Segunda-feira, 08 de julho de 2024

Passarelas, sozinhas, não resolvem

Segundo Polícia Rodoviária Federal, construção de novas passarelas não soluciona problemas de atropelamento

Postado em: 22-07-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
Imagem Ilustrando a Notícia: Passarelas, sozinhas, não resolvem
Segundo Polícia Rodoviária Federal, construção de novas passarelas não soluciona problemas de atropelamento

Igor Caldas

Especial para O Hoje

As passarelas na Região Metropolitana são necessárias para evitar que pedestres sejam atropelados nas rodovias do perímetro urbano. No entanto, em alguns lugares, a falta dessa infraestrutura faz com que a população se arrisque para chegar ao outro lado da via. Em outros, mesmo com a construção de passarelas, o pedestre insiste em fazer o caminho mais curto e mais arriscado. Para o inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Newton Moraes, a solução não está construção de mais passarelas, mas na conclusão do Anel Viário da Capital.

Continua após a publicidade

O inspetor explica que o crescimento da cidade transformou as rodovias em verdadeiras avenidas da cidade. “Hoje temos em torno de 26 quilômetros de rodovias consideradas perímetro urbano, onde temos passarelas bem distribuídas. A BR, por exemplo, foi construída longe da cidade. Mas o espaço urbano foi crescendo em torno dela, que deixou de ser uma rodovia e passou a ser uma grande avenida da RM de Goiânia. Além dos pedestres, existem grandes empresas à margem. Escolas, eventos, estádio, órgãos públicos e faculdades que compõem um grande aglomerado urbano”. 

A equipe de reportagem do jornal O Hoje averiguou situação perigosa para os moradores do Residencial Vale dos Sonhos, no quilômetro 137 da BR-153. O cidadão que quer passar para o outro lado da BR tem que andar mais de um quilômetro até chegar a passarela mais próxima, onde pode fazer a travessia com segurança ou correr para o outro lado da via, pulando as barreiras físicas, e rezando para não ser atropelado. Segundo o policial, passam, em media, 60 mil veículos no perímetro urbano da BR-153.   

Atropelamentos

O inspetor afirma que os atropelamentos naquele quilômetro são constantes. “Próximo ao Residencial Vale dos Sonhos temos atropelamentos constantes. Isso por que aquela região ainda não está completamente urbanizada, mas não tarda para chegar grandes empresas, escolas e faculdades”. Ele ainda afirma que os atropelamentos são constantes na BR-153 também na proximidade do Ceasa, próximo ao Rio Meia Ponte, ao Estádio Serra Dourada e a uma fábrica de alimentos.

O policial rodoviário ainda afirma que em alguns dos lugares citados, há passarelas, mas elas não são utilizadas. No entanto, ressalta que a construção dessas estruturas são paliativas.  “Analise a situação: Se você construir uma passarela a cada 500 m de rodovia no perímetro urbano, como que vai ser? A cidade vai continuar a crescer às margens da rodovia e o problema não vai ser solucionado. A única solução é o anel viário para diminuir o tráfego de veículos, principalmente caminhões e carretas para deixar a travessia segura“, afirma Newton.

O policial diz que isso só vai acontecer com a conclusão do anel viário da Região Metropolitana de Goiânia. “Esse eixo de Hidrolândia até o Ceasa, são 26 quilômetros de parte de uma das principais rodovias que corta o interior do Brasil. É o maior corredor de trânsito que começa no Rio Grande do Sul, passa por Santa Catarina, São Paulo, Goiás, Tocantins e termina no Pará. São muitas carretas caminhões que passam por aí”. De acordo com o policial, a conclusão do anel viário vai afastar esses veículos pesados da rodovia e diminuir o risco aos pedestres.

Falar ao celular

Ele afirma que a infração de trânsito mais recorrente e a que mais compromete a segurança do pedestre no perímetro urbano da rodovia é falar ao celular enquanto dirige. Foram multadas pelo menos 200 pessoas falando ao telefone no carro na última quinta-feira (18) no perímetro urbano da BR-153. “Essa infração também é grave nas grandes avenidas de Goiânia. Qual avenida da Capital você anda a 80 km/h? Na rodovia o risco multiplica por causa da velocidade. O monitoramento por câmeras conseguiu diminuir o número, mas ainda é grande”. 

Qualquer obra no perímetro urbano da BR-153, inclusive a conclusão do Anel Viário, precisa passar pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e direcionada para a concessionária que faz a gestão desse trecho da BR-153, a Triunfo Concebra. 

 

Passarela na GO-040 é ignorada por pedestres 

A equipe de reportagem do jornal O Hoje esteve na GO-040, na passarela José Hipólito Da Silva, no bairro Garavelo, e flagrou pedestres ignorando a estrutura para fazer a travessia pela via dos carros. De acordo com o policial rodoviário federal, inspetor Newton Moraes, a ação constitui em uma infração que é passível de multa. No entanto, existe uma dificuldade grande para fiscalização dessas infrações.

“[A infração] É previsível de multa, mas nunca vi ninguém aplicando. Existe uma dificuldade muito grande para fazer essa fiscalização. Carro que é carro, emplacado não damos conta de autuar tudo que tem, imagina os pedestres. Não temos condição de colocar um policial a cada 500 metros de rodovia. São 78 mil quilômetros de rodovias para 9 mil servidores da PRF”, calcula o inspetor.

Ele ainda explica sobre a dificuldade de conscientizar a população para o uso da passarela.  Mesmo com a estrutura para levar ao outro lado com segurança, as pessoas têm a coragem de atravessar a BR pulando os obstáculos físicos, muretas de concreto e cercas com sacolas de compras de supermercados. Já flagrei idosos, crianças e mães com bebês se arriscando dessa forma.   

De acordo com a superintendência de Goiás do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), algumas ações são feitas em prol da conscientização de trânsito. O órgão tem projetos em educação de trânsito com realização de palestras em escolas e instrução a professores para inclusão de educação de trânsito no conteúdo didático para os jovens.

A Agência Goiana de Infraestrutura e Transportes (Goinfra) afirma também que trabalha periodicamente com a parceria do Comando de Policiamento Rodoviário (CPR) da Polícia Militar do Estado de Goiás (PM-GO) para campanhas educativas e de conscientização, voltadas para a segurança de motoristas e pedestres nas rodovias estaduais.

 

Veja Também