Um Centro Olímpico sem atletas

O Centro foi construído com a promessa de atletas de todo país receberem treinamento superior, com laboratórios específicos, inclusive com alojamentos para internação de 100 atletas

Postado em: 28-06-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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O Centro foi construído com a promessa de atletas de todo país receberem treinamento superior, com laboratórios específicos, inclusive com alojamentos para internação de 100 atletas

Igor Caldas

Especial para O Hoje

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Em outubro de 2018, a Universidade Estadual de Goiás assumiu legalmente a responsabilidade pela gestão do Centro de Excelência do Esporte, incluindo o Estádio Olímpico. Em abril deste ano a gestão voltou a ser dividida entre o Estado e a instituição por meio da Secretaria de Estado de Esporte. No entanto, o passe de bola ainda não deu gol. O espaço que era para ser a realização do sonho de qualquer atleta goiano está subutilizado.

O Centro foi construído com a promessa de atletas de todo país receberem treinamento superior, com laboratórios específicos, alojamentos para internação de 100 atletas, área de exercícios com equipamentos de condicionamento físico e quadras esportivas destinadas ao basquete, vôlei, futebol de salão e handebol, parque aquático e Espaço de Dança. O Ginásio Rio Vermelho e o Parque Aquático, que fazem parte do complexo, estão interditados. O prédio onde deveriam funcionar os laboratórios está em cessão de uso para a UEG que está em greve.

Iniciação esportiva

A Secretaria de Estado de Esporte e Lazer afirma que as únicas atividades que estão sendo ofertadas no complexo de prática de esporte são aulas de iniciação esportiva em caratê, futsal, basquete e voleibol. Elas estão sendo realizadas nos períodos matutino e vespertino. A equipe de reportagem presenciou uma das aulas de Educação Física no espaço cedido para a UEG onde funciona uma academia, mas apenas um aluno realizava a prática.

O local apresenta sinais de abandono, problemas de precariedade em infraestrutura, piscinas abandonadas e a presença de muitos equipamentos e objetos que pertencem ao patrimônio da Universidade Estadual de Goiás (UEG) bloqueando a entrada de várias salas do prédio. Pelos problemas de falta de estrutura, as atividades que estão sendo realizadas no Centro Esportivo ainda são feita de forma tímida. Os departamentos de fisiologia do esporte, ergometria médica e reabilitação ainda não funcionam.

Gestão complicada

A UEG assumiu a gestão do Centro de Excelência do Esporte em outubro de 2018 com o uso do espaço cedido pelo então governador, José Eliton (PSDB). A instituição instalou lá a base da Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia do Estado de Goiás (Eseffego), anteriormente com base no setor Leste Universitário e transformou o local na Faculdade do Esporte. Isso ocorreu após a desistência de parceria da gestão do local entre o governo anterior e uma Organização Social (OS), em 2016. O motivo alegado foi economia de gastos. 

Promessa

A Universidade Estadual de Goiás assumiu a gestão com a promessa de impulsionar a estrutura dos laboratórios de capacitação. Foram feitas adaptações para que a infraestrutura do Centro servisse aos alunos da UEG. O professor de Educação Física contratado pela Secretaria para dar aulas de iniciação esportiva no local, Ian Costa Santana, faz críticas as alterações das estruturas feitas pela UEG.

“Essas alterações feitas para atender os alunos de Educação Física não são adequadas para a formação deles e atrapalham a tentativa de dar a função correta para o espaço do Centro de Excelência do Esporte de Goiânia. A Universidade não conseguiu dar continuidade ao projeto do Centro de Excelência Esportiva de Goiânia”, afirma o professor. O Centro de Excelência do Esporte seria um complexo esportivo onde funcionaria quatro unidades direcionadas à atletas, desde sua formação e treinamento a participação de jogos e competições. 

A Universidade Estadual de Goiás informa que o complexo do Centro de Excelência do Esporte está sob gestão da Secretaria de Esporte e Lazer de Goiás (Seel). Secretaria e UEG estão firmando um termo de cessão de uso, que pode ter validade de até cinco anos, do prédio do Centro de Excelência, conhecido como Laboratório de Capacitação e Pesquisa. 

O antigo prédio da Eseffego está fechado e, para voltar a ser utilizado, é necessária uma reforma geral. A Universidade tem buscado convênios para conseguir recursos externos para que essa reforma seja feita. 

As atividades de ensino, hoje realizadas no Laboratório de Capacitação e Pesquisa, voltarão para o antigo prédio, na Vila Nova, assim que as reformas forem finalizadas.

A perspetiva é a de que fiquem no Centro de Excelência as atividades de pesquisa, sobretudo na área de alto rendimento, e de extensão desenvolvidas pelo Câmpus, de acordo com o convênio a ser firmado entre UEG e Seel.

Espaço será uma das sedes da Copa do Mundo sub-17 

O Estádio Olímpico Pedro Ludovico Teixeira e o Laboratório de Capacitação e Pesquisa Draulas Vaz somados ao Ginásio Rio Vermelho e ao Parque Aquático deveriam integrar o funcionamento do treinamento esportivo em Goiânia, mas o único espaço que está tendo funcionamento adequado é o Estádio. O espaço será uma das sedes da Copa do Mundo sub-17, que será disputada no Brasil entre os dias 26 de outubro e 17 de novembro. A Federação Internacional de Futebol (FIFA) esteve fazendo vistorias no local nesta quarta-feira (26).

O Parque Aquático está interditado, com apenas uma das piscinas cheias. As salas que foram construídas para funcionar os Laboratórios de Capacitação Esportiva foram adaptadas para o funcionamento das salas de aula para os universitários da Faculdade de Educação Física da UEG. “Essas salas eram perfeitas para abrigar os laboratórios a qual foram destinadas. Eram bem amplas, mas a Universidade teve que fazer divisórias para transformá-las em salas de aula e prejudicaram a estrutura destinada a função dos laboratórios”. Afirma Ian.

Para o professor, um dos problemas centrais da subutilização do espaço foi a incapacidade da UEG manter a infraestrutura do local. Agora, a gestão do Centro volta a ser dividida com as mãos do Estado que está em maus lençóis com a questão fiscal para poder realizar investimentos necessários no local. Em busca de suprir essa necessidade, a Secretaria de Estado de Educação busca convênio com o Governo Federal para conseguir os aportes de verbas para concretizar o espaço dos sonhos para os atletas goianos.

De acordo com a Secretaria, houve uma audiência com o Ministro da Cidadania, Osmar Terra, no dia 21 de maio, para discutir os convênios entre o governo federal e o Estado que estão paralisados para tentar garantir que toda parte de infraestrutura esportiva do Centro de Excelência em Goiânia seja feita. No entanto, em âmbito federal, o esporte parece não ocupar nenhum lugar no pódio. O Ministério do Esporte foi suprimido em uma Secretaria Especial no âmbito do Ministério da Cidadania pela última reforma ministerial.

 

 

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