Mais da metade dos pontos de ônibus não possuem abrigos aos passageiros

De acordo com dados da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), existem 1.419 pontos de ônibus em Aparecida de Goiânia e 746 destes estão sem abrigos

Postado em: 28-10-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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De acordo com dados da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), existem 1.419 pontos de ônibus em Aparecida de Goiânia e 746 destes estão sem abrigos

Igor Caldas

Mais da metade dos pontos de ônibus de Aparecida de Goiânia não possuem abrigo para passageiros. De acordo com dados da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), existem 1.419 pontos de ônibus em Aparecida de Goiânia e 746 destes estão sem abrigos.  A população tem que ficar sob o sol ou chuva à espera de um transporte que sofre atrasos regulares, com veículos que trafegam acima da sua capacidade de lotação. 

A CMTC passou a responsabilidade dos abrigos de ônibus para as administrações municipais desde janeiro de 2018, mas até a tarde da última quinta-feira (24), a Prefeitura de Aparecida de Goiânia não sabia informar qual pasta da administração teria assumido a responsabilidade de construção e manutenção de abrigos de pontos de ônibus. 

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Neste mês a Secretaria de Infraestrutura e Obras (Seinfra) do município anunciou a construção de 112 novos abrigos de paradas de ônibus, além de outras reformas estruturais de melhorias na mobilidade urbana até 2020. O número representa menos de 8% dos pontos existentes na cidade. Além disso, nem todos se tratam de uma ampliação do número de pontos. De acordo com a Seinfra, pelo menos 55 destes vão substituir abrigos já existentes.

O superintendente da pasta, Roberto Lemos, afirma que vai se reunir com a Secretaria de Mobilidade e Trânsito (SMTA) para decidir de quem é a atribuição de reformar e construir abrigos de pontos de ônibus no município. Ele adiantou que o custo para construção dos novos abrigos de paradas de ônibus foi de R$ 25 mil por abrigo, totalizando R$ 2,8 milhões. Roberto Lemos alegou que essa seria uma das dificuldades para resolver o problema de abrigos em paradas de ônibus em Aparecida.

O modelo definido para os novos abrigos são feitos de placa metálica, com vidro, e possuem espaços específicos para inclusão dos horários de ônibus. Contam com sistema de ventilação e comportam quatro usuários sentados sob a cobertura. O abrigo também tem espaço adaptado para cadeirantes, garantindo mais acessibilidade aos passageiros.

Custo elevado 

O preço de mercado para construção de um abrigo de ponto de ônibus comum, com cobertura, varia entre R$ 1,2 mil a R$2 mil. O custo dos 112 abrigos de pontos de ônibus anunciados pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia seria suficiente para construção de pelo menos 1.400 novos abrigos de parada de ônibus. O número representa quase o dobro de pontos de ônibus que precisam de abrigo no município. 

A Avenida Jataí (Eixo Norte Sul 1) , que possui  13 quilômetros de ciclovias, foi o primeiro corredor do transporte coletivo a receber  os  novos abrigos.  Outro corredor que está recebendo os novos pontos é o da Avenida Santana, na região do Retiro do Bosque. Este corredor de mobilidade parte do Retiro do Bosque e passa pelo Centro, Cidade Livre, Bairro Independência, Jardim Tiradentes, Jardim Tropical e Garavelo, contemplando 17 quilômetros.

João Roberto Gonçalves usa o transporte coletivo para trabalhar. Ele está há um ano e meio trabalhando em uma empresa localizada na Av. Rio Verde, no Bairro Jardim Helvécia. Para voltar para casa, ele espera o ônibus na parada sem abrigo entre a Rua Ecopocu e Avenida Guiraupia. A única sinalização de que ali se encontra um ponto de ônibus são faixas bicolores plotadas em um poste. 

