Frota de carros aumenta e vagas diminuem , em Goiânia

A grande quantidade de carro nas ruas, aliada à falta de respeito dos motoristas, deixa o trânsito cada dia mais complicado - Foto: Wesley Costa

Postado em: 05-09-2019 às 10h40
Por: Sheyla Sousa
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A grande quantidade de carro nas ruas, aliada à falta de respeito dos motoristas, deixa o trânsito cada dia mais complicado - Foto: Wesley Costa

Higor Santana

Com uma frota de quase um automóvel por habitante, as ruas de Goiânia estão cada vez mais tomadas pelos carros. Enquanto que para as montadoras este é um motivo para comemorar, resta ao motorista sofrer ao volante as consequências de tamanho crescimento. Entre elas, a falta de vagas de estacionamento. Essa é a última reportagem da série sobre o trânsito na Capital.

Outro problema são os veículos estacionados em locais proibidos, que segundo a Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMT), é uma das infrações mais cometidas em Goiânia. De acordo com a pasta, só no ano passado mais de 24 mil condutores foram flagrados estacionando em calçadas, ao lado de canteiros centrais, faixas de pedestres e outros locais proibidos. 

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A situação fica ainda mais complicada em horários de pico. Dois exemplos são Campinas e o Centro da Capital, regiões de maior concentração de comércio. Em ambos os casos os motoristas, além de rodar para encontrar um lugar para estacionar, ainda precisam disputar terreno com cones, caixas e até mesmo com outros motoristas. E quando faltam vagas, a solução muitas vezes encontrada é deixar o carro em um local proibido e ficar sujeito à multa.

“A desculpa é essa né, foi rapidinho. Mas em alguns lugares não dá mesmo. Ainda mais aqui em Campinas. Você pode vir a qualquer horário do dia que vai ser difícil de parar. Mas o que a gente pode fazer ? Até mesmo nesses lugares que tem a placa de carga e descarga as pessoas não respeitam”, explica o motorista de uma empresa de bebidas, Edson Moreira.

De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, estacionar em local proibido se trata de infração média ou grave, pois depende da circunstância. Assim, se o infrator fosse autuado, ele seria multado de R$ 85,13 a R$ 127,69 e receberia de quatro a cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Além disso, caso um fiscal esteja no local, o carro pode ser guinchado e levado até o pátio da SMT.

De acordo com a Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh), em Goiânia são 4,7 milhões de metros quadrados da área construída apenas de estacionamentos públicos, privados e de boxes de garagens nos prédios residenciais e comerciais. É um total de 11,87% dessa área construída. Se somarmos a isso a área das ruas de toda a macrozona urbana, a conta chega a 19,58% deste território. 

Ainda assim, há veículos suficientes na cidade para ocupar espaço além do que é construído apenas para eles e por isso vemos carros e motos estacionados pelas ruas, calçadas, praças e lotes vazios. Alguns motoristas reclamam da dificuldade em encontrar uma vaga de estacionamento, mesmo que a Prefeitura de Goiânia ainda não tenha serviço de guincho para coibir paradas irregulares e a fiscalização seja insuficiente. 

Motoristas x Flanelinhas

Além da falta de vagas, os motoristas goianos também têm que lidar com os guardadores de carros, famosos “flanelinhas”. Em alguns casos eles cobram dinheiro do cidadão que queira utilizar o espaço público para estacionar o veículo. O feirante Bruno Justino, que precisa ir ao bairro de Campinas todos as segundas-feiras, discorda do trabalho dos vigilantes clandestinos. 

“Além de pagar pelo cartão da Área Azul, ainda tem que pagar para eles olharem o carro. E muitas vezes, não pagar ainda corre o risco de eles mesmos danificarem seu carro. Aconteceu comigo uma vez. Fui deixar o carro aqui na Rua Santa Luzia e o tal do flanelinha já chegou cobrando dizendo que era R$ 5 para olhar, e se não pagasse corria o risco de alguém arranhar. Quer dizer, se não pagar, ainda tem o carro arranhado. Isso para mim é crime”, desabafa.

