Reforma da Praça do Cruzeiro também vai contemplar pedestres

Após a conclusão das reformas, o problema de acesso e segurança dos pedestres deve ficar para trás. Foto: Wesley Costa

Postado em: 29-10-2019 às 06h00
Por: Sheyla Sousa
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Após a conclusão das reformas, o problema de acesso e segurança dos pedestres deve ficar para trás. Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

A Praça do Cruzeiro, no Setor Sul, permanece ilhada para pedestres. Blocos de concreto fecharam uma das pistas da via que circula toda extensão da praça para a pavimentação da pista do BRT. A existência de apenas uma faixa de pedestres, na Rua 90, que faz ligação com o local, dificulta o acesso de pedestres. A falta de sinalização no local torna a travessia das ruas no entorno perigosa. Segundo o secretário de Obras Públicas, Dolzonan Mattos, após a conclusão das reformas, o problema de acesso e segurança dos pedestres deve ficar para trás.   

“Sem dúvida serão colocadas faixas com botoeiras e as próprias estações de embarque e desembarque serão um acesso direto à Praça. A vizinhança poderá ir a pé e atravessar com segurança”, afirma Dolzonan. Serão instaladas duas estações de embarque e desembarque, que deve ocupar três metros e meio do passeio público. De acordo com o secretário de Planejamento, Henrique Alves, serão instaladas quatro lombofaixas ao redor do espaço. 

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A lombofaixa é uma faixa de pedestres mais elevada, que é instalada em pontos onde há grande circulação de pessoas. No entorno da Praça do Cruzeiro funciona uma clínica e hospital ortopédico, uma escola, uma igreja e uma academia. Além disso, na Rua 86, perpendicular ao local, funciona a Clínica e o Hospital da Criança. Henrique Alves acredita que depois da reforma o ambiente terá uma circulação mais intensa de pessoas porque se tornará um espaço de embarque e desembarque de passageiros. 

“A reforma da Praça que está sendo feita para execução da pista do BRT deve garantir o acesso seguro dos pedestres ao local. Além disso, ela deve começar a ser mais frequentada já que o espaço ficará mais atrativo e porque o local vai ser de embarque e desembarque de passageiros”, afirma o secretário de Planejamento Urbano.

A quatro mãos 

A Secretaria de Planejamento Urbano e Habitação está executando a revitalização da Praça do Cruzeiro enquanto a Secretaria de Infraestrutura e Obras Públicas realiza a execução da pista do BRT. “Estamos aproveitando esse momento, depois de negociar com o Ministério Público Federal, para executar a pista com seis metros e vinte centímetros em asfalto de largura, no entorno de toda a praça, mas a substituição do asfalto existente na pista restante”, afirma Dolzonan.

O Ministério Público de Goiás se reuniu com representantes da Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação para conhecer o projeto urbanístico da Praça do Cruzeiro, cujo traçado do BRT passará pelo local. Na reunião, a promotora Alice de Almeida destacou que é preciso garantir a preservação e o uso da Praça de acordo com os aspectos legais previstos para bens tombados, garantindo que não haja destruição ou descaracterização. 

De acordo com o secretário Henrique Alves, há o planejamento de instalação das estações de embarque e desembarque do BRT no espaço. O local será revitalizado para manter as características históricas do local. No entanto, a promotora Alice de Almeida falou sobre a questão de eventuais impactos gerados pelo número de viagens e fluxo de pessoas no local em razão das estações.

Estações

Serão instaladas duas estações de embarque e desembarque que vai ocupar três metros e meio do passeio. A praça foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2014. Por isso teve que haver uma negociação com o MPF. “Negociamos com o Ministério Público e com o Conselho de Cultura que aprovaram as estações de embarque e desembarque, no estilo Art decó, leves, com vidros transparentes para não quebrar a visualização de toda a Praça. 

Também serão feitas calçadas acessíveis em torno dos prédios existentes, obras de drenagem da região e a revitalização da parte florística que compete ao BRT e a iluminação pública, sendo toda no sistema LED.

 

Travessia perigosa é problema antigo 

Luiz Gustavo do Prado pratica exercícios físicos na academia localizada ao lado da Praça do Cruzeiro há pelo menos três anos. Ele sempre caminhou no trajeto entre sua casa e a academia para malhar. “Aqui sempre foi uma guerra para atravessar as ruas que ficam ao redor da Praça. Os carros não respeitam e nunca vi faixa de pedestres desse lado para a gente atravessar com segurança”, lamenta. 

Ele ainda diz que a única faixa de pedestres que existe é a que fica localizada na Rua 90. “Só aquela faixa de pedestres próxima ao Instituto Maria Auxiliadora que existe. Mas para quem vem do outro lado da rua tem que disputar com os carros. Os motoristas não querem nem saber. Ainda mais em horário de pico”. 

O vigilante Luis Carlos Ribeiro afirma que o problema de acesso e travessia dos pedestres no local é ainda mais antigo. Ele trabalha há oito anos para a academia e tem visão privilegiada da rua. “Isso aqui é uma bagunça. E agora com essa obra ficou ruim para o pedestre e para o motorista. Complicou tudo. Antes de começar os trabalhos já era difícil para atravessar, agora está mais perigoso ainda”. Ele afirma que já viu pessoas esperarem mais de 10 minutos para conseguirem atravessar a rua em horário de pico de trânsito.

“Aqui fica ruim de verdade entre as 7h e 9h e 18h às 20h. A falta de sinalização, faixa de pedestre e sinaleiro é perigoso porque tem muita criança que estuda no Maria Auxiliadora”. Ao saber da instalação das faixas após a reforma, Luis foi enfático: “não adianta ter só faixa de pedestres. Se não tiver sinaleiro, os carros não respeitam. Os motoristas ficam agoniados para chegarem em casa logo”.

Antônio Gomes da Silva foi proprietário de um pit dog que funcionava na praça por quatro anos e meio. Há um ano e meio ele vendeu o estabelecimento para outra pessoa, mas confirma que o problema de falta de sinalização e acessibilidade de pedestres sempre existiu. “Na época que eu dirigia a lanchonete perdi muitos clientes porque não tinha uma faixa de pedestres no local. Lá passa muitos carros em alta velocidade e eles não querem nem saber se tem alguém atravessando. Não freiam”.

O empresário afirma que já presenciou mais de um atropelamento enquanto o pit dog estava sob sua direção. “Já vi gente ficando mais de 30 minutos do outro lado da rua esperando atravessar. Também presenciei atropelamentos aqui na via porque a pessoa cansa de esperar, resolve se arriscar para forçar o carro a frear, mas eles não param. Passam por cima. Não tem consciência”, lembra Antônio.  (Especial para O Hoje) 

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