Juiz Federal condena 10 policiais militares goianos por tortura

Eles obrigaram um servente de pedreiro a assumir que estuprou duas irmãs e assassinou uma delas; verdadeiro culpado foi preso na sequência – Foto: reprodução.

Postado em: 17-10-2019 às 18h30
Por: Nielton Soares
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Eles obrigaram um servente de pedreiro a assumir que estuprou duas irmãs e assassinou uma delas; verdadeiro culpado foi preso na sequência – Foto: reprodução.

NIelton Soares

Os dez policiais militares de Goiás acusados de tortura foram condenados pela Justiça Federal, nessa quarta-feira (16). As penas atribuídas a eles variam entre 7 e 8 anos em regime fechado. Segundo o processo, os agentes de segurança pública torturaram com choques elétricos e afogamentos o servente de pedreiro Michel Rodrigues da Silva, obrigado a confessar um crime pelo qual era inocente. O episódio aconteceu em junho de 2010, em Trindade, região Metropolitana de Goiânia.

O juiz federal Aparecido Alves, responsável pelo caso, obrigou ainda o pagamento de indenização de cinco vezes o salário bruto de cada policial condenado, por reparação de dano moral ao servente de pedreiro. 

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Ao todo, a sentença tem 280 páginas e decreta também a perda de cargo dos policiais e daqueles que se encontram em reserva remunerada. Além disso, eles estão proibidos de exercer qualquer cargo público no período que equivale ao dobro da pena recebida por cada um dos condenados. 

Os dez condenados pela Justiça são: coronel efetivo Anésio Barbosa da Cruz Júnior; primeiro sargento reformado Agnaldo Divino de Arruda; três segundo-tenentes reformados Alan Marcelino da Silva, Valtencir Borges Taquary e Itamar Xavier de Souza; sub-tenente efetivo Marcioni Cavalcanti Urzêda; dois tenentes-coronéis reformados Aroldo Rodrigues de Andrade e Divino Carlos de Paulo; e dois terceiros-sargentos efetivos Cleuber Marques de Oliveira e Hideil Borges Ribeiro da Silva.     

Relembre o caso 

As investigações apontam que o servente Michel Rodrigues foi sequestrado pelos policiais P2 na manhã do dia 25 de junho de 2010, quando estava na porta de casa no Setor Maysa, sendo colocado dentro de um pálio e já foram iniciando a tortura com choques.

Os policiais estavam encapuzados e ainda levaram-no para uma área rural, próximo a um córrego, e seguiram com mais torturas, como afogamentos. Após isso, a vítima foi levada à Delegacia da Mulher, apresentado lesões nas pernas, tórax, braços e tímpano. 

O objetivo do crime era que Michel confessasse na delegacia o abuso sexual de duas irmãs de 17 e 18 anos, além do assassinato de uma delas. Crime que aconteceu três dias anteriormente ao sequestro e tortura. Porém, o servente não tinha relação com o estupro e morte. O culpado era Luciomar Ferreira Vaz Monteiro, preso dias depois e sentenciado a mais de 50 anos de prisão, em 2012. 

Em 2018, uma promoção do Comando da Polícia Militar de Goiás aos policiais militares acusados repercutiu nacionalmente. 

 

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