Segunda-feira, 01 de julho de 2024

Ensino superior na berlinda

Federais e Estaduais enfrentam dificuldades com cortes financeiros e falta de estrutura - Foto: Wesley Costa

Postado em: 18-09-2019 às 06h00
Por: Leandro de Castro Oliveira
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Federais e Estaduais enfrentam dificuldades com cortes financeiros e falta de estrutura - Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Se um raio x fosse feito no ensino superior público em Goiás seria diagnosticado com osteoporose crônica. Todas as instituições públicas de nível superior passam por dificuldades. O saldo negativo totaliza o corte de mais de R$ 42 milhões nas instituições federais em Goiás. A Universidade Estadual de Goiás (UEG), por sua vez, sofre com a situação fiscal do Estado. Alunos temem o processo de reestruturação da UEG. Apesar disso, a instituição nega fechamento de cursos após conclusão do plano.

Não é de hoje que essa corrosão está ocorrendo nos três principais centros de estudo do Estado, o Instituto Federal de Goiás (IFG), Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade Estadual de Goiás (UEG). Desde a gestão de governos anteriores, as instituições públicas de educação sofrem com cortes e congelamentos. A exemplo da aprovação da PEC 55 de congelamento de gastos aprovada em 2016, que também atingiu as universidades públicas.

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Uma das instituições comprometidas é a UEG. Após a instalação de diversos campi sem estrutura necessária na última gestão de governo, a universidade discute um plano de reestruturação cujos detalhes ainda estão sendo discutidos. Docentes e discentes temem encerramento ou descontinuidade de cursos, mas UEG garante que isso não está previsto na reestruturação.

Na discussão já foi pautado uma relação de critérios aplicados em cada campus, para analisar a oferta e permanência de cursos nos seguintes locais: Campos Belos, Crixás, Edéia, Goianésia, Itapuranga, Jataí, Jussara, Minaçu, Mineiros, Niquelândia, Pirenópolis, Sancrerlândia, São Miguel do Araguaia, Senador Canedo e Silvania.

Alunos temem enxugamento da UEG

Alunos temem que a recessão chegue até os campi mais centralizados na Capital, que sofrem menos impactos do que os instalados no interior do Estado. Mariana Linhares, cursa o 3º período de Direito no Campus de Aparecida de Goiânia. Ela afirma que, por enquanto, as aulas estão ocorrendo normalmente, mas o futuro é incerto. “Não temos professores suficientes para os próximos períodos de Direito. A gente teme que a UEG esteja sumindo. No interior é pior porque os professores não efetivados temem ser demitidos”.

O planejamento foi elaborado para redesenhar a estrutura dos 41 campi de Goiás e pensar uma nova estrutura e novas formas de atuação nos municípios, sobretudo frente ao contexto nacional e estadual de limitações financeiras e orçamentárias. No total, a UEG possui cerca de 26 mil discentes (entre cursos de graduação e pós-graduação), 1.700 docentes e 1.250 técnicos administrativos (aproximadamente 1.000 docentes e 470 técnicos são concursados).

Além disso, na semana passada foi aprovada em segunda votação, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 990/19, que altera a aplicação dos recursos da Educação no Estado de Goiás. A PEC reduz a vinculação da Educação de 27% para 25%, incluindo os 2% da Universidade Estadual de Goiás (UEG) nos 25% da Educação Básica e diminui a vinculação orçamentária constitucional.

Um campus da UEG que está ameaçado é o de São Luiz de Montes Belos. Um dos cursos mais atingidos é o de medicina veterinária, engessado por falta de nomeação de seis professores aprovados em concurso. O aluno Felipe Barbosa, do 6º período, explica a situação delicada que ele e seus colegas estão passando. “Até hoje a gente não começou as aulas do nosso período porque não temos professores. São matérias que exigem um conhecimento muito específico e os profissionais qualificados para concebê-los foram aprovados em concursos, mas não foram nomeados”.

 

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