Um em cada cinco motoristas usa celular ao volante

Higor Santana

De acordo com o Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO), de janeiro a junho deste ano, 9.020 motoristas foram flagrados dirigindo utilizando o aparelho celular ou algum equipamento eletrônico. Segundo o órgão, no mesmo período do ano passado foram 9.405 motoristas atuados, configurando uma diminuição de quase 5% nas infrações. Ainda de acordo o Detran, por mês são mais de 1.500 infrações desse tipo, uma média de 50 por dia.

Dados do Ministério da Saúde revelaram que 19,3% da população das capitais brasileiras usam o celular enquanto dirigem. Isso significa que de cada cinco pessoas, uma afirmou que comete esse ato. A informação é do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2018, divulgada ontem. O ministério alertou ainda que os acidentes de trânsito são a segunda maior causa de mortes externas no país. 

Motoristas com nível superior

Ainda segundo os dados, as pessoas com idades entre 25 e 34 anos (25%) e com maior escolaridade (26,1%), com 12 anos de estudo ou mais, são as que mais assumem esse comportamento de risco. Os motoristas com nível superior também são os que mais recebem multas por excesso de velocidade e que associam o consumo de bebida alcoólica e direção.

De acordo com o presidente do Conselho Estadual de Trânsito e Goiás (Cetran-GO), Horácio Mello, o uso do aparelho nas rodovias é ainda mais grave que na cidade, já que os veículos estão em alta velocidade. “Em quatro segundos ele faz 100 metros. É impossível estar observando, nesses quatro segundos de distração, o que tinham na sua frente 100 metros depois. Quando a pessoa se distrai com outro contexto, com outra contextualização, ele perde os reflexos e a condução segura”, afirmou.

Irresponsabilidade

Além do uso do celular associado à direção, a pesquisa do MS abordou também outros três importantes indicadores para a ocorrência de acidentes de trânsito, o consumo abusivo de álcool, consumo de álcool em qualquer dose e multa por excesso de velocidade. 

De acordo com os dados, cerca de 11,4% da população afirmou já ter recebido multas de trânsito por excesso de velocidade. O comportamento de risco foi identificado mais em homens (14%) do que em mulheres (7%), na população de 25 a 34 anos (13,4%), e de maior escolaridade (13%).

A proporção de adultos que informaram que conduziram veículos motorizados após consumo de qualquer quantidade de bebida alcoólica foi de 5,3%, sendo maior entre homens (9,3%) do que mulheres (2%). A associação entre consumo de álcool e direção ocorreu principalmente em indivíduos de maior escolaridade (8,6%) e com idade entre 25 e 34 anos (7,9%).

Mortes

Os acidentes de trânsito são a segunda maior causa de mortes externas no país. Em 2017, de acordo com o MS, 35,3 mil pessoas morreram em decorrência de acidentes de trânsito e 166.277 foram internadas. Os gastos com as internações foram de R$ 229,2 milhões. Além das sequelas emocionais, muitos pacientes ficam com lesões físicas, sendo as principais consequências amputações e traumatismo cranioencefálico, segundo a pasta. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)