Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Período de seca aumenta as doenças respiratórias

O início da estiagem já agrava o número de casos de doenças e infecções respiratórias

Postado em: 28-05-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O início da estiagem já agrava o número de casos de doenças e infecções respiratórias

Igor Caldas*

O período de estiagem começou e a baixa umidade do ar aumenta o risco de infecções e doenças respiratórias, principalmente para pessoas alérgicas.  A previsão de chuva para os próximos meses está cada vez mais escassa e o cidadão vai começar a sofrer os danos causados pelo clima. De acordo com a previsão do Clima Tempo, até o dia 10 de junho vai chover em apenas dois dias. A umidade do ar vai chegar a 30% neste período e já começa a complicar quadros de saúde.

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As complicações envolvem piora de quadro alérgico e ressecamento de mucosas, sangramento pelo nariz, ressecamento da pele e irritação nos olhos além de desidratação. A médica alergista Maria Letícia Chavarria alerta que o número de casos de rinite e asma alérgica aumentou bastante. Ela ainda afirma que a grande amplitude térmica do período de estiagem com noites e madrugadas mais frias e tardes quentes coma baixa umidade do ar são os principais fatores para o aumento de infecções respiratórias.

A médica afirma que o aumento destes quadros vêm ocorrendo há mais de 15 dias.“Aumentou bastante os casos de doenças e infecções respiratórias. Chega neste período de seca e todo mundo está tossindo ou gripado. Isso é reflexo da alta variação de temperatura que temos na estiagem. O organismo sofre com a tentativa de se adaptar a essa variação. A baixa umidade causa desidratação das mucosas que fica com mais dificuldade de funcionar corretamente”.

A doutora afirma que o quadro de saúde no período de estiagem se torna mais complicado, principalmente para pessoas. Ela explica que o organismo dessas pessoas reage de forma exagerada às mudanças climáticas repentinas. “A reação alérgica é o oposto da baixa imunidade. O sistema de defesa biológico da pessoa alérgica reage mais do que precisa às substâncias de origem natural, que podem induzir uma reação de hipersensibilidade.

Outro fator que aumenta o número de casos de doenças e infecções respiratórias neste período é a poeira. Como há a diminuição da umidade do ar por causa da queda na precipitação, a poeira se forma com mais facilidade no ambiente externo e quando entra dentro de casa, carrega elementos que causam reações alérgicas. Segundo a médica Maria Letícia, para evitar problemas de saúde respiratórios na época de estiagem, deve-se manter a casa sempre arejada e higienizada.

Moradora do bairro Parque das Nações em Aparecida de Goiânia, Jussane Ferreira da Costa sofre com a piora de saúde todo ano na época da estiagem. “Como eu tenho imunidade baixa, chega nesta época do ano minha garganta começa a doer muito. Estou sempre rouca e com falta de ar”. As vias do bairro que Jussane mora não são asfaltadas o que faz com que a quantidade de poeira que entra dentro das casas aumente ainda mais.

“ É uma poeira insuportável. A gente limpa, mas ela continua entrando e vai grudando em tudo dentro de casa. As poucas chuvas que caem nessa época não adiantam muito. Só quando sol está bem forte que ela cai, mas do tanto que o tempo está seco, não faz muita diferença. Tenho que colocar uma pano molhado ou uma bacia de água no quarto para aliviar um pouco”, explica Jussane.

Ela é cadeirante e não pode dar um passeio fora de sua casa quando o sol já se escondeu por que tem medo de cair dentro dos buracos da via. Os passeios vespertinos podem agravar o quadro de saúde respiratório, pois aumentam os riscos de desidratação. “Ia melhorar muito se asfaltasse aqui. Como o bairro não é tão plano, qualquer buraco no chão posso cair. Já caí umas sete vezes passeando. Não posso andar à noite por que corro o risco de bater e voar lá longe”, afirma Jussane.

