Nova mineradora deve salvar empregos na cidade

Serra Verde irá explorar o concentrado de terras raras, mineral utilizado em produtos de alta tecnologia

Postado em: 10-06-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Serra Verde irá explorar o concentrado de terras raras, mineral utilizado em produtos de alta tecnologia

Isabela Martins 

Os moradores de Minaçu, Norte do Estado, estão comemorando a instalação de uma mineradora na região. Após a demissão de 400 funcionários da mina de amianto Cana Brava, da Sama Minerações, no início do ano, o anúncio da instalação da Mineração Serra Verde tem gerado um clima de esperança entre os habitantes do município. O investimento aplicado é de US$ 150 milhões.

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De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Extrativas e Beneficiamento de Minaçu, Adelman Araújo, os moradores estão na expectativa para que a mineradora seja instalada na cidade.

A empresa está na cidade desde 2013 quando realizou o pedido de licença ambiental junto a Secretaria Estadual de Meio Ambiente. A ideia era que a mineradora entrasse em atividade em 2017. A expectativa é que durante a instalação da Serra Verde sejam gerados 1,5 mil empregos diretos e seis mil indiretos. Após a implantação, a empresa deve gerar 360 empregos diretos e 1,8 mil indiretos. “É a tabua de salvação de Minaçu. A cidade nasceu em volta do amianto, e hoje está vivendo sem essa empresa, sem os benefícios”, disse Adelman. 

Segundo ele, após a paralisação da Sama Minerações, a arrecadação do município caiu entre 40 a 50%. A expectativa de quem trabalhava na outra empresa é de que sejam contratados pela Serra Verde. “Vindo uma empresa para cá do porte dessa a gente acredita que vai absorver grande parte da mão de obra. É o que todo mundo que foi dispensado espera. A possibilidade de ser contratado na outra empresa, recebendo menos, ou com menos benefícios, mas estar empregado”, afirma o presidente do Sindicato.

A Serra Verde irá explorar concentrado de terras raras, composto de 17 elementos químicos que podem ser utilizados em várias aplicações, como na produção de imas de alta potência, que são usados na geração de energia limpa. Além disso, pode contribuir na produção de catalisadores na indústria do petróleo, equipamentos médicos, produção de luminescentes para a indústria óptica, eletrônica e supercondutores. 

Expectativa de contratações 

Pedro Paulo Barbosa de Souza era um dos funcionários da Sama. Ele foi dispensado da empresa no início do ano. Agora, é os moradores da cidade que aguarda a instalação da mineradora. “Está uma expectativa muito grande, é um sonho. Todo mundo aqui está apaixonado, curtindo, na esperança que a empresa volte a fazer a cidade crescer”.

Segundo ele, são 25 anos que a população briga para ter um local de trabalho. “Uma mineradora quando nasce demora um pouco, então a perspectiva da gente novamente vir a ter uma estabilidade na cidade é em cinco anos. Agora eles aguardam a liberação para fazer a planta e explorar o minério e a luta vai seguindo. A gente vai acompanhar até acontecer”, garante.

 

Exploração sustentável  

No anúncio da nova mineradora feito em Minaçu, o presidente da Serra Verde, Luciano Borges, disse que Goiás está sendo pioneiro na exploração ecologicamente sustentável de terras raras. De acordo com ele, o município tem um dos maiores depósitos de terras raras em argila iônica do mundo. “Só a China que explora terra rara em argila iônica. Usa sulfato de amônia, um material caro, importado e delicado. Nós usamos sal de cozinha e reciclamos 100% do sal de cozinha com tecnologia desenvolvida aqui”. Segundo ele, a mineradora irá reciclar 100% da água que utilizar na mina. 

Com um número limitado de locais para minerar terras raras, a reciclagem se tornou necessária para a disponibilidade do elemento pelo mundo. Entretanto, uma pequena parte dos elementos que compõem o grupo de terras raras é reciclada, mesmo com a maior quantidade das substâncias com possibilidade de ser recuperada. 

O processo de reciclagem do material é feito a partir de um processo químico de separação. Em seguida, os elementos devem ser purificados, e no caso de óxidos, devem ser combinados com outros produtos para serem reutilizados.

Perigos no refino de substâncias 

Por conta da presença comum do tório e urânio em minerais de terras raras, torna-se um perigo refinar e reciclar esse tipo de substância já que são elementos radioativos. Além disso, no método de refinamento são necessários ácidos tóxicos, e qualquer má utilização ou vazamento desses ácidos pode causar danos ambientais. (Isabela Martins é estagiária do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

 

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