Violência afasta fiéis das igrejas

Medo faz frequentadores mudarem a rotina até os templos de oração

Postado em: 29-05-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Violência afasta fiéis das igrejas
Medo faz frequentadores mudarem a rotina até os templos de oração

Isabela Martins*

O medo de ser vítima de violência faz com que os fiéis tenham medo de ir e voltar das igrejas em Goiânia e Região Metropolitana, principalmente à noite. Relatos de assaltos a pessoas nas portas dos templos ou enquanto saem dos locais de oração são inúmeros. Isso faz com que muitos redobrem os cuidados e até mudem sua rotina, principalmente as mulheres que, em muitos casos, são as maiores vítimas. 

Continua após a publicidade

No fim de semana, Orival Pereira da Silva, de 55 anos, foi preso suspeito de estuprar uma mulher de 44 anos em Goiânia. O detento do semiaberto abordou a vítima que havia acabado de sair da igreja. De acordo com a Polícia Civil, enquanto cometia o crime, Orival recitava versículos bíblicos e ameaçava a mulher de morte. Ela voltava de um culto religioso, com uma Bíblia na mão quando foi abordada pelo homem que estava com uma faca. Orival é suspeito de cometer outros crimes semelhantes.

Trajeto perigoso 

A estudante Thais Jardim vai para a igreja na companhia da filha de seis anos. O templo fica no Setor Uirapuru, em Senador Canedo. Para chegar ao local, que fica a três quarteirões de sua residência, a jovem sai de casa por volta da 19hs e costuma ir embora após as 21hs. “Fico um pouco receosa em relação aos bares que têm no caminho, muitos vezes tem homens bebendo e já presenciei brigas no local”. 

Outro fator que deixa a estudante com medo é a pouca iluminação no caminho, o que a faz mudar sua rotina. “A iluminação nas ruas que nos deixa com mais medo de um assalto. Sempre que vou não levo celular nem uso nada de muito valor, tento variar o caminho entre a ida e volta”.

Outra frequentadora, Joyce Santos, conta que não sai do culto sozinha, principalmente à noite. “A maioria das vezes, quando meus pais não vão ao culto, fico esperando carona de alguém, não tenho coragem de voltar sozinha. A gente nunca sabe o dia de amanhã, em igreja entra pessoas de todos os jeitos, então nunca se sabe o que pode acontecer”. 

Furtos são rotina

Na última terça-feira (21) uma igreja que fica no Residencial Araguaia, em Senador Canedo, sofreu com ação de bandidos. Segundo uma das frequentadoras, Maria Edilene Souza Silva, não havia ninguém na hora que a ação ocorreu. “A gente não gosta que o culto demore para acabar. Lá, começa às 19h e termina às 21h. Até sugeri de começar às 18h e terminar mais cedo, por medo. Quando tem evento que precisa demorar um pouco mais a gente fica com esse receio em ir embora mais tarde”. 

Apesar de o templo ficar em um bairro movimentado, os fiéis reclamam da falta de segurança. “A igreja não tem segurança. Já sugerimos alguém para olhar os carros, mas no momento não tem ainda”, afirma Maria.

A igreja que funciona no mesmo local há 10 anos já sofreu outras ocasiões com assaltos. Na primeira vez os bandidos levaram um das mesas de som, microfone e violão, após o ocorrido foram instalados alarmes no local. 

Mesmo assim, Maria Edilene conta que entraram na igreja novamente, dessa vez eles levaram a segunda mesa de som que havia acabado de ser comprada. “O alarme disparou, o pessoal da segurança chegou em cinco minutos ao local, mas não deu tempo”. Segundo ela, o receio dos frequentadores é de alguém entrar no local no horário do culto. “Tem um bar bem próximo e é lotado. Temos medo de ter briga e a pessoa correr para dentro da igreja para fazer a gente de refém ou haver troca de tiro”. 

No início do ano fiéis da Comunidade São João Batista, em Aparecida de Goiânia, relataram uma série de furtos no local. Foram seis casos, em um deles os bandidos furtaram cestas básicas que seriam doadas para famílias carentes. Quem administra a unidade, que existe há mais de 20 anos, já tentou fazer de tudo para reforçar a segurança, inclusive colocar cadeados na caixa d’água. Uma vez uma delas já foi furtada. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian) 

Veja Também