Conta de água aumenta

AGR aprova aumento de 5,79% na taxa de recolhimento de esgoto e abastecimento de água para Goiás

Postado em: 17-07-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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AGR aprova aumento de 5,79% na taxa de recolhimento de esgoto e abastecimento de água para Goiás

Igor Caldas

Especial para O Hoje

Desde a última terça feira (16), o cidadão goiano passa ter que desembolsar mais para pagar as contas de água e esgoto do serviço fornecido pela Companhia de Saneamento de Goiás (Saneago). A taxa de fornecimento de água e recolhimento de esgoto tiveram aumento de 5,79 %. O reajuste vale para todos os consumidores do Estado, exceto para as 23 mil famílias que integram o programa Tarifa Social.

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De acordo com a Saneago, esse reajuste acontece anualmente e tem o objetivo de manter o equilíbrio econômico-financeiro da empresa. O aumento foi aprovado pelo Conselho Regulador da Agência Goiana de Regulação (AGR). Na composição dos custos, a energia elétrica representou 47% do índice, conforme metodologia da AGR, que é o órgão competente para fixar e autorizar os reajustes, conforme o marco regulatório.

Proprietário de uma floricultura no bairro Jardim Goiás, Fabiano Alves da Silva vai sofrer com o aumento da tarifa. Ele afirma que no ramo de floricultura, mais de 30% dos gastos são com a água para molhar as plantas. Ele trabalha nesta área há mais de 15 anos e vê o aumento consecutivo da tarifa desde que iniciou seu negócio. “Fora o aluguel e os funcionários, meu maior gasto é a água. Daqui a pouco, fica o mesmo preço que combustível. De 10 anos para cá, teve quase 1000% de aumento”.

O floricultor afirma que no período de estiagem gasta muito mais com a rega das plantas, porque recolhe a água da chuva com calhas para reutilizá-la na irrigação. Além disso, o clima mais úmido faz com que as plantas resistam mais com ausência de água. “No período de chuva a planta consegue ficar de três a cinco dias sem água. Já na época de estiagem elas acabam sofrendo mais e necessitam de mais rega”.

Abastecimento universalizado

A Companhia de Saneamento de Goiás afirma que o abastecimento de água no Estado está universalizado, com atendimento de 5,7 milhões de habitantes, o que corresponde a 97% da população urbana de Goiás. Para Fabiano, o serviço prestado pela Saneago continua o mesmo de10 anos atrás. “A gente não conhece a água que a gente paga. Não tem mais propaganda da Saneago para falar da qualidade da água que a gente consome.

Além disso, Fabiano afirma que não acha correto que a taxa de recolhimento de esgoto e de abastecimento de água sejam cobradas de forma conjunta. “No meu negócio, por exemplo, eu uso muito pouco esgoto. Aqui nenhum funcionário toma banho. Usa no máximo o banheiro e a pia. Meu maior gasto é só com o abastecimento de água, acho que deveriam ser descriminados de forma distinta na conta”, reclama o empresário.

AGR classifica serviços como “muito bons” 

A Agência Goiana de Regulação afirmou por meio de nota que a manutenção das instalações e conservação é um dos itens que a agência verifica nas fiscalizações. “A Saneago tem procurado solucionar todas as não conformidades detectadas nas fiscalizações em relação a manutenção e conservação das estruturas físicas. As que ela não consegue atender no tempo dado por nós, ela tem pedido prazo, principalmente naquelas que demandam licitações”.

A Agência ainda afirma que o patrimônio está bem conservado e a qualidade dos serviços prestados é avaliado como muito bom. Sobre a gestão de reclamações, a AGR afirma que as reclamações que chegam ao órgão são aquelas que o usuário não está de acordo com o que foi proposto pela Saneago e por isso estão em baixo número.

Balanço de seis meses

Na apresentação do balanço de seis meses de gestão da Companhia de Saneamento de Goiás, na Estação de Tratamento de Água Meia Ponte, o Governador Ronaldo Caiado afirmou que não houve reajuste na tarifa social e que a maior parte dos gastos da empresa foi com energia elétrica e isso foi o principal motivo para o aumento. “Zero de reajuste para todas as pessoas de baixa renda. Temos que buscar alternativas a fim de baratear os gastos”. O governador ainda citou a energia solar como uma possibilidade.

O reajuste foi anunciado em maio deste ano. Na época, houve manifestação contrária de dois vereadores da Câmara Municipal de Goiânia que pediram a suspensão do reajuste de 5,79% nas tarifas de água e esgoto de Goiânia. Álvaro da Universo (PV) e Alfredo Bambu (Patriota) cobraram explicações técnicas da Saneago e da Agência Goiana de Regulação (AGR) sobre o reajuste. O aumento anunciado passou a ser calculado em junho e passou a valer a partir da última terça-feira (16).

Vereadores são contra aumento

No requerimento apresentado na Câmara Municipal, Álvaro fala sobre um estudo divulgado pelo Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento (SNIS) que aponta Goiás como detentor da tarifa média de saneamento mais cara do País. “Nós pedimos para essas tarifas serem revistas. Esse aumento não é justificável, principalmente porque eles não comprovam o porquê do reajuste. Já tem uma das tarifas mais caras do Brasil. Se a tarifa é baseada no serviço que eles estão prestando, não está de acordo. Deve ter reajuste anual, desde que acompanhe a melhora no serviço”, justificou.

De acordo com o vereador, a maior parte das reclamações da população que chegam a Câmara Municipal estão relacionadas ao serviço de água e luz. “A população reclama que os serviços prestados estão aquém do que as companhias poderiam prestar. Luz e saneamento é uma das maiores reclamações aqui na Câmara. Eles tem que fazer esse repasse de aumento em qualidade de serviço. É reclamação demais: abastecimento, esgoto, demora no atendimento do serviço à população. Principalmente nas regiões mais afastadas do Centro”.

Não é só na Câmara Municipal que chegam reclamações sobre o serviço prestado pela Saneago. De acordo com o Ranking de Fornecedores no Atendimento/Reclamação divulgados pelo Procon Goiás, a Companhia de Saneamento de Goiás figura entre os 50 fornecedores de serviços que mais tiveram reclamações perante o órgão nos últimos três meses. De acordo com o documento, 132 foi o número de reclamações sobre a companhia no período entre abril e junho deste ano.

Já no requerimento enviado pelo vereador Alfredo Bambu ao prefeito Iris Rezende (MDB), o parlamentar afirma que o aumento é “intempestivo e irregular”. Segundo ele, a tarifa não poderia ser aplicada sem homologação do prefeito de Goiânia.

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