9 autores e intelectuais negros que você precisa conhecer

Listamos abaixo 9 autores autores e intelectuais negros cujas contribuições para a ciência são vitais para o nosso momento e que você precisa conhecer. Foto: Machado De Assis Real/Reprodução

Postado em: 16-11-2019 às 09h00
Por: Aline Carleto
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Listamos abaixo 9 autores autores e intelectuais negros cujas contribuições para a ciência são vitais para o nosso momento e que você precisa conhecer. Foto: Machado De Assis Real/Reprodução

Aline Bouhid

Pesquisa recente do IBGE revela que, pela primeira vez na história do Brasil, o número de estudantes negros e pardos nas universidades públicas brasileiras ultrapassou o de brancos. Num país em que metade da população se encaixa nesse perfil étnico, trata-se de uma conquista importante de igualdade.

Listamos abaixo 9 autores autores e intelectuais negros cujas contribuições para a ciência são vitais para o nosso momento e que você precisa conhecer. Confira:

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Milton Santos

O geógrafo brasileiro Milton Santos nasceu em 1926, formou-se em Direito na Universidade Federal da Bahia (UFBA) em 1948 e fez doutorado na Universidade de Estrasburgo, na França, entre 1956 e 1958. Ao longo de sua trajetória intelectual, ele se tornaria professor livre docente da UFBA e receberia o título de doutor honoris causa de mais de 20 universidades do mundo. Foi professor convidado de universidades como a Universidade de Toronto e trabalhou junto com Noam Chomsky no MIT.

Entre as contribuições de Milton Santos para a geografia contemporânea, destacam-se suas pesquisas sobre as economias de “terceiro mundo” e sobre o subdesenvolvimento. Ele também é reconhecido como um dos grandes críticos do conceito de “globalização”, que ele enxerga como um processo produtor de novos totalitarismos, um eliminador de culturas e um transformador de “cidadãos” em “consumidores”. 

Cruz e Sousa

João da Cruz e Sousa, também conhecido como Dante Negro ou Cisne Negro, foi o único poeta de pura raça negra, não tinha nada de mestiço, segundo Antonio Candido (grande estudioso da literatura brasileira e sociólogo). Era filho de escravos alforriados, mas recebeu a tutela e uma educação refinada de seu ex-senhor, o marechal Guilherme Xavier de Sousa – de quem adotou o nome de família, Sousa. Aprendeu línguas como francês, latim e grego. Além disso, aprendeu Matemática e Ciências Naturais. Seus poemas simbolistas são marcados pela musicalidade, pelo individualismo, pelo espiritualismo e pela obsessão pela cor branca. Publicou os livros Broquéis (1893); Missal (1893) Tropos e Fantasias (1885), com Virgílio Várzea; postumamente foram publicados Últimos Sonetos (1905); Evocações (1898); Faróis (1900); Outras evocações (1961); O livro Derradeiro (1961) e Dispersos (1961). 

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis dispensa apresentações, pois é considerado o maior nome da literatura brasileira. Além de seus tão conhecidos romances, publicou contos, poemas, peças de teatro e foi pioneiro como cronista. Publicou em inúmeros jornais e foi o fundador da Academia Brasileira de Letras, juntamente com escritor José Veríssimo. Machado de Assis foi eleito presidente da instituição, ocupando este cargo até sua morte. Escreveu mais de 50 obras, mas está para sempre imortalizado por causa das obras Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881); Quincas Borba (1891); Dom Casmurro, (1899) e O Alienista (1882). Vale relembrar que até pouco tempo atrás, era representado como um homem branco em determinadas propagandas. 

Elisa Lucinda

Elisa Lucinda dos Campos Gomes é uma poeta brasileira, jornalista, cantora e atriz brasileira. É muito conhecida por suas atuações em novelas da Rede Globo, pelo prêmio que recebeu pelo filme A Última Estação (2012), de Marcio Curi, e pelos seus inúmeros espetáculos e recitais em empresas, teatros e escolas de todo o Brasil. Publicou inúmeros livros, dentre eles A Lua que menstrua (1992); O Semelhante (1995); Eu te amo e suas estreias (1999); A Fúria da Beleza (2006); A Poesia do encontro (2008), com Rubem Alves; Fernando Pessoa, o Cavaleiro de Nada (2014). 

Achille Mbembe

O filósofo e teórico político Achille Mbembe nasceu nos Camarões em 1957. Em 1989, obteve seu Ph.D. em História na Universidade de Sorbonne, em Paris, e desde então ocupou cargos em universidades como Columbia, Duke, Yale, University of California, Berkeley e UPenn. Atualmente, é professor do instituto W.E.B. Dubois em Harvard.

