Seis meses sem João de Deus, Abadiânia agoniza

Até março deste ano, pelo menos 1.200 pessoas já haviam perdido o emprego

Postado em: 13-06-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Até março deste ano, pelo menos 1.200 pessoas já haviam perdido o emprego

Igor Caldas

Especial para O Hoje

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Crise de empregos em Abadiânia persiste. Desde a prisão do médium João de Deus, em dezembro do ano passado, o turismo religioso que movimentava a economia da cidade morreu. Até março deste ano, pelo menos 1.200 pessoas foram demitidas. Moradores relatam que a cidade de 18.427 habitantes está estagnada.  Pelo menos 10 mil pessoas por mês frequentavam a casa Dom Inácio de Loyola, fundada pelo médium na década de 1970.

Apesar de se localizar na proximidade das duas maiores cidades do Centro-Oeste, Abadiânia não tem predominância de outra atividade econômica a não ser o turismo. Há pouquíssima presença de indústrias na cidade e no ambiente rural há a predominância de grandes latifúndios em detrimento da agricultura familiar. A maior parte das famílias sobrevive do turismo religioso da região, que não existe mais.

A proprietária da Pousada Bela Vista, Maria Prado, de 60 anos, teve que fechar as portas do seu negócio familiar frente a forte onda de estagnação que se estabeleceu no município desde a prisão do médium João de Deus. Ele foi acusado de assédio sexual por mais de 300 mulheres. Maria tem a sorte de poder contar com sua aposentadoria para sobreviver, mas essa realidade não é a mesma da maior parte da população, que agoniza com a falta de oportunidades de emprego no município.

“A situação está péssima, horrível. Eu não preciso pagar aluguel, mas tenho minha aposentadoria, que é pouca, mas serve. Fico com pena é dos jovens daqui. Eles ficaram sem rumo. Está uma crise total”, lamenta. Maria ainda afirma que seu filho, que também trabalhava com ela na pousada, está em busca de emprego, assim como a maior parte dos moradores jovens da cidade.

Crise em outros setores

Maria Prado alerta que não foi apenas o setor hoteleiro que sofreu o “baque” econômico. O Setor de serviços também foi impactado e é responsável por mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) do município, que gira em torno de R$ 300 milhões por ano.

“Além das maiores pousadas terem demitido um mundaréu de gente, os taxistas, comerciantes locais, e alguns supermercados, tiveram que parar. Todo mundo estava envolvido [com o turismo religioso]. Abadiânia acabou. As pousadas faziam compras enormes dos mercados locais e a população sobrevivia fazendo o comércio em feiras para os turistas”.

 

Governo vai apoiar recuperação do turismo 

A prefeitura de Abadiânia aposta na melhoria do turismo na cidade com a exploração do lago artificial formado pela Usina Hidrelétrica Corumbá IV que gera energia para o Distrito Federal. A cidade fica há cerca de 90 km da Capital e se localiza na rota de dois pontos turísticos muito procurados no Estado: Pirenópolis e Corumbá de Goiás.  O governo de Goiás vai apoiar o município na promoção do turismo local.

O presidente da Goiás Turismo, Fabrício Amaral, se reuniu, nesta terça-feira (11), com o prefeito da cidade, José Aparecido Diniz, além de auxiliares, e garantiu apoio da Autarquia para buscar alternativas e retomar a atividade turística na região. 

Ele prometeu promover um campeonato de pesca esportiva no lago artificial e se dispôs a articular na busca de verba para infraestrutura, como o asfaltamento da estrada que dá acesso ao Lago de Corumbá IV, considerado essencial para atrair investimentos da iniciativa privada.

 

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