Cidade parada: ruas estranguladas

Com a sexta maior frota de carros do país, Goiânia está se tornando uma das piores no quesito engarrafamentos. Foto: Wesley Costa

Postado em: 15-08-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Com a sexta maior frota de carros do país, Goiânia está se tornando uma das piores no quesito engarrafamentos. Foto: Wesley Costa

Higor Santana 

Dando continuidade à série de reportagens sobre o trânsito na Capital, o jornal O Hoje aborda os problemas enfrentados pelos motoristas com os pontos de estrangulamento e congestionamentos no trânsito de Goiânia. De acordo com dados da Secretaria Municipal de Trânsito (SMT), a velocidade média atingida por veículos nos horários de pico no trânsito em Goiânia, varia de 15 a 20 quilômetros por hora, média parecida com o trânsito de São Paulo, maior metrópole da América do Sul com uma população 17 vezes maior do que a capital goiana. Ainda segundo a pasta, os principais pontos de congestionamentos da cidade, geralmente são locais de comércio intenso ou vias que dão acesso a bairros adjacentes na Região Metropolitana. 

Segundo o Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), mais de 1,22 milhão de veículos estão registrados na Capital. Com uma média de quase um carro por habitante, Goiânia conta hoje com a sexta maior frota de veículos do país. O Detran estima que de toda a frota, mais de milhão, dentre carros, caminhões, motos, carretas, entre outros, circulam pela cidade diariamente ou ao menos uma vez por semana. E isso, segundo o órgão, afeta diretamente no aumento dos congestionamentos. 

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O motorista de aplicativo Alexandre Moreira Tobias é um dos milhares de motoristas que sofrem todos os dias com os engarrafamentos. O jovem de 26 anos conta que por rodar muito pela cidade, vê de perto os problemas. “Um exemplo é a Marginal Botafogo. Alí, na altura da região da 44, não tem um dia sequer que o trânsito não fica parado. Teve uma vez que eu fiquei mais de 40 minutos para sair da rodoviária e ir até o Setor Sul. Eu acho que Goiânia não cabe esse tanto de carro, e se cabe, está mal organizado. O preço da gasolina já é uma facada e ainda tem que ficar horas preso no trânsito não tem condições”, desabafa o rapaz.

Pontos críticos

Conforme o levantamento da SMT, além da Marginal Botafogo, existem vários outros pontos em que os motoristas sofrem com os estrangulamentos na Capital. Segundo a pasta, a Avenida 85 lidera o ranking com maior índice de congestionamentos. Em seguida, aparecem as Avenidas Jamel Cecílio, Contorno, Castelo Branco, Rio Verde, Anhanguera, Paranaíba, o anel externo da Praça Cívica e Avenida 87, no Setor Sul.

Devido ao fluxo intenso, o estudante Matheus Borges evita trafegar pela Avenida 87 em horários de pico. “Eu evito porque eu sei que aqui é complicado. Às vezes não tem como, mas sempre que posso evito passar. Tenho até um aplicativo que mostra rotas alternativas. Mas é difícil viu cara, você sai de carro e fica preso no trânsito, sai de moto corre o risco de ser atropelado justamente por causa da bagunça, ainda mais aqui no Centro que nem seta as pessoas usam”, conta.

Tempo no trânsito

Um levantamento feito por uma empresa de motoristas de aplicativo revelou o índice de tempo de viagens em regiões em que as corridas mais atrasam, por conta dos congestionamentos. Segundo a empresa, na lista das 30 cidades em que a empresa mais fez corridas no ano passado, Goiânia ocupou a quarta posição, ficando atrás apenas de Niterói, Recife e Porto Alegre. Ainda segundo os dados, a capital goiana superou grandes metrópoles como Salvador, Belém, São Paulo e Rio de Janeiro.

Drones no controle de trânsito 

No ano passado, foi aprovado pela Câmara de Vereadores o uso de drones nos serviços de fiscalização de trânsito em Goiânia. De acordo com a proposta, os equipamentos deverão estar devidamente autorizados pela Agência Nacional de Aviação Civil para operarem. 

Ainda segundo o projeto, com os drones, a SMT, Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC) e a Guarda Civil Metropolitana (GCM), podem observar, registrar e intervir no controle do trânsito, nas manifestações de pessoas que estejam ocupando os espaços públicos e em ações que envolvam a segurança pública, melhorando a qualidade e diminuindo os congestionamentos na Capital.

 Escalonamento é alternativa para desafogar trânsito 

Em maio de 2019 a prefeitura de Goiânia divulgou uma proposta para promover mudanças no horário de funcionamento de escolas municipais e demais órgãos públicos, com o objetivo de desafogar o trânsito da Capital. A ideia, segundo a gestão municipal, era de que a medida se estendesse para iniciativas privadas, envolvendo lojas, colégios, indústrias e empresas, dentre outros estabelecimentos particulares.

“Nosso interesse é que esta proposta seja apresentada aos mais variados segmentos antes que o texto final chegue a esta Casa para apreciação. Que este assunto possa ser debatido com todos os representantes daqueles que serão diretamente impactados em suas rotinas”, explicou o vereador Andrey Azeredo, um dos responsáveis pelo projeto.

O titular da Secretaria de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh), Henrique Alves, afirmou que a prefeitura já está iniciando a discussão de um código de posturas em que o escalonamento de horários deverá ser proposto. 

Segundo Henrique, a fase agora é de estudos técnicos. “O momento é de discutirmos com a sociedade, para tentarmos estabelecer um fluxo melhor para o trânsito em Goiânia. No segundo semestre de 2019, o texto final do Código de Posturas será encaminhado à Câmara, e o Executivo juntamente com a Seplanh pretendem focar na distribuição de horários em escolas e no comércio varejista”, destaca. (Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de cidades Rhudy Crysthian)

  

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