Um mar de motos apreendidas

Mais de duas mil motocicletas estão apreendidas em só um dos pátios do Detran por débitos no licenciamento.

Postado em: 01-08-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Mais de duas mil motocicletas estão apreendidas em só um dos pátios do Detran por débitos no licenciamento.

Higor Santana

Segundos dados do Departamento de Trânsito de Goiás (Detran-GO), só em 2019, 1.039 motocicletas, já foram apreendidas em todo o Estado provenientes da inadimplência do Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). A Secretaria da Fazenda do Estado de Goiás (Sefaz) estima que cerca de R$ 1 milhão, é arrecadado por mês, com apreensões de carros e motos em Goiás. Segundo o Detran, metade da arrecadação fica com o Estado e metade com o município onde o carro foi emplacado.

Ainda de acordo com o órgão, cerca de 2.300 estão apreendidas em um dos pátios localizado as margens da GO-060, próximo a cidade de Abadia de Goiás, na Região Metropolitana. Os pátios abrigam veículos recolhidos por irregularidades como mau estado de conservação ou falta de licenciamento. 

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Um levantamento feito pela Sefaz mostrou que só no primeiro trimestre de 2018, fiscais da Gerência de Arrecadação e Fiscalização da Sefaz interceptaram 1.102 veículos em débito do imposto, durante uma operação realizada na Capital e interior. Segundo a pasta, só em Goiânia foram autuados mais de 400 veículos naquele período, totalizando pagamento de R$ 376.654. 

Em Anápolis foram arrecadados R$ 214 mil e autuados 220 veículos. Já em Itumbiara, entre IPVA e licenciamento, os 140 condutores inadimplentes desembolsaram R$ 145 mil. A operação em Formosa arrecadou R$ 130 mil, com 125 veículos autuados. Em Luziânia, 85 veículos foram apreendidos, os proprietários tiveram de pagar aos cofres públicos R$ 63.666,73. E em Catalão, autuou-se 113 veículos, com recolhimento de R$ 75 mil.

As blitz são realizadas nas principais avenidas das cidades e o motorista inadimplente parado tem de pagar também licenciamento e o seguro DPVAT. Pelos cálculos do Fisco estadual, em Goiás, a omissão do IPVA é de aproximadamente 15%. A fiscalização conta ainda com a utilização de equipamento de Reconhecimento Óptico de Caracteres, que lê a placa do veículo e aponta possíveis irregularidades, se houver.

O Detran administra pátios em Goiânia, Goianira e Jataí, que juntos somam mais de 15 mil veículos apreendidos, sendo aproximadamente cinco mil automóveis e 12.355 motocicletas. Nos demais municípios, são utilizados pátios de prefeituras ou do Batalhão da Polícia Militar.

Apreensão

A apreensão de veículo é uma das penalidades previstas no Código de Trânsito Brasileiro para infrações como dirigir sem CNH, disputar corridas e se recusar a apresentar documentos à autoridade quando solicitado. De acordo com determinação da Lei Federal 13.160, os veículos apreendidos ou removidos e não reclamados por seus proprietários dentro do prazo de 90 dias, contados a partir da data do recolhimento, podem ser avaliados e levados a leilão.

O veículo apreendido na blitz é levado ao pátio onde ficará até que seja providenciada sua retirada. A liberação do veículo estará sujeita a algumas condições, como o pagamento de taxas de guincho, diárias e débitos relativos ao documento do veículo, caso não esteja em dia. Após sanada as irregularidades é solicitado no Vapt Vupt do Detran a liberação, é gerado um documento de liberação e repassado ao proprietário para ir no pátio e retirar o veículo. 

Liberação

Para liberação do veiculo é necessário que o proprietário regularize todas as pendências. O proprietário deve solicitar os boletos referente às de taxas em unidade de atendimento Vapt Vupt, Ciretran ou sede do Detran, após sanar todas as irregularidades voltar na unidade e pegar liberação para retirada do veículo no pátio.

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO), pouco mais de 6.400 veículos foram apreendidos em todo o estado em 2018. Goiânia é responsável por mais de 46% das apreensões de veículos no Estado. Na Capital foram apreendidos cerca de 2.500 veículos em 2018. Em Anápolis foram 591, e na Cidade de Goiás, 391.

De acordo com o Detran, existe uma busca contínua para a criação de oportunidades para a retirada dos veículos e para que os usuários resolvam as irregularidades no ato da operação em que o condutor da motocicleta ou do automóvel parado. Assim como do cumprimento do prazo para regularização e retirada do veículo dos pátios evitando os danos.

Conforme o órgão, existem também ações para a rotatividade de veículos nos pátios como leilões de veículos apreendidos. Segundo o departamento de trânsito, o objetivo dos leilões é que os veículos não fiquem em estado de deterioração expostos no pátio. 

Detran vai credenciar instituições para parcelar débitos veiculares 

O Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO) informou que abriu novo processo de credenciamento de empresas interessadas em operar, por meio de cartões de crédito ou débito e outras formas de pagamento, inclusive digital, o recebimento de multas de trânsito, licenciamento e demais tributos vinculados a veículos registrados no estado de Goiás. 

A medida, segundo o órgão, busca ampliar a concorrência e dar maior transparência à transação financeira entre as instituições e os proprietários de veículos. As novas regras constam na Portaria nº 633/2019, publicada no Diário Oficial, na última quinta-feira (25).

Ainda segundo o Departamento, poderão se credenciar empresas e instituições financeiras que queiram oferecer aos proprietários de veículos a opção de pagar IPVA, licenciamento e multas aplicadas por órgãos autuadores que autorizam o parcelamento ou arrecadação por meio de cartões de crédito ou débito. Para isso, precisam cumprir as regras da portaria e passar pela prova de conceito, que atesta se a candidata tem capacidade técnica de efetuar o serviço com segurança.

O Detran informou ainda que, mesmo as empresas já credenciadas para operar o serviço, devem se adequar à nova portaria. Entre as mudanças está uma que prevê maior transparência no trato com o usuário. Elas terão que informar, em seus portais, as condições de pagamento e as taxas de juros cobradas nas transações. “Queremos dar maior comodidade ao contribuinte. Para que ele possa escolher com facilidade a instituição que lhe ofereça as melhores condições de crédito”, afirmou o diretor Técnico e de Atendimento, Isac Silva de Souza.

Os débitos com a dívida ativa, em processo de cobrança administrativa e de veículos registrados em outros estados não poderão ser parcelados. Para o pagamento, o contribuinte poderá utilizar até três cartões de crédito e/ou débito. O parcelamento é de inteira responsabilidade do proprietário junto à empresa credenciada, que deverá repassar o valor integral do débito à vista ao Detran.

De acordo com o diretor, as empresas ou instituições terão que obedecer ao teto estabelecido para cobrança de taxas e juros. Ele será calculado com base no valor médio da tabela do Banco Central. A iniciativa visa coibir a cobrança de juros abusivos. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian) 

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