Presídios estão sem bloqueadores há um ano

Há quase um ano e meio unidades do sistema prisional deixaram de contar com sistema de bloqueio. MP envia ação para contratação de nova empresa

Postado em: 28-07-2019 às 21h50
Por: Sheyla Sousa
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Há quase um ano e meio unidades do sistema prisional deixaram de contar com sistema de bloqueio. MP envia ação para contratação de nova empresa

Higor Santana

De acordo com a Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP), há cerca de um ano e três meses, presídios do Estado deixaram de contar com o sistema de bloqueador de celulares. Isso porque, segundo a DGAP, por falta de pagamentos, a empresa que era responsável pela manutenção dos equipamentos em Goiás rompeu o contrato com o Estado no ano passado.

Segundo o promotor de Justiça Marcelo Celestino, devido a falta desse equipamento, quadrilhas passaram a agir e comandar o crime organizado de dentro das cadeias. “Crimes graves que acontecem fora das cadeias estão sendo comandados de dentro dos presídios”, explica.

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Em 2015, 170 bloqueadores foram instalados só no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. Mas em maio de 2018 deixaram de funcionar. Desde então, nenhum presídio estadual passou a contar com os bloqueadores. Entretanto, de acordo com a administração penitenciária, os serviços apresentados pelos aparelhos demonstraram a ineficiência na execução de suas finalidades nas unidades de detenção.

De acordo com a DGAP, não há um registro específico de apreensões de aparelhos celulares no sistema de dados da instituição, e sim um registro geral de apreensões de materiais ilícitos, o qual é reservado à segurança penitenciária. A administração ressaltou ainda que diariamente são executadas revistas em todas as celas das unidades prisionais do Estado para coibir o acesso de presos a materiais ilícitos ao ambiente do cárcere.

Para o promotor, cabe ao Estado definir o futuro dos bloqueadores nas unidades prisionais. “Várias empresas já procuraram tanto Ministério Público, quanto a administração prisional, e mostraram as tecnologias que estão disponíveis inclusive algumas até de Israel. Agora o que acontecia é que a empresa que prestava serviço, ela não vinha recebendo. É lógico, não recebendo, ela não tem recurso para ficar investindo na melhor tecnologia sendo que não tem perspectiva de receber nada”, explicou o promotor. 

MP envia ação civil sobre sistema de bloqueadores 

Pensando na atual situação dos bloqueadores de celulares em Goiás, o Ministério Público de Goiás (MP-GO), ingressou uma Ação Civil Pública solicitando que o governo contrate, por meio de licitação, uma nova empresa para assumir a instalação de bloqueadores de sinais de celulares nas unidades prisionais do Estado. 

O documento estabeleceu um prazo de seis meses para que uma empresa seja contratada. Então, o promotor de Justiça Marcelo Celestino, sugeriu que uma nova licitação seja aberta em até 60 dias. Mas, de acordo com Celestino, o edital para contratação de uma nova empresa ainda não foi publicado.

“É uma situação muito difícil. Coloca em risco a população, tendo em vista que as lideranças das facções criminosas estão dentro do complexo prisional fazendo comunicação externa, determinando o cometimento de crimes”, disse o promotor.

Bloqueadores

Funcionando por meio de antenas que emitem ondas na mesma frequência que o aparelho celular, os bloqueadores impendem a comunicação com as operadoras responsáveis pelo sistema de telefonia. As antenas emitem ruídos que se confundem com os sinais dos telefones, fazendo com que o aparelho fique fora da área de cobertura da empresa telefônica.

No Brasil, os bloqueadores só devem ser instalados em áreas de segurança mediante aprovação do governo. Além disso, é preciso seguir as especificações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). 

O órgão diz que permitirá a instalação e o uso de equipamentos de bloqueio de sinal de telefones celulares e de outros serviços de radiocomunicação pelas Polícias Federal, Militar e Civil em todo o País, e em presídios brasileiros, por indicação exclusiva do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)

 

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