só vai crescendo com o tempo e o trânsito fica pior a cada dia”, afirma o vendedor. Ele diz que um semáforo no local iria contribuir para diminuição do risco de atropelamento na via. “Com o sinaleiro, ia ser muito melhor para trabalhar aqui. Todo dia tenho que ficar entrando no meio dos carros correndo risco de ser atropelado”.

Gilberto Rodrigues é motorista de guincho e estaciona seu caminhão próximo à rotatória da Avenida Pedro Ludovico todos os dias no fim da tarde para aguardar o fluxo do trânsito melhorar e poder voltar para casa. O fluxo de carros só começa a melhorar depois que a noite cai. Rodrigues também afirma que presencia acidentes na via com muita regularidade. Ele até já conseguiu realizar o serviços de guincho em carros acidentados no local. “A maior parte dos acidentes acontece quando um carro travado no engarrafamento não consegue frear a tempo e se choca com a traseira de outro”, afirma o motorista.

Rodrigues reitera que a regularidade de acidentes é alta e também acha que um semáforo poderia resolver a questão do trânsito no local. “Aqui tem acidente direto. Só vai resolver o problema quando tirar essas rotatórias. E esse problema não é de hoje não. Tem muito tempo que o trânsito fica péssimo aqui neste horário”, afirma Rodrigues. 

Estruturas de trânsito precisam ser renovadas constantemente 

Para o professor do Instituto Federal de Goiás e especialista em trânsito, Marcos Rothen, a solução para a lentidão do trânsito e congestionamentos passa pela garantia de um transporte público de qualidade, que poderia diminuir o fluxo de carros nas vias. Além disso, ele reitera que a infraestrutura das vias precisa ser mudada constantemente para conseguir acompanhar o crescimento da cidade.

“O transporte coletivo de qualidade já ajudaria muito, mas não podemos deixar a renovação da infraestrutura das vias de lado. Esses gargalos de trânsito precisam ser resolvidos para dar mais mobilidade no perímetro urbano. Tem que fazer os dois lados. Aqui em Goiânia, os problemas de trânsito são antigos e o poder público não resolve”, afirma o especialista.

Para ele, algumas estruturas que poderiam ter um bom funcionamento para o trânsito no passado não conseguem acompanhar o crescimento do fluxo de carros e acabam se tornando obsoletas.  Essas estruturas devem ser substituídas por outras, que cumpram a função adequada para o melhoramento do trânsito. No futuro, com as mudanças ocorridas pelo crescimento urbano, elas poderão não servir mais e deverão ser substituídas novamente.

No caso do trecho da BR-060 que leva a saída para Rio Verde, Marcos acredita que a solução mais rápida seria a instalação de um semáforo para controlar o fluxo de trânsito. “A rotatória que existe lá só atrapalha. Ela não é bem feita e não tem sinalização que ordene o movimento dos carros. Um semáforo funcionaria melhor para controlar o fluxo de trânsito e dar mais proteção ao pedestre”.

Segundo Rothen, o investimento em mudanças nas estruturas viárias deve ser constante para que a fluidez possa acompanhar o crescimento urbano.  “As transformações podem parecer paliativas, mas não devem ser ignoradas. Não é por que o trânsito vai ficar ruim de novo no futuro que o investimento em mudanças não deve ser feito. Quem acaba sofrendo com isso é o cidadão”.

Marcos afirma que as rotatórias já se tornaram obsoletas em várias locais da Capital. “Goiânia não percebeu que atualmente a rotatória não resolve mais problemas de trânsito. São coisas que funcionaram no passado e agora não servem mais. O problema é que nenhuma mudança é feita pelo poder público e essas estruturas acabam atrapalhando o fluxo do trânsito, quando na verdade deveriam ajudar”.

O especialista em trânsito afirma que o problema do trecho da BR-060 que fica entre o Parque Oeste Industrial e a Vila Canaã é antigo. “Eu já passei por esse trecho há quase cinco anos atrás e o problema persiste até hoje. Falta vontade do poder público de fazer investimentos nesses locais. Muitas vezes, o cidadão que está preso no trânsito não tem noção do tempo que aquele problema existe no local e não faz pressão para que as mudanças necessárias sejam feitas. O problema acaba sendo ignorado”.

A reportagem tentou falar com a Secretaria Municipal de Trânsito Transporte e Mobilidade (SMT) e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito (DNIT) para questionar sobre as mudanças que poderiam ser feitas para melhorar o trânsito no local. A SMT informa que o projeto para requalificação da região está pronto e será executado nos próximos meses. Nele, consta implantação de rede semafórica e faixas de pedestre. O DNIT não respondeu até o fechamento da matéria. (*Especial para O Hoje) 

 

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