Resgate da história da Praça do Cruzeiro

Higor Santana

De acordo com a Prefeitura de Goiânia, nos próximos dias devem ser iniciadas as obras de revitalização da Praça do Cruzeiro, no Setor Sul. Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh), o objetivo da reforma é resgatar o lado histórico do local e transformar a praça em espaço de convivência social. Avaliada em R$ 800 mil, a obra que está sendo preparada para receber o BRT Goiânia, tem previsão para ser entregue em outubro deste ano. A iniciativa integra o Projeto ReViva Goiânia, que visa revitalizar áreas históricas da Capital.

De acordo com o titular da Seplanh Henrique Alves, há o planejamento de instalação de estações de pontos de parada do BRT na praça. No entanto, a 7ª Promotoria de Justiça de Goiânia, ponderou sobre eventuais impactos gerados pelo número de viagens e fluxo de pessoas no local em razão das estações.

A promotora Alice de Almeida Freire manifestou preocupação com as intervenções que serão promovidas na praça, que é tombada pelo patrimônio histórico municipal. Entretanto, a superintendente de Planejamento e Gestão Sustentável da Seplanh, Zilma Peixoto, afirmou que o projeto executivo da obra é compatível com a possibilidade de se alocar ou não as estações na praça.

Alice reiterou ainda que, é preciso garantir a preservação e o uso da praça de acordo com os aspectos legais previstos para bens tombados, garantindo que não haja destruição ou descaracterização. No mês passado, ela reuniu-se também com representantes da Secretaria Municipal de Infraestrutura e da Procuradoria-Geral do Município para obter esclarecimentos sobre este assunto.

Reforma

De acordo com a Seplanh, o projeto de revitalização pretende refazer o paisagismo da praça, reconstruir a fonte com um espelho d’água, realizar a valorização do cruzeiro, construir um parque infantil e uma estação de ginástica, além de melhorar a sinalização no entorno da praça. A revitalização propõe ainda a criação de duas lombo-faixas ao redor da praça, sendo uma entre as ruas 88 e 86 e outra entre a Avenida 84 e Rua 87. 

Esses equipamentos são faixas elevadas ao nível do meio-fio, que permitem uma travessia com maior segurança devido que os motoristas de veículos necessitam reduzir a velocidade para continuar o trajeto. 

Logo após as lombo-faixas, o projeto prevê um trecho totalmente gramado, em que será permitida a instalação das estações de embarque e desembarque do BRT Norte-Sul, que passa pela via. As estações são de responsabilidade do consórcio que realiza o corredor exclusivo de ônibus. 

O secretário de Planejamento e Habitação, Henrique Alves, que coordena o programa Reviva Goiânia, explicou que a reforma da praça não trará mais transtornos na região, já que será feita no espaço interno. “O bem é tombado e vamos dar uso, com visitações das pessoas, gerar movimento até para que se tenha a preservação. Vamos ter atividades lúdicas para que as pessoas possam conviver com o bem”, relatou.

Praça do Cruzeiro é patrimônio municipal dos goianos 

O Cruzeiro era o único bem tombado na praça até 2014. No caso, a ação do MP-GO foi proposta em 2010, quando a prefeitura queria mudar a configuração do espaço para favorecer o tráfego de carros, o que cortaria a praça e instalaria 12 semáforos, sendo impedido judicialmente em razão da importância histórica do espaço, em que foi realizado o batismo cultural de Goiânia, em 1947. 

Após reiterados recursos do município, a praça tornou-se patrimônio histórico municipal em 2014. Na decisão do Tribunal de Justiça de Goiás, foi apontado que o local tem notório valor histórico-cultural para a comunidade goianiense. Seu tombamento é medida que se impõe, a fim de preservar esses valores para as presentes e futuras gerações.

O relator do processo, o juiz substituto em segundo grau, Delintro Belo de Almeida Filho, defendeu que a praça é símbolo histórico para as próximas gerações. “A Praça do Cruzeiro está localizada num dos bairros mais antigos desta Capital, cujo projeto era revolucionário na época de sua construção e representa a memória cultural que norteou a construção de Goiânia”, explicou. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)