Contrabando cresce 131%

De acordo com PRF, o comércio de cigarros contrabandeados representa 54% do mercado brasileiro no seguimento

Postado em: 17-07-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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De acordo com PRF, o comércio de cigarros contrabandeados representa 54% do mercado brasileiro no seguimento

Higor Santana

Segundo dados da Polícia Rodoviária Federal, de janeiro de 2019 até a última segunda-feira (15), foram apreendidos 778 mil pacotes de cigarros contrabandeados nas rodovias que cortam o Estado. De acordo com a PRF, o aumento é de 131% em relação ao mesmo período do ano passado. Ainda conforme a corporação, o mercado atrativo e rentável, a facilidade de comércio e a alta lucratividade, são os fatores primordiais para justificar o aumento nas apreensões.

Ainda de acordo com a PRF, Goiás é o terceiro estado do país onde mais se apreende cigarros contrabandeados. Um estudo encomendado pelo Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (ETCO) ao Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) apontou que cigarros ilegais contrabandeados representam 54% do mercado brasileiro no setor, e movimentam R$ 14,3 bilhões por ano. O produto também foi o campeão nas apreensões da Receita Federal no ano passado, com um volume equivalente a R$ 1,3 bilhão. 

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Para o presidente executivo do ETCO, Edson Vismona, as diferenças na taxação da indústria do tabaco no Brasil em relação a países vizinhos, como o Paraguai, prejudicam o comércio regular e tornam o contrabando um negócio mais lucrativo. Enquanto por aqui a taxação dos cigarros fica em média em 71%, dependendo do estado, do outro lado da fronteira essa taxa não passa de 18%. “Isso repercute em um cigarro contrabandeado que custa metade do preço quando comparado com o fabricado no Brasil. Nós estamos, na verdade, entregando o mercado para o contrabando”, explica.

De acordo com o porta-voz da PRF, inspetor Newton Moraes, a aproximação entres as forças policiais, também tem contribuindo no combate ao contrabando. Segundo ele, a troca de informações entre a PRF, Polícia Militar (PM) e Receita Federal, tem propiciado o aumento de apreensões e desarticulação de quadrilhas ligadas ao crime. 

Ainda segundo o inspetor, a busca por caminhos alternativos, fez com que Goiás se tornasse alvo dos criminosos na rota de transporte. Para Newton, com o bloqueio das rotas tradicionais, os contrabandistas procuram novos locais de transporte e acabam chegando até as rodovias do Estado.

Crimes

De acordo com o porta-voz da PRF, além dos prejuízos à saúde humana e sonegação fiscal com alto impacto nas contas públicas, o contrabando de cigarros alimenta a prática de crimes mais violentos como o roubo de veículos. A maioria dos caminhões apreendidos são produtos de roubo ou tiveram sua identificação adulterada. Os criminosos utilizam esta estratégia para evitar que o prejuízo seja ainda maior, com a perda do automóvel.

Goiás é o terceiro estado no ranking de apreensões 

Ainda segundo dados da PRF, o aumento significativo no número de apreensões de cigarros contrabandeados, colocou Goiás em terceiro lugar no ranking nacional, atrás apenas de Paraná e Mato Grosso do Sul. Por conta disso, segundo a corporação, o pátio da Receita Federal, em Senador Canedo, na Região Metropolitana de Goiânia, está lotado com mais de 80 veículos à espera de um destino.

Quadrimestre

Ainda segundo os números, só no primeiro quadrimestre deste ano, quase cinco milhões de maços foram interceptados somente nas rodovias federais que passam pelo Estado. A corporação já encontrou a mercadoria em caminhões de verduras, escondido em meio a grãos de soja ou em um compartimento secreto de um caminhão-tanque que levava óleo vegetal.

De acordo com o porta-voz da PRF, Newton Moraes, ao menos metade dos caminhões apreendidos nas operações de combate ao contrabando foram roubados ou tiveram a numeração raspada ou as placas trocadas, o que dificulta a identificação dos verdadeiros donos. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)

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