Dia das Crianças ainda não aqueceu mercado

Corredores vazios das lojas mostram que procura por brinquedos ainda não começou. Lojistas têm que fazer mudanças para não perder vendas. Foto: Wesley Costa

Postado em: 03-10-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Corredores vazios das lojas mostram que procura por brinquedos ainda não começou. Lojistas têm que fazer mudanças para não perder vendas. Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

A menos de dez dias para o Dia das Crianças, lojistas sentem falta da procura por brinquedos. Clientes reclamam que o preço dos produtos subiram nos últimos anos e os corredores das lojas de brinquedos acabaram ficando vazios. Diante da crise econômica instalada no país, compradores e vendedores mudaram as formas de fazer negócio para se adaptarem as novas condições estabelecidas pelo mercado.

Elma Xavier Galvão é proprietária de uma loja especializada em brinquedos no Setor Campinas há 28 anos. Ela ainda tem esperanças de que na última hora, clientes comecem a aparecer, mas por enquanto os corredores de sua loja permanecem vazios. “Nós que somos comerciantes sempre temos a expectativa de que o negócio vai melhorar. Temos que acreditar para dar certo. Foi assim minha vida toda lidando com o comércio”, afirma a lojista.

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A comerciante afirma que também tinha uma expectativa de melhora para esse ano, mas lamenta que a procura por brinquedos nesta época está a mesma que a do último ano. Em busca de melhora, ela está tentando estratégias para atrair compradores. “A gente liga para os clientes chamando para levar o presente de Dia das Crianças, mas a maioria diz que vai optar por presentear apenas no fim do ano”.

A empresária também está apostando em promoções para alavancar as vendas. Ela ainda afirma que os brinquedos mais procurados são para crianças de 1 a 3 anos e jogos educativos. “Eu to fazendo de tudo para vender melhor esse ano. Tem brinquedo aqui que a gente fez promoção de 20% a menos no valor de compra”. Ela espera que os clientes comecem a procurar por presentes uma semana antes da data comemorativa.

Mudanças

Elma precisou realizar algumas mudanças para resistir no ramo dos brinquedos. Ela afirma que viu muitas lojas do segmento fecharem nos últimos anos. “Uma das modificações que fiz para sobreviver é que eu passei a vender também no atacado. É engraçado porque as fábricas que vendem para mim também precisaram mudar e começaram a vender no varejo. Todo mundo está se virando para sobreviver no mercado”. O atacado representa cerca de 30% das vendas de sua loja.

A gerente de negócios da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL Goiânia), Dinamarta Corrêa Batista, afirma que a diversificação nas formas de venda tem se tornado uma necessidade para sobreviver no mercado. “Tem havido uma flexibilidade do empresário em todos os segmentos. A chave está em não perder vendas. Então, eles vêm utilizando multicanais para transações e tem pensado novas formas de fazer negócio”, afirma a gerente.

Outras modificações que a lojista precisou fazer para sobreviver no mercado foi o corte de funcionários, fechamento de outras lojas que vendiam brinquedos e máxima redução nos gastos do estabelecimento. “Eu tiro por base a minha ida ao supermercado na maneira de lidar com o negócio. Cortei todos os supérfulos e prefiro preço à marca. Então trabalho com o menor número de funcionários possível. No entanto, todos que trabalham comigo estão na loja há muito tempo”.

 Consumidor também fez mudanças para gastar menos 

Frente a crise econômica que o país enfrenta, alguns clientes também mudaram a forma de comprar os presentes. A empresária Adriana Ataídes tem três filhas. Todos os anos ela presenteia as meninas em pelo menos três ocasiões: Natal, Dia das Crianças e aniversário. Ela acredita que os preços dos brinquedos também aumentaram nos últimos anos. Há pelo menos dois anos, Adriana tem utilizado uma estratégia para gastar menos com os presentes.

“Eu venho nas lojas antes para pesquisar o que dá para comprar com um determinado valor. Sei mais ou menos o que elas gostam e depois trago elas na loja para escolherem o que levar”. Ela ainda afirma que deixa claro para as crianças que cada presente não pode ultrapassar o valor de R$ 70. “Antes, eu levava elas nas lojas para escolherem os presentes sem estipular um valor limite para o brinquedo”.

A empresária ainda afirma que as crianças reclamam que o valor estipulado não é suficiente para comprar um brinquedo legal. Sabendo disso, ela opta por procurar os brinquedos nas lojas do setor Campinas. “Aqui em Campinas dá para encontrar mais variedade de brinquedos e os preços são mais em conta”. Ela diz que não compra presentes em shoppings porque constata que os preços são mais altos.

A gerente de negócios da Câmara de Dirigentes Lojistas de Goiânia, Dinamarta Corrêa Batista, constatou a mudança de comportamento do consumidor que busca gastar menos com presentes em outras datas comemorativas. “No Dia das mães, por exemplo, muitos filhos foram fazer compras juntos e levavam vários presentes de uma única loja. Assim é possível barganhar descontos maiores e reduzir o custo de presentes”.

Elma sente saudades da época quando abriu a loja. Segundo ela, no mês do Dia das Crianças, os corredores ficavam lotados e era difícil escolher o brinquedo certo com tanta gente. “Eu abri minha loja no início dos anos 1990, em pleno Plano Real. O consumidor tinha um poder de compra grande e a loja ficava muito cheia. De 2012 para cá, os corredores começaram a ficar vazios”.

Vendas

A comerciante acredita que as novas tecnologias não fizeram com que as crianças parassem de procurar brinquedos. “A tecnologia fez foi ajudar o mercado de brinquedos. A criança, principalmente na primeira infância, procura brinquedos do que vê na televisão, no celular e nos jogos eletrônicos”, ela ainda afirma que o que fez as vendas caírem foi a diminuição do poder de compra do consumidor.

A gerente de negócios da CDL concorda com a lojista em relação à ajuda da tecnologia nas vendas. No entanto, acredita que uma maior aproximação desses meios pode representar um aumento significativo da saída dos produtos.   

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