Tios torturaram sobrinhos por pedirem comida

Menina de seis anos foi encontrada já sem vida pelo resgate. Além dela, outros três irmãos também foram torturados por pedirem comida aos vizinhos

Postado em: 31-05-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Menina de seis anos foi encontrada já sem vida pelo resgate. Além dela, outros três irmãos também foram torturados por pedirem comida aos vizinhos

Higor Santana*

De acordo com as investigações da Polícia Civil, Bruno Deocleciano da Silva, de 19 anos, e uma adolescente de 17, detidos na última quarta-feira (29), suspeitos de espancar quatro crianças em Planaltina (GO), cometeram as agressões porque as vítimas estavam com fome e pediram comida a um vizinho. Uma delas, uma menina de 6 anos, morreu devido a um traumatismo crânio-encefálico e um trauma no pescoço, após ser agredida por um vergalhão de ferro e um pedaço de madeira. Os agressores eram tios das vítimas. Ambos foram autuados por homicídio qualificado, tortura e tortura qualificada.

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Segundo o delegado do Grupo de Investigações de Homicídios (GIH), de Planaltina de Goiás, Antônio Humberto Costa, após apanhar, a menina teria sido deixada ao relento. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado para atender uma ocorrência de uma criança que estava com crise convulsiva no bairro Vila Mutirão. Ao chegar à residência, os médicos encontraram a menina sem vida na parte externa da casa, deitada em um lençol. Um menino de 8 anos, uma menina de 4, e outra de 1, irmãos da menina morta, também apresentavam sinais de violência que, segundo o delegado do caso, indicam prática de tortura.

Socorro

Os médicos perceberam sinais de agressão na garota e acionaram a Polícia Militar. Durante o deslocamento, a viatura já havia recebido denúncias de que os menores estavam apanhando dos tios. Na casa, os militares questionaram a denúncia para o casal que confessou ter batido nas crianças na noite anterior. “A explicação é tão absurda quanto o ato em si. Eles saíram pela manhã e deixaram as crianças sozinhas trancadas em casa e, quando souberam que elas pediram comida aos vizinhos, ficaram com raiva, castigaram e agrediram os meninos”, explica o delegado Antônio

Ainda de acordo com o delegado, os menores passaram a viver com o casal depois que os pais foram presos. “Temos a informação que após a prisão dos pais, essa tia pegou as crianças em Sobradinho, no Distrito Federal, e as levaram para morar com ela. Contudo, não existe nenhuma formalização de guarda dos menores”, afirma.

Frieza

O casal foi ouvido na delegacia e, durante a oitiva, os suspeitos confessaram as agressões. “Eles relataram de forma bem fria que eram acostumados a bater nas crianças. Através da coloração das lesões é possível ter uma ideia de quando elas foram praticadas. Isso é uma característica de tortura. Nós que estamos acostumados a trabalhar com violência, achamos esse caso particularmente chocante. Uma violência absurda. Um fato animalesco. Uma selvageria sem precedentes”, completou o delegado.

Caso seja condenada, a jovem pode ficar três anos apreendida, que é o tempo máximo para menores infratores. Já o companheiro pode receber pena de 12 a 30 anos pelo crime de homicídio, e de 8 a 16 pela tortura. Os menores estão em um abrigo da cidade à disposição do Poder Judiciário. Agora, o conselho tutelar vai procurar por parentes das crianças que tenham condições de cuidá-los. Caso contrário, eles serão encaminhados para adoção.

Casos

No ano passado, um menino de 4 anos resgatado com sinais de tortura em um prédio de Goiânia foi entregue pelo Conselho Tutelar ao pai. A mãe havia sido detida bêbada, suspeita de deixar o filho trancado sozinho com dois amigos dela, que também foram levados à delegacia. Segundo a Polícia Militar, a criança tinha marcas de mordidas e queimaduras que podem ter sido provocadas por cigarro.

O tenente Daniel Soares, da PM, disse que a corporação foi acionada por vizinhos da mulher, que denunciaram o caso de maus-tratos. Segundo ele, a mãe e os dois amigos estavam bêbados e com sinais de terem usado drogas. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian) 

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