Quinta-feira, 28 de março de 2024

Irmã Dulce é canonizada e se torna primeira santa brasileira

À exceção de Dulce, todos os canonizados morreram no século XIX ou nas primeiras três décadas do século XX - Foto: Divulgação

Postado em: 13-10-2019 às 09h01
Por: Leandro de Castro Oliveira
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À exceção de Dulce, todos os canonizados morreram no século XIX ou nas primeiras três décadas do século XX - Foto: Divulgação

Da Redação

Milhares de fiéis e membros do clero lotaram a Praça de São Pedro, no Vaticano, na manhã deste domingo, (13), para prestigiar a canonização da beata baiana Maria Dulce Lopes (1914-1992), Irmã Dulce , que agora é a primeira santa brasileira. Embora outras brasileiras e uma religiosa que atuou no país tenham sido canonizadas pela Igreja Católica anteriormente, irmã Dulce é a primeira mulher nascida no Brasil que teve milagres reconhecidos. Também foram canonizados pelo Papa Francisco outros quatro beatos: John Henry Newman, Giuseppina Vannini, Mariam Thresia Chiramel Mankidiyan e Margherite Bays.

À exceção de Dulce, todos os canonizados morreram no século XIX ou nas primeiras três décadas do século XX, o que mostra a agilidade do processo que reconheceu a santidade da freira baiana. O músico José Maurício Moreira, que recuperou a visão após intercessão da Irmã Dulce — um milagre reconhecido pelo Vaticano — afirmou este sábado que participaria da missa, mas que seu papel não havia sido divulgado detalhadamente.

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Dulce Lopes Pontes nasceu em 26 de maio de 1914 em São Salvador da Bahia, no seio de uma família abastada, marcada por fortes convicções cristãs e uma caridade operosa. Desde a infância, ela se destacou por uma grande sensibilidade para com os pobres e os necessitados.

Completados seus estudos superiores, abraçou a vida religiosa na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, ligada à Ordem dos Frades Menores, servindo como enfermeira e professora. Animada por intenso zelo missionário, Irmã Dulce também se dedicou seriamente à instrução dos trabalhadores, mas foi sobretudo na assistência e cuidado dos últimos e dos mais sofredores que exerceu seu generoso serviço.

Irmã Dulce concretizou plenamente a sua ação caritativa com a fundação de uma associação de obras sociais e a construção de uma casa de acolhimento, o “Albergue Santo Antônio”. Sua caridade era maternal, carinhosa. A sua dedicação aos pobres tinha uma raiz sobrenatural e do Alto recebia forças e recursos para dar vida a uma maravilhosa atividade de serviço aos últimos.

Os últimos meses da vida da Beata estiveram marcados pela doença, que enfrentou com serenidade e completo abandono nos braços do Senhor. Em 13 de março de 1992, Irmã Dulce faleceu em São Salvador da Bahia, reconhecida de grande fama de santidade. Em 3 de abril de 2009, o Papa Bento XVI reconheceu as heroicidades de suas virtudes e, em 22 de maio de 2011, celebrou-se o rito de sua Beatificação”.

Canonização

A celebração eucarística com o rito da canonização foi aberta com cânticos. Depois, o prefeito da Congregação da Causa de Todos os Santos, Angelo Becciu, solicitou ao Papa a canonização dos beatos. Becciu apresentou brevemente o perfil de cada um deles.

O pedido foi seguido pelo “Litanie Sanctorum”, a ladainha mais antiga da Igreja Católica. A ladainha é um chamado para lembrarmos nossos ancestrais e pedir por sua intercessão. Nela é enumerada uma série de santos.

Em seguida vem a “fórmula da canonização”, uma oração feita pelo Papa em latim em que ele reconheceu a canonização dos cinco beatos. O cardeal Becciu agradeceu ao Pontífice e pediu permissão para escrever uma carta apostólica para preparar a canonização. Na última parte do rito, Francisco faz novas orações e a liturgia.

A cerimônia foi acompanhada por autoridades brasileiras como o vice-presidente, Hamilton Mourão; o governador da Bahia, Rui Costa; o prefeito de Salvador, ACM Neto; e os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre.

Milagres

Irmã Dulce foi beatificada em 2011, após ter o primeiro milagre reconhecido. A graça alcançada foi a recuperação de uma paciente que teve uma grave hemorragia pós-parto e cujo sangramento subitamente parou, sem intervenção médica. Após beatificada, Dulce Lopes Pontes passou a ser chamada “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”.

Para ser considerada santa, Irmã Dulce precisaria ter um segundo milagre reconhecido, o que ocorreu em maio deste ano. O miraculado, o maestro soteropolitano José Maurício, voltou a enxergar após fazer uma oração para a então beata. Ele teve glaucoma e começou a perder a visão em 1999. Em 2000, ele já estava cego, mas em 2014 voltou a enxergar.

 

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