Poeira

A médica Maria Letícia explica que o problema da poeira se torna pior em ambientes internos, pois as pessoas alérgicas têm hipersensibilidade que agrava o quadro de problemas respiratórios. “A poeira faz mal, principalmente em ambientes internos. O organismo tem uma reação de forma exagerada aos elementos que causam alergia, o corpo perde o controle e gera uma inflamação que pode vir em forma de um quadro gripal, de rinossinusites alérgicas ou até mesmo asma”.

A médica explica que a poeira facilita inclusive a infecção de doenças causadas por vírus. “A poeira externa é um irritante das vias aéreas e é claro que isso vai piorar quadros alérgicos. O olho coça, lacrimeja e irrita o nariz. Essa condição facilita a infecção por vírus, pois a mão que a pessoa leva ao rosto para coçar o nariz ou o olho pode estar contaminada, então ela também vai contrair a doença causada pelo agente infeccioso”, explica.

Viroses

O médico otorrinolaringologista Gustavo Taleb explica que o tempo frio é propício para a propagação de viroses porque as pessoas tendem a ficar em lugares fechados. “As infecções por vírus aumentam mais na época do frio, porque o pessoal tenta ficar em lugares mais fechados para se aquecer. Isso ajuda na proliferação de viroses”, explica.

O otorrino ainda afirma que a baixa umidade do ar faz com que o corpo produza mais muco por que as mucosas perdem a capacidade de retirá-lo do organismo, como acontece em outras épocas do ano. “O tempo seco diminui o batimento muco ciliar, que retira o muco do nariz. O corpo não consegue se limpar sozinho e ocorre o aumento de secreção. Isso ajuda a desencadear quadros infecciosos por que o muco acumula bactérias que acabam se multiplicando, causando doenças”.

Prevenção

A médica alergista Maria Letícia Chavarria dá algumas dicas para que o período da seca não castigue tanto a saúde respiratória do cidadão. Ela explica que é importante deixar o ambiente mais úmido usando toalhas molhadas, bacias com água ou umidificador. Mas o uso do aparelho deve ser feito de forma criteriosa.

“Em casa, a limpeza das superfícies tem que ser feita com pano úmido. Se usar vassoura, a poeira muda de lugar, mas não vai embora. É muito importante fazer higiene nasal com soro fisiológico para retirar toda sujeira que respiramos na rua e fica retido no nariz. É preciso tomar bastante liquido para o próprio corpo se ajudar. O uso dos umidificadores pode ser feito, mas o aparelho tem que ser higienizado todos e não pode ser usado em direção ao rosto ou virado para a parede ou móveis porque pode gerar mofo e piorar os problemas respiratórios”, explica. (*Especial para O Hoje) 

Campanha contra gripe entra na última semana 

Essa é a última semana de vacinação contra a gripe nos postos de saúde de todo o Brasil. A campanha encerra na sexta-feira (31). A imunização é para grupos prioritários e integrante de forças de segurança e de salvamento.

A campanha começou no dia 10 de abril e o último balanço do Ministério da Saúde mostra que até o dia 21 de maio 63% do público-alvo havia se vacinado.

Devem receber a dose crianças com idade entre 6 meses e menores de 6 anos; grávidas em qualquer período gestacional; puérperas (até 45 dias após o parto); trabalhadores da saúde; povos indígenas; idosos; professores de escolas públicas e privadas; pessoas com comorbidades e outras condições clínicas especiais; adolescentes e jovens de 12 a 21 anos sob medidas socioeducativas; funcionários do sistema prisional e pessoas privadas de liberdade.

Profissionais das forças de segurança e salvamento também passaram a fazer parte do público-alvo da campanha neste ano. Por meio de nota, o ministério informou que o grupo inclui policiais civis, militares, bombeiros e membros ativos das Forças Armadas, totalizando cerca de 900 mil pessoas.

A vacina

O Ministério da Saúde informou, em nota, que, em relação ao ano passado, houve alteração de duas cepas na vacina. Em função da mudança na composição, a pasta considera “imprescindível” que os grupos selecionados recebam a nova dose este ano ainda que já tenham sido imunizados anteriormente. (Agência Brasil)  

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