Pontos de ônibus não cumprem recomendações

Apesar de ter preço elevado (R$ 25 mil) o aparato não cumpre todas as recomendações da Política Nacional de Mobilidade Urbana - Foto: Wesley Costa

Postado em: 01-11-2019 às 06h00
Por: Leandro de Castro Oliveira
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Apesar de ter preço elevado (R$ 25 mil) o aparato não cumpre todas as recomendações da Política Nacional de Mobilidade Urbana - Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Aparecida de Goiânia deve receber 112 novos modelos de abrigos de pontos de ônibus. Destes, apenas 24 foram instalados e 55 serão substituições de abrigos de concreto. Segundo a prefeitura, não há data limite para que a implantação dos abrigos seja concluída. Apesar de ter preço elevado (R$ 25 mil) o aparato não cumpre todas as recomendações da Política Nacional de Mobilidade Urbana. Iluminação própria e lixeiras não foram incluídas e alguns pontos foram colocados em vias com falta de postes de luz, no escuro como na Avenida Jataí, em Santa Luzia.

Não foi decidido qual Secretaria seria responsável pela manutenção e instalação de novos abrigos de pontos de ônibus, a prefeitura busca uma solução para reduzir o déficit de mais de 50% de pontos desabrigadas no município. Isso deve ser decidido na próxima semana, em reunião entre a Secretaria de Infraestrutura e Obras (Seinfra) e Superintendência Municipal de Trânsito e Transporte de Aparecida de Goiânia (SMTA).

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Segundo o município, a reunião ainda não aconteceu porque as pastas estão priorizando outras demandas. A Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) repassou a obrigação de manutenção e instalação de abrigos de parada de ônibus para os municípios ainda em 2018.

De acordo com a Companhia, o abrigo mais comum em Goiânia, de cor azul ou com cobertura laranja com cinco lugares, custa cerca de R$ 9 mil. Já o modelo mais robusto, como os que estão instalados na Praça Universitária, com estrutura de metal, painéis de vidro, espaço para cadeirantes e cinco lugares para acomodar pessoas sentadas custa cerca de R$ 18 mil.

Cada novo abrigo de ônibus instalado pela Prefeitura de Aparecida teve o custo de R$ 25 mil e apesar de serem R$ 5 mil mais caros, são inferiores aos mais robustos instalados pela CMTC na Praça Universitária, em Goiânia. Os novos pontos de Aparecida têm uma estrutura menos rígida, com apenas um painel de vidro e acomoda uma pessoa a menos sentada. Apesar disso, ele possui barras nos acentos e é cercado de piso tátil.

Financiamento federal

A instalação das estruturas de paradas de ônibus faz parte de uma das ações do Projeto de Mobilidade Urbana executado pelas secretarias de Infraestrutura (Seinfra), Mobilidade e Defesa Social e Desenvolvimento Urbano. Os novos pontos de ônibus estão recebendo um novo modelo de abrigo moderno e acessível, oferecendo maior comodidade aos usuários do sistema público de transporte.

De acordo com o superintendente de obras da Seinfra, Roberto Lemos, o Projeto de Mobilidade Urbana inclui diferentes estruturas na cidade. “O projeto veio com um contrato de financiamento do Governo Federal que contemplou a construção de ciclovias, calçadas e paisagismo nos principais eixos estruturantes da cidade. Além disso, contou com a duplicação da Avenida São João com ligação para o anel viário e uma trincheira na Avenida São Paulo”. Ele afirma que os novos pontos de ônibus serão colocados nestes eixos estruturantes.

Os novos abrigos para usuários do transporte público são feitos de placas metálicas, possui cobertura, a chapa de metal ao fundo do abrigo contém frestas que deveriam funcionar como um tipo de sistema de ventilação. O aparato comporta quatro usuários sentados além do espaço destinado para cadeirantes. A área reservada possuí uma placa feita de vidro ao fundo, onde deveriam encaixar os horários das linhas de ônibus que passariam pelo local.

O novo representa um avanço em relação aos outros modelos, principalmente pelo lugar coberto reservado ao cadeirante. Toda cobertura dos outros modelos de parada de ônibus contemplavam apenas usuários com mobilidade sem limitações. As calçadas dos novos pontos de ônibus também foram adaptadas com pisos táteis, para pessoas com limitações visuais e rampas de acesso.

Moradores de Aparecida se assustam com custo elevado

Para Tiago Rodighiero, dono de oficina mecânica no bairro Jardim dos Buritis localizada na Avenida das Palmeiras, em frente a um dos novos abrigos de pontos de ônibus, as mudanças não justificam o valor do aparato urbano.  Ele concordou que a nova parada representa um avanço, mas quando a reportagem informou o preço do abrigo, Tiago se assustou. “Que isso? Isso aqui custou R$ 25 mil? Está brincando?! Depois dessa, quero até ver quanto ficou a execução dos canteirinhos lá na Avenida São Paulo”.

Tiago avaliou que a melhoria deveria ter custado 1/5 do valor.“Eu não sou especialista, mas um negócio desses não dá para sair mais do que R$ 5 mil”. Ele ainda afirmou que as placas de vidro seriam as primeiras a serem levadas pelos ladrões. A prefeitura prometeu a instalação de câmeras inteligentes para coibir ações criminosas nas paradas de ônibus. No entanto, elas ainda não foram instaladas no bairro.

O comerciante afirma que acompanhou as obras de instalação do ponto de ônibus e disse que demandou uma quantidade grande de funcionários. “Vieram pelo menos 15 homens da prefeitura para executar essa obra e ela foi feita em duas etapas. Eles começaram primeiro a mexer nas calçadas para torná-las acessíveis para depois começarem a construir a estrutura do abrigo”, afirma Tiago.

Lidiane Cardoso pega ônibus todos os dias no mesmo local. Ela afirma que o novo abrigo surgiu há menos de um mês e que antes dele ser construído, os passageiros tinham que aguardar o ônibus ao relento. A moradora do bairro Jardim dos Buritis afirma que a construção do novo abrigo representa uma melhoria, mas também se impressionou com o custo. “Melhorou bastante. Antes não tinha nada. Mas por esse preço, não sei se foi um bom negócio”.

Os novos abrigos de ônibus fazem parte do Projeto de Mobilidade Urbana de Aparecida de Goiânia consiste na realização de obras para integrar o trânsito do município. Pedestres, ciclistas, veículos e o transporte coletivo estão inseridos nas mudanças. Segundo a prefeitura, as intervenções foram planejadas para que todos os modelos de transporte possam conviver de forma harmoniosa. O custo total do projeto está em R$ 57 milhões.

Na Avenida Jataí (Eixo Norte Sul 1), foram construídas 13 quilômetros de ciclovias e foi o corredor do transporte que inaugurou  os  novos abrigos.  A Avenida Santana, no Retiro do Bosque também recebeu os novos abrigos. Este eixo estruturante começa no Retiro do Bosque e passa pelo Centro, Cidade Livre, Bairro Independência, Jardim Tiradentes, Jardim Tropical e Garavelo. Os pontos estão sendo construídos em regiões que receberam seis novas linhas interbairros do transporte coletivo para interligar diferentes partes do município.

 

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