428 pessoas morrem por dia no Brasil por causa do tabagismo

Em Goiás, doenças ligadas ao tabaco provocaram mais de 112 mil internações, a um custo total de R$ 136,8 milhões para o SUS em um período de dez anos. Foto: Reprodução

Postado em: 29-08-2019 às 12h00
Por: Redação
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Em Goiás, doenças ligadas ao tabaco provocaram mais de 112 mil internações, a um custo total de R$ 136,8 milhões para o SUS em um período de dez anos. Foto: Reprodução

Jorge Borges

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o Dia Nacional de Combate ao Fumo, comemorado hoje (29), tem como objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. Criado em 1986 pela Lei Federal 7.488, a data inaugura a normatização voltada para o controle do tabagismo como problema de saúde coletiva.

No Brasil, das mortes anuais causadas pelo uso do tabaco, 34.999 mortes correspondem a doenças cardíacas; 31.120 mortes por doenças pulmonares crônicas; 26.651 por outros cânceres; 23.762 por câncer de pulmão; 17.972 mortes por tabagismo passivo; 10.900 por pneumonia e 10.812 por acidente vascular cerebral (AVC) ainda de acordo com os dados do INCA.

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Pesquisa recente, publicada este ano, o Vigitel/MS (Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico do Ministério da Saúde) realizado em todas as capitais dos 26 estados e no Distrito Federal, mostra que no conjunto das 27 cidades, a frequência de adultos fumantes foi de 9,3%, sendo quase duas vezes maior no sexo masculino (12,1%) do que no feminino (6,9%).

Situação em Goiás

Doenças ligadas ao tabaco provocaram mais de 112 mil internações, a um custo total de R$ 136,8 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS), em Goiás no período de 2008 a 2018. O leque de enfermidades, que inclui câncer, arterosclerose, acidente vascular cerebral (AVC) e síndromes correlatas, não costuma dar muita chance para o paciente deixar o tabagismo e as tristes estatísticas – a mais recente, de 2015, mostra que o tabagismo foi responsável por 156,2 mil mortes no País.

Atento a essa epidemia, o Ministério da Saúde, por meio do Instituto Nacional do Câncer (Inca), criou em 1989 o Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT). Três anos depois, a Secretaria da Saúde de Goiás (SES-GO), por meio da Superintendência de Vigilância em Saúde (Suvisa) criou uma coordenação ligada ao programa, para atuar, sobretudo, na prevenção educativa.

“A maioria dos fumantes começa a fumar muito cedo, por volta dos 9 anos, e nosso papel principal é atuar nas escolas, no dia a dia com alunos e professores”, confirma Selma Tavares, coordenadora de Doenças e Agravos Não-Transmissíveis da SES-GO. Trata-se de um curso de Abordagem Intensiva do Fumante, na Escola de Saúde Pública Cândido Santiago da Secretaria de Saúde de Goiás.

Esse tipo de capacitação dos profissionais da atenção básica dos municípios é fundamental para ajudar o usuário a ser livrar do cigarro. Já nas empresas, o trabalho tem como objetivo tornar o ambiente 100% livre do tabaco e também informar sobre como buscar tratamentos gratuitos, para quem tiver interesse.

Cuidados

Esse tratamento, hoje disponível em 141 municípios goianos, inclui abordagens comportamentais, com apoio de psicólogos, e também de medicamentos, como adesivos para a pele, na terapia de nicotina, e antidepressivo (bupropiona). “Nossa meta é oferecer esse serviço para todos os 246 municípios”, adianta Selma.

Para ilustrar, a coordenadora lembra que 3.685 pessoas procuraram tratamento nas unidades básicas de saúde dos municípios goianos, de setembro a dezembro de 2017. Desse total, 98 eram menores de 18 anos; 696 tinham 60 anos ou mais. Em 2016, o número de atendimentos em todo o País chegou a 902 mil.

Dados da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, sugerem que o programa do SUS, somado a fatores culturais e até legais, tem dado resultados positivos. Pelo levantamento, o número de fumantes nas capitais brasileiras caiu 36%, entre 2006 e 2017. Em Goiânia, por exemplo, o porcentual de pessoas com 18 anos ou mais que fumavam a partir de 20 cigarros por dia era de 4,7% em 2010. Em 2017, esse número havia caído para 2,2%.

Confira abaixo alguns dados alarmantes que foram apontados na pesquisa.

  • Quase 6 milhões de pessoas morrem por ano no mundo, devido ao tabagismo e à exposição passiva a substâncias derivadas do tabaco.
  • O tabagismo responde por 78% dos casos de câncer no pulmão. Dos 22% restantes, 1/3 ocorre em fumantes passivos.
  • 428 pessoas morrem por dia no Brasil por causa do tabagismo.
  • Em dez anos, o custo para o Brasil com despesas médicas e perda de produtividade devido ao tabagismo foi de R$ 56,9 bilhões – 1% do PIB brasileiro.

 

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