Você só pratica atividades físicas aos finais de semana? Riscos cardíacos aumentam

Especialistas recomendam que os adeptos à prática mudem de rotina e tenham acompanhamento profissional

Postado em: 12-10-2019 às 06h01
Por: Sheyla Sousa
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Especialistas recomendam que os adeptos à prática mudem de rotina e tenham acompanhamento profissional

Daniell Alves

Manter uma rotina regular de exercícios ao longo da semana nem sempre é possível. Conhecidas como “atletas de fim de semana”, há pessoas que praticam atividades físicas somente uma vez na semana na tentativa de compensar os outros dias. Isso acontece por falta de tempo ou por escolha dos praticantes. Em entrevista ao Jornal O Hoje, profissionais apontam que o método pode resultar em lesões e problemas cardíacos.

Por conta de suas atividades diárias, o estudante Gustavo Souza, de 20 anos, não consegue conciliar os estudos e trabalho com os exercícios físicos. O único momento que ele tem para se dedicar à prática é no fim de semana. Todos os sábados pela manhã ele faz exercícios e caminhada durante um período curto de tempo em um parque perto de sua casa.

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Ciente de que a prática pode acarretar em problemas, principalmente cardíacos, Gustavo pretende mudar esta rotina que, segundo ele, não está fazendo a mudança esperada. Após fazer um plano com uma profissional, o estudante quer perder alguns quilos e fortalecer a musculatura do corpo por meio de exercícios regulares.

“Quando chega no sábado, eu não tenho fôlego para correr, por exemplo. Por isso preciso manter uma rotina de treinos para que meu corpo se acostume com uma corrida ou quando eu precisar fazer força para pegar algo pesado”, diz ele.

A educadora física Mariana Mayumi explica que, geralmente, quando o indivíduo pratica alguma atividade aos fins de semana, ele opta pelo esporte. E todo esporte precisa de uma preparação física para ser realizada. “Atividades de fortalecimento como musculação e/ou pilates são praticadas por atletas para prepará-los à prática. Quando não há essa preparação, o risco de ocorrer uma lesão é muito grande”, alerta.

Para ter fôlego e encarar a rotina do dia a dia, as pessoas devem manter o corpo ativo o tempo inteiro, estimulando a musculatura, órgãos e, principalmente, o coração. “Se pararmos para pensar, o coração de um atleta de final de semana se mantém em um batimento estável durante cinco dias. No dia da prática esportiva, se exige o máximo dele. Isso é muito prejudicial, principalmente se a pessoa já for propensa a algum problema cardíaco”, enfatiza a educadora.

Também é o que afirma o profissional de Educação Física, Leandro Ferreira. “O nosso corpo se adapta facilmente aos estímulos contínuos. Treinar aos finais de semana é uma opção para quem não tem tempo durante a semana, porém vale salientar os riscos, principalmente com os esportes de contato e impacto”, analisa.

“Se exercitar de forma contínua e rotineira fortalece a musculatura, tendões, ligamentos e ossos”, explica Leandro. Caso seja a única opção, o profissional recomenda que os praticantes recebam orientação adequada para que os estímulos e esforços não gerem lesões devido à sobrecarga inadequada.

Dedicação é fundamental

Mariana sugere que as pessoas arrumem tempo. “Quem não arranja tempo para cuidar da saúde, vai precisar arrumar para cuidar da doença”, diz. Segundo ela, é uma questão de prioridade, porque as pessoas têm, em algum momento, tempo para se exercitar. “Arrumar um tempinho durante a semana para se exercitar de 2 a 3 vezes é possível sim. É só uma questão de se organizar”, destaca.

Foi o que fez o atleta Maicon Rainan, de 24 anos, que começou a praticar futebol ainda na adolescência. Sua rotina era muito intensa, o que exigia um condicionamento físico resistente para um bom rendimento em campo. Mas, com o passar do tempo, algumas coisas mudaram e uma delas foi a rotina de exercícios físicos, que foi reduzida nos últimos meses.

Após perceber que a disposição já não era a mesma de antes, ele resolveu voltar aos exercícios de forma regular. Atualmente, Maicon consegue conciliar o trabalho, faculdade e exercícios, praticando três vezes na semana, como aconselha Mariana. “Fazer atividade física é um lazer e uma forma de se desligar das tarefas diárias. Quando fico sem fazer atividade física, fico com o corpo cansado e com muito mais sono”, revela ele.

Quando não se exercita, Maicon percebe que seu humor fica alterado e o corpo não consegue responder às tarefas básicas diárias. “Praticar exercícios é bom a qualquer momento, mas só aos fins de semana não será tão benéfico quanto dividir por várias vezes no meio da semana”, comenta.

 Exercícios devem ser feitos ao longo da semana

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), os adultos devem fazer pelo menos 150 minutos por semana de atividade aeróbica de intensidade moderada, ou pelo menos 75 minutos por semana de atividade aeróbica vigorosa, ou combinações equivalentes. Além disso, também é sugerido praticar exercícios de musculação, no mínimo, duas vezes por semana.

Recomendação

“A recomendação é sempre realizar uma atividade física acompanhado de um profissional, pois ao realizar algum movimento, por mais simples que seja, pode causar uma lesão”, explica Mariana.

Conforme explica a Sociedade Brasileira de Cardiologia do Rio de Janeiro (SBC-RJ), a regularidade do treinamento adequado resulta em várias alterações anatômicas e fisiológicas benéficas. “Os ossos, tendões e músculos tendem a se fortalecer diminuindo a suscetibilidade às lesões. O sistema nervoso autônomo se ajusta para atender às necessidades do exercício; o coração e o sistema arterial se adaptam para atender às demandas do corpo por oxigênio e nutrientes”, destaca.

Alimentação

A alimentação também possui um papel fundamental nesse processo. No final de semana, a ingestão de álcool, de alimentos com alto teor de gordura, falta de atenção com a hidratação podem complicar a situação do individuo, avalia a SCB. O conselho é que o praticamente mantenha-se hidratado, evitando atividades intensas sob o sol forte e abstendo-se de álcool antes do esforço.

“A ingestão de frutas, sucos e carboidratos ajudam a manter o nível de glicose adequado para os músculos com consequente melhoria do desempenho. Suplementos, apenas quando prescritos por médicos ou nutricionistas”, informa. (Daniell Alves é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor de Cidades Rhudy Crysthian)

  

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