Em locais distantes, vacina chega até a cavalo

Campanha de Vacinação alcança comunidades quilombolas de Goiás

Postado em: 09-05-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Campanha de Vacinação alcança comunidades quilombolas de Goiás

Igor Caldas*

A Campanha Nacional de Vacinação chega a lugares de difícil acesso para vacinar moradores de comunidades quilombolas atendidos pelas ações da Secretaria de Saúde de Goiás (SES-GO) realizadas em Cavalcante, Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás, apoiando os municípios com equipe técnica e veículo tracionado. Alguns trajetos têm acesso tão restrito que foi necessário usar cavalos para fazer com que os técnicos da imunização realizassem o trabalho de vacinação.   

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A estimativa da Gerência de Imunizações e Rede de Frio da SES-GO é de que 2.802 pessoas dos grupos prioritários residam nas comunidades quilombolas e em vilarejos próximos. Do total desses residentes, 47% já foram vacinados até o momento. Para chegar às residências mais remotas, foram destacados os técnicos da imunização Ulisses Figueiredo e Neuza Gonçalves.

Os municípios oferecem apoio enviando um técnico de enfermagem e um agente de saúde aos locais de difícil acesso. Os dois técnicos destacados chegam a se deslocar até 100 quilômetros entre uma casa e outra para vacinar as pessoas. Neuza Gonçalves afirma que alguns dos trajetos só puderam ser feitos a cavalo. “O município faz muito bem o trabalho deles, vacinando a população nos locais mais próximos. O Estado contribui com logística, carro tracionado, que muitas vezes o município não tem, e técnico para chegar às regiões mais longínquas, de difícil acesso”, explica Ulisses Figueiredo.

A primeira etapa de vacinação dessas comunidades foi realizada no período de 21 de abril até 3 de maio, no município de Cavalcante, quando foram vacinadas 658 pessoas. A segunda etapa da viagem iniciou-se nesta terça-feira, dia 7, e vai até o dia 17 de maio, em Monte Alegre de Goiás e Teresina de Goiás.

Conservação

O medicamento das vacinas são produtos sensíveis as variações de temperatura, por isso, se não forem conservadas à temperaturas entre 2°C e 8°C podem perder sua eficácia. “O calor acelera a inativação das substâncias que entram na composição da vacina, por isso temos que ter cuidado com o transporte e conservação delas”, explica Neuza.

Para manter as propriedades das vacinas, as doses são mantidas em caixas térmicas contendo bobinas de gelo reutilizáveis durante todo o trajeto. “As caixas possuem um termômetro que checamos periodicamente a fim de verificar se a temperatura é a ideal”, explica Neuza.

Divulgação

Em Cavalcante, durante os 13 dias de trabalho, Ulisses e Neuza percorreram dois mil quilômetros. A maior parte do trajeto foi feito com uma caminhonete tracionada, porém em alguns locais o acesso somente foi possível a cavalo, ou mesmo a pé, atravessando rios e matas. “Na maioria das vezes, dormimos na própria comunidade, acampados em barracas, escolas ou igrejas”, explica Neuza.

Os técnicos que foram até as comunidades quilombolas também são responsáveis por levar e preparar seu próprio alimento. Em alguns locais foi necessário usar luz de lamparina, pois não há energia elétrica. Além de aplicar a vacina contra Influenza, os técnicos atualizam as cadernetas de vacinação da população local.

“Acredito que a grande relevância do nosso trabalho é a divulgação da importância da vacinação. Quando chegamos, toda aquela população de kalungas já sabe que estamos na área. É muito bom que saibam que a assistência chega até eles. Muitos agradecem por nosso trabalho, pois não teriam condições de chegar até os postos, por causa da dificuldade financeira que tem de sair de suas comunidades e até mesmo porque algumas dessas pessoas estão acamadas”, explica. (Especial Para O Hoje) 

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