IPASGO: Investigação mira chefe do bando

Polícia Civil ouve suspeitos de integrarem organização que desviou milhões do Ipasgo

Postado em: 04-07-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Polícia Civil ouve suspeitos de integrarem organização que desviou milhões do Ipasgo

Higor Santana

A Polícia Civil (PC) ouviu ontem funcionários da empresa de Tecnologia GT1 suspeitos de participarem do esquema que teria desviado cerca de R$ 500 milhões do Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo). De acordo com o delegado responsável pelas investigações, Rhaniel Almeida, o objetivo agora é esclarecer quem seria o chefe da organização criminosa e encontrar mais provas que possam ajudar a polícia a entender como funcionava o esquema criminoso.

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Ainda de acordo com a PC, até o momento, oito pessoas foram ouvidas, sendo 6 na segunda-feira e mais duas ontem. Segundo o delegado Rhaniel, as investigações seguem aceleradas. “A gente já tem bem definido o papel de cada um no esquema. Agora é saber se eles têm intenção de colaborar com as investigações para saber quem está no topo da pirâmide, para entender de quem partiam as ordens”, afirmou.

O delegado explicou que chegou a pedir a prisão de quatro dos oito servidores afastados dos cargos dentro do Ipasgo. No entanto, a Justiça avaliou que não era necessário determinar a detenção dos investigados. Ainda estão previstos depoimentos de mais duas pessoas: um deles também é funcionário da GT1 e outro é uma espécie de intermediário entre os médicos ou clínicas interessadas em receber e as pessoas que iriam viabilizar a entrada deles no sistema do Ipasgo.

A polícia agora vai investigar se todos os procedimentos que foram pagos realmente foram feitos. Além disso, existe a suspeita de que havia a inserção fraudulenta de usuários do plano de saúde, que é apenas para servidores públicos e dependentes. “Dos 600 mil usuários regulares no sistema, nós temos uma expectativa de que 15% a 20% não sejam servidores públicos e não tenham a condição de estar participando dessa rede credenciada”, disse o secretário de Segurança Pública Rodney Miranda, na última segunda

Colaboração

Segundo o advogado de um dos investigados, que não teve o nome divulgado, o cliente não tem envolvimento com os esquemas. “Está sendo investigado por acusação de corrupção e fraude. O investigado tem total interesse em colaborar com as investigações e não tem nenhum tipo de envolvimento com os fatos até então apurados. Sua inocência será provada no decorrer das investigações”, afirma.

Apenas um laboratório recebeu por 200 exames 

Na última segunda-feira (1), a Polícia Civil fez uma operação para investigar a suspeita de fraude e desvio R$ 500 milhões no Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo). Segundo as investigações, servidores da área de tecnologia da informação cadastravam irregularmente clínicas, médicos e laboratórios, que começavam a receber dinheiro do plano de saúde. Em um dos casos, um laboratório recebeu por 200 exames de sangues feitos a um único paciente.

De acordo com o delegado Rhaniel Almeida, as investigações começaram em fevereiro deste ano, quando um médico pediu para ter o endereço de atendimento alterado no Ipasgo. No entanto, a pessoa que o atendeu não encontrou registro de credenciamento correto dele. “Quando foi fazer a ficha, o atendente viu que ele não existia para o Ipasgo e estava recebendo. Isso chamou a atenção e descobriram que foi feito por um operador fantasma – uma forma de não deixar rastro na senha e login de ninguém, e que estava cadastrado com um CPF inexistente”, explicou.

Ainda segundo Rhaniel, diante dessa irregularidade a diretoria do Ipasgo desconfiou da ação e chamou a polícia para investigar o caso. A estimativa inicial é que de 2011 até agora, os prejuízos tenham chegado a R$ 500 milhões. Durante a operação, batizada de Morfina, oito servidores públicos foram afastados dos cargos e foram cumpridos quatro mandados de busca a apreensão. Seis pessoas também foram intimadas a prestar depoimento.

GT1

Na segunda-feira, a GT1 empresa terceirizada que presta serviços de TI, informou que não é alvo de investigação e está contribuindo com as autoridades para a elucidação dos fatos. No mesmo dia, o Ipasgo disse que apoia as investigações e espera que todos os fatos sejam apurados e os responsáveis, punidos. A atual gestão disse que as irregularidades foram cometidas por servidores de uma empresa terceirizada contratada em 2011 e que está utilizando sistemas para combater a corrupção. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian) 

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