Vagas de estacionamento nas chamadas ‘Área Azul’ serão ampliadas

Secretaria afirma que vai ampliar em 30 mil as 1.946 vagas nos setores Campinas e Centro

Postado em: 10-05-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Secretaria afirma que vai ampliar em 30 mil as 1.946 vagas nos setores Campinas e Centro

Igor Caldas*

O projeto de instalação de parquímetros eletrônicos para controle de vagas de estacionamento em Goiânia está concluído. A proposta é velha, resta saber se ela sairá do papel no segundo semestre deste ano, como promete a Secretaria Municipal de Trânsito Transporte e Mobilidade (SMT). Segundo a SMT, o projeto de ampliar em 30 mil o número de vagas de estacionamento da Área Azul com controle eletrônico (parquímetro) está previsto para ser instalado na região do bairro de Campinas, Centro e outros setores que ficam entre eles, como Setor Aeroporto e Coimbra. A região tem grande demanda de vagas de estacionamento por serem pólos comerciais e de clínicas e hospitais.

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O cidadão poderá controlar as transações por meio do celular para garantir o uso da vaga de estacionamento. A implantação de parquímetros eletrônicos já é regulamentada em lei municipal desde 2016, mas as tentativas para a instalação dos equipamentos eletrônicos de cobrança de estacionamento nunca deram certo. Atualmente, as vagas de estacionamento da Área Azul são controladas por meio de bilhetes de papel que são comprados em estabelecimentos comerciais. Quem não estiver com o bilhete à mostra no painel do carro nas vagas da Área Azul entre as 8h e às 18h pode ser multado pelos fiscais do SMT.

A Associação Comercial de Indústrias e Serviços do Estado de Goiás (Acieg) entende que a questão do estacionamento é um dos principais problemas para os comerciantes que têm lojas instaladas em ruas, principalmente no setor Central e Campinas.

A comerciante Jéssica Lellis é proprietária de uma loja na Rua 44 do Centro. O local é um grande pólo de comércio do segmento de roupas na Capital. A rua também é procurada por pessoas que trabalham com revenda de roupas em outros municípios do Estado. Segundo ela, os compradores podem sofrer com a dificuldade de encontrar vagas para estacionamento. Jéssica aponta que essa dificuldade é um dos principais problemas para os lojistas da Rua 44.

“A falta de vagas para estacionar carros no Centro é um dos maiores problemas para os comerciantes daqui. Os próprios compradores de Goiânia preferem pagar mais caro em roupas de outros lugares do que virem para 44 por causa da falta de estacionamento”, afirma a lojista. Ela diz que muitas pessoas pagam para utilizar as vagas de estacionamento do shopping da região, mas o custo da vaga fica muito oneroso para quem passa o dia fazendo compras na Rua 44, como é o caso de pessoas que compram peças para fins de revenda.

“Muitas pessoas usam o estacionamento do Araguaia Shopping para comprar roupas aqui, mas fica muito caro para quem passa o dia fazendo compras. Dia de semana é mais fácil porque tem o espaço da Feira Hippie que é utilizado como estacionamento”. Para Lellis, a questão da falta de vagas de estacionamento na região só melhoraria com a ampliação das vagas da Área Azul, mas isso dependeria do trabalho efetivo de fiscalização da SMT.

“Só vai melhorar [a questão do estacionamento] se colocarem mais vagas na Área Azul. Porém, deve ter uma fiscalização diária para conseguir monitorar esses veículos. Porque se faltar fiscalização não vai adiantar nada. Os vendedores ambulantes da região ficam 24 horas com os carros estacionados, ocupando as vagas para venderem suas mercadorias”, denuncia Jéssica. Ela ainda afirma que não vê ação de fiscais da SMT na região.

Flanelinhas

Além da falta de vagas, os motoristas que queiram fazer compras na região também têm que lidar com o trabalho dos guardadores de carros, chamados de “flanelinhas”. Eles cobram dinheiro do cidadão que queira utilizar o espaço público para estacionar o veículo. Jéssica não concorda com o trabalho dos flanelinhas e acredita que a instalação da Área Azul com parquímetros não irá coibir a ação dos guardadores de carro.

