Aumenta o consumo de alimentos orgânicos na mesa

Nos últimos três anos o número de agricultores orgânicos quase triplicou no Estado

Postado em: 09-07-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Nos últimos três anos o número de agricultores orgânicos quase triplicou no Estado

Igor Caldas

Especial para O Hoje

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Nos últimos três anos o número de produtores orgânicos no Estado de Goiás quase triplicou. Em 2016 haviam 79 produtores cadastrados no Ministério da Agricultura. Este ano, o número chegou a 216 agricultores que produzem alimentos livres de agroquímicos. A reportagem foi até uma das feiras da Capital que comercializam esses produtos certificados pelo Governo Federal para entender como são vendidos, produzidos e fiscalizados.

O alimento orgânico deve ser certificado pelo Ministério da Agricultura de acordo com a Lei 10.831. Ela estabelece que o conceito de sistema orgânico de produção agropecuária e industrial abrange os denominados: ecológico, biodinâmico, natural, regenerativo, biológico, agroecológicos, permacultura e outros. Além do não uso de agrotóxico e fertilizantes químicos, envolve a preservação da diversidade biológica dos ecossistemas naturais, uso saudável do solo, da água, do ar e redução de contaminação destes elementos e outras exigências.

O agricultor Edson Vieira Porto é produtor orgânico filiado à Associação para o Desenvolvimento da Agricultura Orgânica (ADAO-GO), na Associação dos Produtores Agroecológico de Anápolis e Região (APROAR) e da Associação de Produtores de Silvânia. Ele comercializa produtos orgânicos, agroecológicos e de fabricação artesanal. Edson explica a diferença desses tipos de produtos.

“A propriedade recebe uma fiscalização para que o alimento produzido lá seja realmente orgânico de acordo com o que foi estabelecido por Lei. Daí o produto pode receber a etiqueta de alimento orgânico do governo. O alimento agro-ecológico é o alimento produzido livre de aditivos químicos, mas que não é certificado. Os alimentos orgânicos que eu produzo saem somente da área da minha propriedade que está certificada. Já os derivados lácteos que eu comercializo, como o requeijão, são de fabricação própria, artesanal”, explica Edson.

Ele também esclarece que o tipo de certificação da Associação para o Desenvolvimento da Agricultura Orgânica (ADAO-GO) é uma certificação coletiva. Todas as propriedades dos associados são fiscalizadas por empresas credenciadas pelo Ministério da Agricultura para seguir à risca as determinações da Lei de produtores orgânicos e poder receber a certificação. “Pelo caráter coletivo, o produtor que ferir o que é estabelecido por lei pode fazer com que a certificação trave ou o produtor é retirado de imediato da Associação”, explica o agricultor.

Livres de veneno

Wesley Dias cultiva comercializa alimentos livres de veneno há 12 anos. Ele fala sobre a diferença entre o agricultor orgânico e o convencional. “O produtor orgânico está preocupado com o bem estar da população, do solo e do impacto ambiental da produção. O agricultor convencional não mede os limites dos seus atos para aumentar seu lucro. Ele não está preocupado se o agrotóxico vai prejudicar ou se seu trabalho vai fazer mal para o meio ambiente”.

Ele ainda afirma que o agricultor orgânico também se preocupa com o lucro, mas mede o impacto de suas ações. Ele explica, por exemplo, que para o produtor de hortaliças orgânicas, é necessário fazer a cobertura do solo entre os canteiros para garantir a sobrevivência dos microorganismos e garantir a longevidade da fertilidade da terra.

“A gente cobre os canteiros para umidade ficar na planta e garantir a sobrevivência do ecossistema do solo. A produção é comparável ao corpo humano. Se a planta e o ambiente estão bem nutridos e bem cuidados a doença não aparece. Está tudo interligado”, Wesley ainda afirma que a principal dificuldade na produção é o combate às pragas. Além da catação manual, o produtor utiliza predadores naturais para combatê-las, porém ele afirma que a perda de uma parte da produção para pássaros e outros animais menores é garantida.

 

Preços variam pouco pela sazonalidade 

O agricultor Edson Vieira Porto afirma que o preço dos produtos orgânicos são um pouco mais caros que os convencionais, mas não tem variação de preço pela sazonalidade. “Nos empórios e mercados grandes os alimentos orgânicos são mais caros do que os que comercializamos nas feiras. Em relação ao alimento convencional, chega a ser 30% mais caro em determinadas épocas do ano. Porque o produto dos grandes agricultores varia de acordo com as fases do ano, mas nossos produtos têm o preço linear o ano todo”, afirma.

No entanto, quem compra produtos orgânicos sabe que vale à pena pagar mais caro. Márcia Kruguer, de 79 anos, procura se alimentar bem para garantir sua saúde. “Sei que é muito melhor para mim. Toda semana eu venho aqui comprar produtos orgânicos porque estou livre do veneno na minha mesa e sei que o produto certificado é verdadeiro. O sabor e o benefício para a saúde é incomparável com o produto no supermercado”.

Gripes e resfriados passam longe de Márcio Borba que também dá preferência na compra de verduras e frutas orgânicas. Ele mora longe da feira, mas faz questão de ir atrás de produtos sem veneno. “Há muitos anos eu tento priorizar os alimentos orgânicos e melhorou muito minha saúde. Gripe mesmo é só uma vez por ano”.   

Para o produtor Edson, o aumento dos produtores de alimentos livres de agroquímicos acompanhou a procura da população por esse tipo de produto. “Desde que comecei a trabalhar com isso, a procura deve ter aumentado em media 60%. Quando nós começamos, éramos um número reduzido de produtores. Isso foi aumentando gradativamente à medida que a procura por esse tipo de alimento também aumentou”.

Os produtos orgânicos dos agricultores associados na ADAO-GO são comercializados em três feiras na Capital. No Mercado Popular da 74 aos  sábados a partir das 6 h da manhã; no mercado popular do setor Vila Nova às quartas-feiras, das 15h às 18h, e na Feira do Europark, próximo do Paço Municipal, às segundas-feiras, das 17h às 20h.

 

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