Danças urbanas como movimento social

Evento de danças urbanas acontece na Capital de forma independente para dar visibilidade ao estilo

Postado em: 07-09-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Evento de danças urbanas acontece na Capital de forma independente para dar visibilidade ao estilo

Daniell Alves

As danças urbanas são uma forma de movimento social onde os dançarinos expressam seus pensamentos, protestos e defesas. O estilo de dança, pouco conhecido em Goiânia, gera oportunidades de empregos e realizações pessoais para aqueles que desejam viver da arte. No entanto, a pouca visibilidade dada a este segmento interfere no conhecimento e possíveis experiências dos goianos com as danças urbanas, que não contam com apoio do poder público.

Pensando nisso, a organização independente Enjoy Cultura realiza neste fim de semana em Goiânia a 4ª edição da Mostra de Danças Urbanas. A programação promete reunir mais de 800 pessoas durante os dias de evento. O principal objetivo da iniciativa é promover a visibilidade para a dança e promover a troca de experiências entre os participantes.

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Nesta edição, há dançarinos reconhecidos no Brasil e exterior como Nenê, Emanu, Taysa Copelli, Aline Sugai, Filipi Ursão, Hudson Olivier, Wes Ferreira, Jéssika Gomes e Fran Manson.

Segundo o idealizador do projeto, Fabrício Rezio, a Capital é um polo forte para as danças urbanas, mas ainda é pouco conhecida pelos goianos. “Grandes companhias de dança daqui vão para eventos no Brasil inteiro e são premiadas. Esse evento é uma forma de gerar visibilidade para as danças e possibilitar a troca de experiências entre os participantes. Estamos sempre trazendo professores em destaques do país para que as pessoas aprendam e vejam o que povo goiano tem feito neste ramo”, explica.

Estilos

A Mostra promove um encontro entre pessoas de diversas regiões do país. “A programação é ampla e plural com estilos de dança como breakdance, hip-hop, dancehall e vogue”, explica Fabrício. “Quando pensamos na origem da dança urbana, precisamos entender a origem social daquele grupo. Hoje, temos uma dança mais pluralizada, onde homens e mulheres podem definir o que eles querem fazer”, afirma.

Conforme explica, os movimentos sociais geram a dança e esta, por sua vez, também recebe influência de alguém. São pessoas utilizando os movimentos corporais para manifestarem seus desejos, pensamentos e/ou reivindicações.

De acordo com o idealizador, a mostra se tornou um marco na cultura do Estado e, ao longo dos últimos quatro anos, tem cumprido um papel social na formação de novos bailarinos e aberto espaço para uma arte em grande ascensão. “Não tivemos, neste ano, apoio do poder público. O que é ruim porque esse evento promove um intercâmbio cultural entre o público goiano e os artistas nacionais e também cria oportunidades para que qualquer pessoa que se interesse por danças urbanas possa participar.”

Oficinas

A professora de danças urbanas, Jessika Gomes, vai ministrar uma oficina durante a Mostra. O curso gira em torno das técnicas corporais e conhecimento da consciência física e mental. “A fomentação da dança urbana na Capital forma novos bailarinos e dá qualificação para os artistas. Evoluir as cenas de dança urbana promove muitas oportunidades aos dançarinos, mas ainda precisa ter mais abrangência”, afirma a professora.

Segundo ela, depois de conhecer a dança urbana, a sua identidade aflorou positivamente. “Nos permite compreender o nosso próprio ‘eu’. A função social da dança é muito importante porque, mesmo aquelas pessoas que vivem em regiões periféricas, vão conseguir ter empregos e se formar em um ensino superior. Além disso, os dançarinos começam a acreditar em seus sonhos, ocupando espaços que antes não eram possíveis”, completa.

Visibilidade

A dançarina Ludmilla Araújo, de 20 anos, conta que vai participar de toda a programação da Mostra. Após ter uma experiência com o street dance – um dos segmentos da dança urbana – nunca mais parou.

“O evento é importante principalmente pelo fato de ser um evento que traz diversos professores de lugares diferentes do país. Possibilita aos artistas locais terem contato com profissionais qualificados e traz uma visibilidade para as danças urbanas – uma categoria que ainda é estigmatizada”, afirma ela.

Premiações

Os participantes serão premiados da seguinte forma: nas batalhas de hip-hop, house e dancehall o primeiro lugar ganha R$ 500. Já na mostra competitiva, o melhor grupo recebe o valor de R$ 2 mil, o melhor coreógrafo ganha R$ 600 e os dois melhores bailarinos, sendo um homem e uma mulher, vão ganhar R$ 400 cada.

Confira a programação

No sábado acontece a mostra Inócua, no Teatro Sesi, a partir das 19 horas. O evento segue até domingo (8) com uma programação inédita composta por espetáculos, batalhas de dança, aulas, mesas redondas e mostra não competitiva.

Durante estes dois dias, o público poderá participar de aulas de danças urbanas, que acontecerão na Vila Cultura Cora Coralina. Ao total serão oferecidas nove modalidades. Os ingressos para os espetáculos custam R$ 10 e as aulas dos Workshop saem por R$ 50 cada aula, ambos podem ser adquiridos pelo site www.enjoycultura.eventbrite.com.br e na sede da Vibe 62 Urban Studio, na Avenida Orestes Ribeiro, n.º 60, setor Bueno. As entradas para as mostras também serão oferecidas na portaria do teatro.

Para a conexão entre os artistas, uma grande festa movimenta a cidade no sábado, com batalha de dancehall e uma miniball elements, cuja modalidade principal será o Vogue, no espaço Somos Vivência em Arte, na rua T-35, n° 2179, setor Bueno. Domingo serão realizadas as batalhas de Hip Hop e House, na Vila Cultural Cota Coralina. 

Escola em Goiânia promove a capacitação de dançarinos de rua 

Fabrício também é dono de uma escola de danças na Capital, a Vibe 62 – Urban Studio. Fundada em 2016, a escola tem o objetivo de ampliar a capacitação dos alunos e promover maior integração entre os dançarinos. Os alunos podem fazer diferentes tipos de dança no mesmo dia, o que estimula ainda mais o processo de crescimento. “A dança tem uma comunicação entre estilos, é complicado escolher só um sendo que um foi desenvolvido a partir de outro”, afirma.

Ele reconhece a dança como de extrema importância para crescimento pessoal e profissional. “A relevância da dança é muito evidente quando entramos na sala de aula. As pessoas estão ali por diversos motivos: seja porque amam a dança, porque almejam ser profissionais ou talvez só queiram extravasar. A dança urbana é uma terapia e uma ideologia do corpo que se movimenta”, afirma ele. Por meio dela, as pessoas podem trabalhar, formar grupos e realizar sonhos. (Daniell Alves é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)  

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