“Não concordo com o trabalho dos flanelinhas porque se alguém chegar para roubar o seu carro, ele não vai poder fazer nada. Outra questão é que quando alguns deles exigem um valor para você estacionar o carro na rua pública, fazem de forma invasiva. Eu mesma já tive uma experiência ruim com um deles na rua 44. Quando deixei meu carro na rua, o flanelinha que guardava o veículo, quebrou o meu veículo e roubou todos os meus pertences”, denuncia a lojista.

Para ela, a Prefeitura de Goiânia deveria se responsabilizar nos casos em que carros estacionados na Área Azul forem alvos de roubos e furtos. A legislação afirma que o provedor da vaga de estacionamento que é cobrada do motorista deve garantir a segurança do veículo. “A prefeitura deveria se responsabilizar pelos carros nas vagas da Área Azul. Assim como acontece com os carros que usam estacionamento de shoppings e outros lugares que cobram pelo estacionamento. Mas, infelizmente, isso não acontece”, pontua.

Ampliação de vagas pode melhorar comércio no Centro 

O comerciante Mihran Merzian, membro da Acieg, possui estabelecimento comercial na Rua 8, no setor central, e concorda com a instalação dos parquímetros. “Eu concordo com o uso do parquímetro eletrônico. Acho que é um meio democrático de controlar as vagas de estacionamento. Todos podem pagar e usar as vagas”.  Além disso, ele afirma que o movimento do comércio deve melhorar, pois com o sistema de controle, a cidade vai poder garantir o uso de vagas de estacionamento para os carros dos clientes. Ele acredita que o sistema também beneficiará os funcionários das empresas comerciais.

“Os comerciantes devem ter boas opções para guardar carros e motos de colaboradores das nossas empresas e as melhores condições para recepcionar nossos reis e rainhas que são nossos clientes”, afirma Merzian. Ele comemora o uso da tecnologia para facilitar a vida do cidadão, que poderá usar o aplicativo de celular em substituição da compra do bilhete físico que garante o uso de vaga de estacionamento da Área Azul.

“Todas as tecnologias que facilitem a rotina dos clientes, empresários e dos órgãos reguladores são muito bem vindas para o comércio aqui no Centro”, comemora Mihran. O lojista ainda sugere que nas calçadas mais largas das ruas do Centro e Campinas, devem ser instaladas vagas de estacionamento em formato de escamas, pois isso representaria um aproveitamento real do espaço público para aumentar o número de vagas de estacionamento.

O empresário Rafael Celso, que tem um escritório localizado próximo à Rua 1, no Centro de Goiânia, estaciona quase diariamente nas vagas da Área Azul da Avenida Goiás. Ele não acredita que as vagas controladas por parquímetros vão resolver o problema de estacionamento no bairro e afirma que será mais uma desculpa para autuação de veículos. Segundo ele, a SMT necessita de ter menos rigor para multar os carros que estacionam na região. “Tudo é motivo para a SMT multar a gente. Se a gente para um pouco para lá da calçada, já é multado”.

Celso usa como exemplo uma autuação que já é recorrente sobre seu veículo. “Eu já fui multado pelo menos três vezes por parar aqui em frente à placa de carga e descarga, mas não há nenhum estabelecimento comercial aberto em frente a essa vaga para fazer carga ou descarga de nada. Eu já recorri da multa, mas a SMT alega que o que vale é a sinalização. Por que eles não tiram essa placa?”,  para o empresário, existe uma “indústria de multas” na Capital cuja arrecadação não volta em benefício do cidadão.

“O que existe em Goiânia é uma indústria de multas. O que eles fazem com esse dinheiro? Não existe uma rua sem buraco nessa cidade. Mas sinaleiros e pardais eletrônicos novos eles colocam o tempo todo”, lamenta Rafael. (*Especial para O Hoje) 

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