Os flanelinhas são realidade presente no trânsito da Capital, ainda mais em pontos de comércio ou próximos a locais de eventos. Entretanto, em Goiânia existe uma norma que regulamenta o serviço, já sancionada e que passou a valer desde o ano de 2015. O projeto previa que, para ser legal e poder atuar legalmente, o profissional deveria ir à prefeitura, pagar uma taxa e realizar o cadastro. O que é raro de se acontecer.

Fora deste cadastro, os guardadores de carro que atuam em Goiânia de forma ilegal, podem ser multados e sofrer outros tipos de sanção. Mas, de acordo com a SMT, não há no entanto, um trabalho de fiscalização da prefeitura neste sentido. 

Estacionamento eletrônico como proposta de melhora 

Em julho, a implantação do estacionamento rotativo eletrônico pago, ou Área Azul por meio de aplicativo, foi tema de uma audiência pública promovida pela Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade (SMT). E de acordo com secretário da SMT, Fernando Santana, o projeto pode trazer conforto para o usuário e sustentabilidade para o comércio na Capital. 

Na ocasião, a SMT informou que o objetivo era a concessão regular na modalidade de concorrência pública para gestão do monitoramento e exploração de vagas de estacionamento rotativo eletrônico pago, denominado Área Azul. “Incluindo implantação, operação, monitoramento e administração por meio de controle informatizado e automatizado que será denominado de Solução de Estacionamento Digital (SED) no Município de Goiânia” explicou Fernando.

Atualmente, Goiânia dispõe de 3,6 mil vagas de área Azul, entre elas 1,7 mil estão no Setor Central e 1,9 mil em Campinas, controladas pelo sistema de cartões impressos. Com a implantação do aplicativo, a proposta da prefeitura é de expandir para 11 mil vagas na mesma região, onde há um comercio intenso.

Ainda segundo a Gestão Municipal, em uma próxima fase, a expansão visa atingir 30 mil vagas nas áreas de concentração comercial dos Setores Recanto do Bosque, Vila Finsocial, Jardim Nova Esperança, Residencial Eldorado, Setor Novo Horizonte,Setor Marechal Rondon, Setor Centro Oeste, Coimbra, Bueno, Oeste, Marista, Aeroporto, Sul, Pedro Ludovico, Jardim Goiás, Alto da Glória, Água Branca, Leste Universitário, Vila Nova, Norte Ferroviário. 

De acordo com o gestor da SMT, a primeira etapa do projeto deve levar um ano para ser operacionalizada, entre a licitação demarcação das áreas, numeração das vagas e implantação. 

Vice-presidente da Fecomércio, o empresário Zenildo Dias do Vale acha que a ampliação da Área Azul vai beneficiar o comércio uma vez que vai permitir a rotatividade do estacionamento. “O aplicativo vai ser muito bom, vai ganhar o consumidor que vai encontrar lugar para estacionar e o comerciante que precisa vender”, definiu Fernando.

O projeto prevê ainda que a Área Azul passará a funcionar pelo aplicativo Solução de Estacionamento Digital (nos sistemas IOS e Android). Dessa forma, o usuário poderá fazer o download e cadastrar seu veículo (uma ou mais placas). Caso o usuário não tenha o aplicativo ela também poderá comprar o crédito para estacionar com os monitores que estarão fazendo a fiscalização por área, por terminais de venda que serão instalados ou em pontos de venda no comércio local, como já acontece com os cartões.

Ao obter o Cartão Azul Digital, será necessário selecionar a vaga e associar à placa do carro, escolhendo o tempo de estacionamento (1 ou 2 horas), com confirmação via SMS. Hoje, o valor na Área Azul em Goiânia varia entre R$ 1,50 na primeira hora e R$ 2,50 na segunda hora, sem reajuste desde 2014. A arrecadação é destinada a melhoria do transporte coletivo e do trânsito na Capital. 

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