O trabalhador afirma que já perdeu ônibus mais de uma vez por ter que se abrigar da chuva na marquise de uma loja em frente ao ponto de ônibus. “Mais de uma vez eu perdi ônibus quando tava caindo uma chuva pesada por aqui. Fiquei embaixo da cobertura dessa loja e o motorista passou direto porque não me viu”. Quando a chuva não cai, é o sol que castiga os usuários. “Eu não pego ônibus na hora do sol quente, mas já vi muita gente fritando para esperar o coletivo aqui”. 

Na avaliação de João Roberto, o transporte coletivo tem que melhorar muito para ser no mínimo aceitável por quem paga o valor de uma passagem para utilizá-lo em Aparecida de Goiânia. “Eu já cansei de passar raiva no transporte coletivo aqui. A passagem é muito cara pela qualidade do serviço que eles oferecem. Os atrasos são constantes, não existe nenhuma segurança para o usuário e sempre está lotado de gente. Não dá nem para respirar. O poder público só cobra da gente, mas melhoria passa longe”. 

Para chegar ao trabalho, João Roberto desce na parada de ônibus do outro lado da Avenida Rio Verde que possui um abrigo de concreto com cobertura. “Olha lá, mesmo esse abrigo que tem do outro lado é pequeno para o tanto de gente que precisa pegar o coletivo. Quando chove, é todo mundo amontoado. Mas é melhor isso, do que não ter nenhum, como acontece desse lado”.

Ian Coelho também utiliza o mesmo ponto de ônibus desabrigado na Avenida Rio Verde para voltar do trabalho. O veículo do transporte coletivo que ele estava esperando para voltar para casa estava atrasado. Ele também afirma que já perdeu ônibus por ter que ficar embaixo da marquise de uma loja esperando a chuva passar. “A maioria dos ônibus não consegue cumprir os horários. Sempre estão atrasados. Se chover, ainda corre o risco de você perder, porque o motorista passa direto se não vê ninguém no ponto”, afirma Ian. 

Paradas de ônibus estão sem manutenção há anos  

Em vez de serem reformados, alguns abrigos de paradas foram retirados das ruas. É o caso do ponto localizado na esquina da Avenida Independência com a Avenida Brasil, no Jardim Belo Horizonte. Há duas semanas havia um abrigo feito de metal, com cobertura e banco para passageiros aguardarem sentados. Ele não existe mais no local. Outros foram danificados e estão há muitos anos sem manutenção. A única coisa que restou do abrigo de ponto de ônibus na esquina das avenidas 12 com a 104 do bairro Itapuã, foi uma coluna.

A proprietária de um dos comércios localizados em frente ao ponto, que não quis se identificar, afirma nunca ter visto um abrigo no local. Ela possui o salão de beleza há 12 anos no local. “Desde que eu abri o salão aqui, nunca vi abrigo de ponto de ônibus. Quando chovia, todo mudo que esperava o coletivo se amontoava dentro do meu salão. Hoje isso não acontece porque eu gradeei a porta do meu estabelecimento”, conta. No entanto, ela afirma que a falta de segurança foi o verdadeiro motivo das grades em seu comércio.

Segurança

Ela afirma que todos os dias escuta histórias de passageiros que foram roubados ou assaltados enquanto esperavam pelos ônibus para ir trabalhar. “A situação aqui é muito complicada. No início da manhã, quando o pessoal está saindo para trabalhar você não vê ninguém esperando no ponto de ônibus. Mas é só ouvir o barulho dele chegando que o povo vai aparecendo não sei de onde. Eles ficam esperando os ônibus escondidos, temendo que os ladrões levem o pouco que ainda tem”. 

Para tentar melhorar a questão da segurança no município, a Prefeitura de Aparecida afirma que deve instalar 600 câmeras que contam com um software que faz a identificação de rostos e placas de veículos. Os equipamentos que deverão ser instalados no próximo mês ficarão em pontos estratégicos da cidade, fazendo a vigilância, tanto do patrimônio público quanto da população. O objetivo da administração é a redução de crimes e ajuda na identificação de suspeitos.  (Especial para O Hoje) 

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