Cresce número de hipertensos

Segundo o Ministério da Saúde, 23% da população de Goiânia têm diagnóstico médico da doença

Postado em: 18-06-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Segundo o Ministério da Saúde, 23% da população de Goiânia têm diagnóstico médico da doença

Higor Santana*

Segundo dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas (VIGITEL), do Ministério da Saúde (MS), 23% da população de Goiânia têm diagnóstico médico de hipertensão arterial. E de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse número equivale a 344 mil habitantes.  Ainda segundo um levantamento do MS, um em cada quatro goianos com mais de 18 anos recebeu diagnóstico da doença no ano passado (40%), contra 22,6% em 2017. Na população com 65 anos ou mais, 60,9% são hipertensos e 49,5% dos que têm de 49 a 64 anos.

O percentual da população geral permaneceu estável. De acordo com o estudo, 24,3% da população das capitais do país se referiram com a conhecida pressão alta. As mulheres, ainda, continuam com maior índice em relação aos homens, tendo registrado 26,4% contra 21,7% deles. O Rio de Janeiro (RJ) se destaca nesse crescimento, e se mantém pelo segundo ano consecutivo como a capital brasileira com o maior percentual de hipertensos.

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A estudante de enfermagem, Paula Ponchio, de 28 anos, descobriu a doença há dois anos. “Descobri porque era muito nervosa, tinha muita ansiedade. Então procurei meu médico, fiz os exames e aí foi constatada a doença. A medicação era para tomar, mais eu não faço uso diariamente por conta de condições financeiras. No começo eu até frequentava a academia, mas foi ficando puxado por conta da falta de tempo, trabalho e estudo”, explica a jovem.

A hipertensão arterial é uma doença crônica determinada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Ela faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para que o sangue seja distribuído corretamente no corpo.  A doença é um dos principais fatores de risco para a ocorrência do acidente vascular cerebral, enfarte, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca. O problema é herdado dos pais em 90% dos casos, mas há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, como os hábitos de vida do indivíduo.

De mãe para filha

É como na família de Paula. A mãe, Neusa Maria, de 52 anos, também tem a doença. A dona de casa descobriu a hipertensão há pouco mais de cinco anos, e a partir daí, passou a cuidar melhor da saúde. “É muito ruim. Eu preciso tomar dois comprimidos por dia e sempre que estou preocupada, ela sobe. Desde que descobri passei a fazer caminhada e correr junto com minha filha, mas ela se casou e teve que se mudar, mas isso não me impediu de continuar a me tratar. Quem tem a doença sabe o quanto é ruim. Ainda mais quem sabe o que ela pode provocar”, explica.

Para a prevenção da doença, o Ministério da Saúde recomenda que a população adote alguns hábitos saudáveis, como a prática de atividade física regular e uma alimentação com baixo teor de sal. Para o tratamento, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente medicamentos nas Unidades Básicas de Saúde e pelo programa Farmácia Popular. Para retirar os remédios, é preciso apresentar um documento de identidade com foto, CPF e receita médica dentro do prazo de validade, que são 120 dias.

Alimentação saudável

De acordo com o médico clínico geral Petrônio Gentil, uma alimentação equilibrada é uma das formas de controle da hipertensão arterial. Para ajudar no dia a dia da alimentação do brasileiro foi lançado em 2014, o Guia Alimentar para a População Brasileira. A publicação relata os cuidados e caminhos para alcançar uma alimentação saudável, saborosa e balanceada. 

“Um estilo de vida saudável influencia muito aqui. Dar um basta no sedentarismo, especialmente se valendo de atividades aeróbicas, como correr e nadar, induz a liberação óxido nítrico, substância vasodilatadora. Com as artérias relaxadas, a tendência é a pressão se manter mais baixa”, explica o médico

 

Metade dos hipertensos não controla pressão 

De acordo com um estudo realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia e Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, recém-publicado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, cerca de 50,8% dos idosos que moram na zona urbana de Goiânia e que fazem tratamento para hipertensão, não apresenta controle pressórico. No levantamento foram analisados 912 idosos, dos quais 683 (74,9%) eram hipertensos. Desses, 72,6% faziam tratamento.

Do total de hipertensos (683), 431 idosos foram identificados com Pressão Arterial (PA) maior ou igual a 140 e/ou 90 mmHg e 252 idosos com valores pressóricos dentro da normalidade, devido ao uso de medicamentos anti-hipertensivos. Houve diferença da prevalência entre os sexos, sendo 39,8% nos homens e 60,2% em mulheres. “Dos 431 identificados com valores pressóricos alterados, 187 (43,4%) desconheciam o provável diagnóstico da PA e não tratavam”, destaca uma das autoras da pesquisa, Ana Luiza Lima Sousa

Já dos 683 considerados hipertensos, 496 (72,6%) faziam uso regular de medicamentos anti-hipertensivos, sendo que os homens apresentavam taxas inferiores (67,6%) a das mulheres (75,9%). Entre aqueles que tratavam, 252 (50,8%) apresentavam controle da PA (PAS/PAD < 140/90 mmHg), sendo que as taxas de controle foram maiores entre aqueles na faixa etária de 60 a 70 anos. “Entre os alcoolistas, as taxas de controle foram menores”, acrescenta a autora. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)

 

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