Violência motiva câmeras em 300 escolas

A Secretaria de Estado da Educação vai monitorar as escolas com maior risco de violência

Postado em: 30-07-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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A Secretaria de Estado da Educação vai monitorar as escolas com maior risco de violência

Igor Caldas

A secretária de Estado da Educação de Goiás (Seduc), Fátima Gaviolli, afirmou, na manhã da última segunda-feira (29), que serão instaladas câmeras de monitoramento em 300 escolas do Estado consideradas mais vulneráveis. O projeto faz parte de uma parceria entre a Seduc e a Secretaria de Segurança Pública, o Protocolo de Segurança (PSE), que visa oferecer à comunidade escolar ferramentas que instrumentalizam um ambiente de paz e segurança, tanto na prevenção quanto relativo às ameaças presentes na vida em sociedade.

O monitoramento será feito em tempo real de dentro da Superintendência de Administração da Secretaria. A nova medida foi anunciada durante o balanço dos primeiros seis meses de gestão da Seduc. No mesmo evento foram lançados os programas Protocolo de Segurança Escolar e do Programa Mais Merenda.

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A titular da pasta, Fátima Gaviolli afirmou que ainda não tem o número de quantos funcionários vão trabalhar no monitoramento porque o projeto ainda está em andamento. Ela ainda informou que o número de câmeras em cada escola vai depender do projeto de segurança, mas afirma que ele pode variar de 5 a 15 câmeras em cada unidade.

Invasões 

Alvo de invasões constantes, o Colégio Estadual Professora Lousinha de Carvalho, no setor Criméia Oeste, em Goiânia não é um ambiente de paz. A unidade sofreu mais uma invasão no último domingo (28). Quatro jovens pularam o muro da escola, dois deles menores de idade, depredaram e realizaram furtos do patrimônio na Escola. De acordo com uma servidora que não quis ser identificada, não é a primeira vez que isso acontece. A escola foi invadida três vezes apenas nesta semana.

O programa Protocolo de Segurança também objetiva auxiliar toda a comunidade escolar, para proporcionar maior segurança e agilidade na tomada de decisões e na elaboração de um plano de emergência diante de uma crise. De acordo com a servidora que conversou com a equipe de reportagem do O Hoje, o Colégio Estadual Professora Lousinha está em uma situação emergencial. A funcionária afirma que as ações criminosas são mais comuns nos meses de janeiro e julho. A unidade também sofreu uma invasão na última quinta-feira (25).

“Achei uma grande falta de responsabilidade da Secretaria de Educação que não renovou o contrato do vigilante para o mês de julho, que é o mês mais complicado em relação à segurança. A escola tem paralisação de atividades nas férias escolares e acaba ficando mais vazia. Essa é a hora que os invasores aproveitam”. A funcionária teme que não reste muita coisa na unidade quando as aulas voltarem em agosto.  “Depois da invasão descobrimos que os suspeitos são moradores do setor e um deles é ex-aluno do colégio”, relata a colaboradora.

O muro baixo da escola não tem altura suficiente para impedir invasões. A barreira física que separa a rua da parte interna da unidade também não possui cerca, arame farpado ou qualquer elemento que dificulte a ação de um invasor. “Eles pulam aqui direto. Na maioria das vezes é só para depredar o patrimônio da escola. Dessa vez roubaram dois botijões P45 (grandes que comportam até 45 kg de gás) quebraram fechaduras, e arrancaram a porta da cozinha onde são guardadas as panelas”, afirma a servidora.

A reportagem do O Hoje esteve nas instalações do colégio e averiguou o arrombamento de portas e os furtos realizados no local. A falta do botijão de gás P45 é motivo de preocupação com a segurança das crianças que estudam na escola. “Esses botijões maiores eram colocados do lado de fora para garantir a segurança dos estudantes. Agora, a gente arranjou botijões menores que deverão ser instalados na parte interna, comprometendo a segurança dos alunos em caso de acidente”.

Ela ainda afirma que a diretora e outros funcionários da escola estão custeando as despesas com as depredações porque é difícil conseguir verba da Seduc. “A gente faz vaquinha aqui para consertar as portas e fechaduras. Já foram gastos mais de R$ 2 mil em reparos e manutenção do que foi quebrado”, afirma a funcionária. A titular da pasta da Secretaria de Estado de Educação afirma que o Colégio Estadual Professora Lousinha está em processo de municipalização.

“A partir do ano que vem essa escola será responsabilidade do município. No entanto, até lá a responsabilidade é nossa. A diretora mandou as fotos das depredações para mim. Hoje faremos uma vistoria da unidade para ver o que pode ser feito de imediato. Também vou verificar se ela está na lista das escolas com maior vulnerabilidade e como será o monitoramento de segurança feito pelo município no ano que vem”, afirma a secretária.

Fátima ainda afirma que a prioridade na instalação das câmeras será para as escolas que apresentam alto risco de violência, registrando no programa Goiás 360 que monitora quando um professor sofre violência dentro das escolas. Em relação ao furto e roubo, que também foi levado em consideração, é registrado um boletim de ocorrência que é enviado pela secretaria para ser registrado.

 

Moradores do setor denunciam insegurança 

No último domingo, o vigia, que não é servidor da escola, chegou por volta das 19 horas e acionou a Polícia Militar (PM). Os militares encontraram dois dos criminosos dentro da unidade. A servidora afirma que eles arrebentaram a porta da cozinha e picharam uma parte do colégio.

A funcionária ainda afirma que nesta última oportunidade, os invasores tentaram desmontar um aparelho de ar condicionado. Das outras vezes que invadiram, eles levaram dois botijões de gás e arrebentaram portões de ferro.

De acordo com Antônio Mardone, vizinho da unidade de educação, a polícia demorou cerca de 30 minutos para chegar ao local depois de ser acionada pelo vigilante. No entanto, os militares ainda encontraram dois dos invasores dentro da escola. Um deles, era ex-aluno. “A gente sabe que alguns alunos são mais problemáticos dentro da escola. Alguns acabam se envolvendo com o crime e como estudaram na escola, sabem os lugares mais vulneráveis”, afirma a funcionária da unidade.

Antônio afirma que a segurança no bairro deixa a desejar. “Tem semana que você vê viaturas dos batalhões especiais passarem nas ruas de 20 em 20 minutos. Depois, você fica um mês sem ver carro de polícia. Do que adianta dar atenção um dia e ficar um mês sem aparecer?”, indaga o morador do bairro.

Estado promete reformas 

Além de comemorar feitos como o lançamento de programas e quitação de dívidas, o governador promete, no documento, a entrega de reformas em 32 escolas de Goiás até o mês de setembro deste ano.

No balanço divulgado, Ronaldo Caiado comemorou o lançamento de programas na área da Educação como o Mais Merenda, Aprender para Avançar e o Goiás Bem no Enem, e também celebrou a quitação de dívidas da última gestão como os salários de dezembro dos servidores, de parcela de R$ 12 milhões do transporte escolar, relativa a 2018, e de parcelas da merenda escolar no valor de R$ 8.416.641,92, também de 2018. 

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