Os temas estudados por Mbembe são a histórica da África, o pós-colonialismo e seu impacto nas relações de poder contemporâneas. Ele é conhecido por estabelecer o conceito de “necropolítica”, que entende a morte como exercício final de dominação do poder estatal, e que expande as noções de biopoder estabelecidas por Foucault. É uma ideia que expande o entendimento de questões como a “guerra às drogas” e a subjugação da Palestina, por exemplo. No Brasil, estão disponíveis suas obras mais recentes, Crítica da Razão Negra e Políticas da Inimizade.

Angela Davis

Angela Davis se tornou famosa por sua atuação junto aos Panteras Negras nos Estados Unidos entre as décadas de 60 e 70. Seu ativismo é embasado numa trajetória intelectual extremamente robusta: ela foi uma das três alunas negras da Brandeis University, onde fez sua graduação, e depois tornou-se aluna do filósofo Herbert Marcuse nas universidades de Frankfurt e California, San Diego. Já publicou mais de 10 livros sobre temas como feminismo e a luta de classes vista da perspectiva racial.

Se hoje conseguimos perceber as diversas maneiras como o racismo continua a agir na nossa sociedade, é em parte graças ao trabalho de Davis. Suas pesquisas históricas revelaram como os negros, e principalmente as mulheres negras, continuaram excluídos de muitas das oportunidades de ascenção econômica mesmo com o fim da escravidão. Sua obra é importantíssima para entender o racismo institucional que agu na formação das sociedades ocidentais contemporâneas.

bell hooks

bell hooks (em minúsculas mesmo) é o nome usado pela autora Gloria Jean Watkins em seus livros. Em uma palestra na Rollins College, ela contou que adotou o nome da sua bisavó, que era conhecida pela língua afiada, e que usa as minúsculas tanto para se diferenciar dela quanto para manter o foco “na substância dos livros, não em quem eu sou”. Filha de um zelador e de uma dona de casa, ela se graduou em Stanford em 1973, conquistou o mestrado na Universidade de Wisconsin-Madison em 1976, e o doutorado na University of California, Santa Cruz em 1983.

Com mais de 30 livros publicados, bell hooks já escreveu sobre temas como pedagogia engajada, gênero e comunidades. Em seu livro “Feminismo é para todos”, ela se consolidou como uma das principais defensoras da noção de feminismo como o fim da opressão e exploração baseada em gênero. Ela também é uma das principais responsáveis pelo nosso entendimento do papel que a representação distorcida de negros na mídia cumpre na perpetuação de pensamentos e atitudes racistas.

Chimamanda Ngozi Adichie

A autora Chimamanda Ngozi Adichie é mais conhecida por seus romances Hibisco Roxo, Meio Sol Amarelo e Americanah. No entanto, além de sua carreira literária, ela também tem uma obra bastante robusta de ensaios e uma trajetória acadêmica muito respeitável. Natural da Nigéria, ela se mudou para os EUA com 19 anos para estudar na Universidade de Drexel, e fez mestrados em escrita ciriativa (pela Universidade Johns Hopkins) e estudos africanos (por Yale).

Tanto em seus romances quanto em seus ensaios, os principais temas que Chimamanda aborda são feminismo e a identidade do continente africano. Ela é a responsável por um dos “TED Talks” mais vistos da história, intitulado “O perigo de uma história única”, no qual ela fala sobre a ausência de referências positivas sobre a África no Ocidente. Outra palestra sua de muito sucesso é intitulada “Sejamos Todos Feministas”, na qual ela expõe suas experiências sobre ser uma feminista africana.

Neil de Grasse Tyson

O astrofísico Neil deGrasse Tyson se formou em física em Harvard em 1980, fez mestrado em astronomia na University of Texas at Austin concluindo em 1983, e conquistou o Ph.D. em astrofísica na Columbia university em 1991. Em toda a sua trajetória acadêmica, pesquisou sobre cosmologia, a formação dos corpos celestes e a evolução das estrelas.

Apesar de sua expressiva pesquisa nessa área, Tyson é mais conhecido hoje como educador e divulgador científico. Ele frequentemente participa de palestras e programas de TV para falar de maneira clara e simples sobre questões científicas complexas, e em 2014 apresentou a série de TV Cosmos, uma continuação da série de mesmo nome criada por Carl Sagan na década de 1980. 

* Com informações do portal Estudar Fora

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