40% dos empresários goianos têm interesse em efetivar trabalhadores temporários

Igor Caldas

O mar não está para peixe para quem está buscando trabalho. O Brasil tem 12 milhões de desempregados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).De acordo com a superintendente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Goiânia (CDL), Dinamarta Correia Batista, a geração de emprego em Goiás está muito aquém da expectativa. Ela aponta pesquisas que indicam que aproximadamente três mil vagas serão geradas no Estado até o fim do ano. A superintendente alerta que a temporada de empregos temporários pode ser a oportunidade para garantir a carteira assinada em uma dessas vagas.

O vendedor Natan Fernando, 27 anos, mantinha a expectativa de que seria efetivado por uma grande loja de calçados após ser contratado como temporário em novembro de 2018. Ele acredita que foi justamente sua vontade de ficar na empresa que foi o diferencial para ser efetivado. “Depende da pessoa se dedicar. Desde o início me esforcei para trabalhar com a mentalidade de que não iria ficar como temporário na empresa”. Ele foi efetivado em janeiro deste ano e já está participando de um processo seletivo para o cargo de subgerente da loja.

O vendedor reitera que a vaga de temporário compensa, principalmente se for em uma empresa que está há muito tempo no mercado. “A vaga de temporário pode ser uma porta aberta para o crescimento profissional. Nessa empresa, por exemplo, há funcionários que trabalham aqui há mais de dez anos e foram conquistando cargos maiores com o passar do tempo”. Ele afirma que após nove meses como efetivo, o funcionário pode se candidatar a um cargo melhor do que o atual. 

Ainda segundo a superintendente da CDL Goiânia, aproximadamente 40% dos empresários têm interesse em efetivar trabalhadores temporários. “Esse tipo de contratação, após o período temporário é vantajoso para a empresa. Até porque, a efetivação depois de 90 dias de avaliação já é uma prática amplamente difundida no comércio. É muito difícil uma empresa contratar sem um período de experiência”, afirma Dinamarta.

Mesmo depois de ter trabalhado como jovem aprendiz na mesma loja de calçados em que Natan é vendedor, Danilo Neves, 18 anos, só conseguiu se efetivar na empresa depois de passar pelo período de 90 dias de experiência. “Eu terminei o programa Jovem Aprendiz quando fiz 18 anos e fiquei quatro meses desempregado. Tive que me inscrever na vaga de consultor de vendas e passar pela avaliação de três meses como qualquer outro candidato”. Hoje, Danilo se efetivou como vendedor na loja.

Contratações já começaram 

Dinamarta afirma que algumas empresas da Capital já estão começando a contratar funcionários temporários para que eles estejam preparados para vender muito com as festas de fim de ano. Mais de 570 mil oportunidades de vagas de trabalho temporário serão disponibilizadas até dezembro em todo país, segundo previsão da Associação Brasileira do Trabalho Temporário (ASSERTTEM), um crescimento de 13,86% em relação ao ano anterior.

“É com a proximidade do Natal que a demanda por temporários é necessária. E isso se estende até o mês de janeiro porque muitas pessoas acabam preferindo comprar depois dos feriados de fim de ano”. A superintendente da CDL Goiânia constata que a maior parte das oportunidades em vagas temporárias estão no comércio. Para conquistar a efetivação, Dinamarta não tem dúvida: vontade de permanecer e disposição para contribuir com a empresa contam mais que experiências no currículo.

“É óbvio que a experiência é um diferencial. Mas nesse momento, o que vai definir a contratação é se o temporário demonstrar que está dando seu melhor para contribuir com o programa da empresa”, destaca Dinamarta. No comércio, ela diz que é fundamental a preocupação com venda, pós-venda, bom atendimento e fidelização do cliente. “Hoje, muito mais do que ter uma boa qualificação é demonstrar muita vontade. A pró-atividade e relacionamento com o cliente são atributos importantes na avaliação do empreendedor”.

Somente no ano passado, mais de 1,2 milhão de trabalhadores foram retirados da informalidade e do desemprego na modalidade de trabalho temporário. “No regime temporário, a empresa vai ter tempo suficiente para avaliar os colaboradores. Aquele que demonstrar o melhor empenho vai ter a carteira assinada”.