Mesmo após aumento da tarifa, transporte público de Goiânia continua sem melhorias

Após quatro meses do último aumento tarifário, usuários do transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia afirmam que melhorias ainda não foram realizadas – Foto: Wesley Costa

Postado em: 14-08-2019 às 18h15
Por: Leandro de Castro Oliveira
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Após quatro meses do último aumento tarifário, usuários do transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia afirmam que melhorias ainda não foram realizadas – Foto: Wesley Costa

Ingryd Bastos

Apesar do último aumento da tarifa, de R$ 4,00 para R$ 4,30, em abril desse ano, usuários afirmam que melhorias e investimentos no transporte público de Goiânia e região ainda não aconteceram. Ônibus lotados, descumprimento de horários e veículos sucateados são algumas das principais reclamações dos passageiros. Alguns clientes também dizem que, mesmo após o período de férias, muitas linhas ainda não voltaram à normalidade. 

“A impressão é que diminuem os ônibus nas férias, mas não retomam a frota normal quando voltam às aulas. Está sempre lotado”, afirma o técnico de informática, Diego Alfonso, de 33 anos, que mora em Trindade e precisa do transporte coletivo diariamente. Segundo ele, a qualidade do serviço fica ainda pior em período letivo.

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Outra reclamação apontada por Diego é sobre a qualidade dos veículos. Segundo o passageiro, na semana passada, enquanto se deslocava para o trabalho, o ônibus da linha 002 – Parque Atheneu/Centro – quebrou próximo a praça do Cruzeiro, em Goiânia. “O motorista já vinha reclamando e dando arrancos desde a Avenida Goiás, até que a embreagem quebrou e ficamos na mão. Cheguei atrasado ao serviço por causa de ônibus velho”, disse o técnico de informática.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Federal de Goiás (IFG) – Campus Goiânia sobre mobilidade urbana, a desorganização e falta de informações sobre horários e itinerários das linhas de ônibus também estão entre as principais reclamações dos usuários. O especialista em transportes, Marcos Rothen, afirma que a falta de planejamento da mobilidade do município pesam negativamente na avaliação de qualidade do serviço de transporte coletivo. 

“Nas linhas mais afastadas do Centro de Goiânia, por exemplo, verificamos que os ônibus têm um horário fixo, mas como isso não é informado aos passageiros, eles acham que o ônibus não tem horário e acabam ficando mais tempo esperando pelos veículos. A informação ao passageiro é um princípio básico do sistema de transporte coletivo”, explica o especialista.

Apesar da existência de um aplicativo de celular que ajuda nas informações sobre o transporte público, a pesquisa concluiu que não é o suficiente, visto que muitas pessoas não têm acesso ou não consegue manusear a ferramenta. “O investimento feito em tecnologia de ponta não foi estendido à formação dos operadores da Rede Metropolitana de Transporte Coletivo de Goiânia”, destaca o professor.

Valor injusto

O baixo investimento realizado pelas companhias de transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia, mesmo com o reajuste das passagens, é a principal reclamação dos passageiros. Para a maioria dos clientes que utilizam a rede pública diariamente, o valor não condiz com a realidade dos serviços prestados pelas empresas. 

Para Laryssa Araújo Silva, de 23 anos, o preço da passagem é incoerente com a qualidade do transporte. “É um absurdo, todo ano aumenta o preço, mas desde que me entendo por gente nunca melhorou. São ônibus super lotados e atrasados. Pelo menos uma vez por semana algum ônibus que pego estraga”, diz a passageira.

Ela também relata o caos nos terminais de ônibus, como o do Vera Cruz, próximo à Trindade, onde passa diariamente. “Teria que usar uma armadura para pegar o Eixo no terminal Vera Cruz para não me machucar de tão cheio. Fora a demora, aí fica todo mundo louco para ir embora ou chegar ao trabalho, então é complicado”, conta.

Respostas

A equipe de reportagem do O Hoje online entrou em contato com os órgãos responsáveis pelo transporte público a respeito das reclamações. Até o momento da publicação da matéria, as ligações realizadas para a empresa pública gestora da Redemob, Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), não foram atendidas.  Já a Redemob informou que não é responsável pela fiscalização ou infraestrutura do serviço.

A Metrobus, empresa responsável pelos 14 quilômetros de Eixo Anhanguera, mais as extensões de Trindade, Senador Canedo e Goianira informou que há cerca de 130 veículos à disposição para o atendimento dessas rotas, sendo que 99 unidades funcionam em horários de pico simultaneamente. Já o restante fica como reservas, visto que diariamente alguns ônibus precisam passar por vistorias e reparos.

Com relação à demora e superlotação no Terminal Vera Cruz, a Metrobus respondeu em nota que uma equipe vai realizar um estudo técnico para verificar se existe a necessidade de aumentar a frota para atender a demanda da região.

 

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