Jovens procuram se imunizar contra sarampo

Segunda fase da campanha é iniciada e alvo são pessoas de 20 a 29 anos. Saiba curiosidades sobre a doença e a vacina - Foto: Cristovão Matos

Postado em: 22-11-2019 às 06h00
Por: Leandro de Castro Oliveira
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Segunda fase da campanha é iniciada e alvo são pessoas de 20 a 29 anos. Saiba curiosidades sobre a doença e a vacina - Foto: Cristovão Matos

Higor Santana* e Igor Caldas

A segunda etapa da Campanha Nacional de Vacinação contra o Sarampo tem atraído jovens que estão com esquemas de vacinas incompletos ou que não tem conhecimento se já fora imunizados contra à doença. Esta fase é destinada a jovens adultos de 20 a 29 e vai ser realizada até 30 de novembro. A meta da campanha é imunizar 128.640 jovens até o fim da campanha. Secretaria  Estadual de Saúde recebeu 173 mil doses e abasteceu todos municípios goianos.

Igor Meireles,  23 se vacinou com a tríplice viral na tarde desta quinta-feira (21). Ele havia perdido o cartão de vacinação e não sabia se já havia sido imunizado contra o sarampo. “Na verdade, eu perdi meu controle de vacinas. Na dúvida, eu fui orientado pelo posto de saúde a tomar a vacina porque ela não causa efeitos colaterais”. A vacina da tríplice viral imuniza contra cachumba, rubéola e sarampo. 

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Foi por causa das notícias dos surtos que Igor resolveu procurar a imunização. Além da tríplice viral, Igor também tomou vacina contra Tétano, Hepatite B e Febre Amarela. “Foi bom eu ter vindo para cá porque eu já garanti imunização contra outras doenças também. Não sabia que meu cartão estava tão incompleto”.  Igor veio acompanhado de sua namorada, Kecy Kenia. Ela descobriu que já tinha sido imunizada contra o sarampo no guichê de triagem.

Mais de 900 postos em todos os 246 municípios goianos vão ficar abertos das 8h às 17h. Os jovens que procurarem as unidades vão tomar a vacina Tríplice Viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola. O Dia “D” de mobilização da campanha será no último sábado do mês, 30 de novembro.

No Estado, até o dia 21 de novembro, foram notificados 180 casos suspeitos de sarampo. Desses, 135 foram descartados e 40 seguem em investigação. Cinco casos foram confirmados, dos quais 3 em Goiânia, 1 em Posse e 1 em Alto Paraíso.

Primeira etapa de campanha teve pouca procura

Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em Goiânia, apenas 35% das crianças com idade entre seis meses e menores de cinco anos foram vacinadas contra o vírus do sarampo durante a primeira etapa da Campanha Nacional de Vacinação, realizada em outubro. Na última semana, a SMS anunciou o início da segunda etapa, que está imunizando pessoas com idades entre 20 e 29 anos desde segunda-feira (18). 

Em 2019, as ações de combate à doença foram atualizadas pelo Ministério da Saúde (MS). Dentre as recomendações, estão a atualização do cartão de vacinas de profissionais de saúde, monitoramento e bloqueio vacinal dos contatos de casos suspeitos em tempo oportuno de até 72 horas, qualificação para atualizar os profissionais que atuam na rede de saúde sobre a doença, empenho do laboratório de referência (Lacen-GO) em liberar os resultados dos exames laboratoriais no menor tempo possível, dentre outras.

De acordo com a superintendente de Vigilância em Saúde da Prefeitura de Goiânia, Flúvia Amorim na primeira etapa da campanha, eram para ter sido vacinadas cerca de 23 mil crianças, mas apenas 5,7 mil foram imunizadas contra a doença. Mesmo com o foco na segunda etapa sendo para população adulta, os pais ainda podem levar os filhos para se vacinar.

“Nós fizemos uma primeira etapa de vacinação no mês de outubro, nós tivemos uma baixíssima procura. Deixamos a tríplice viral para esta faixa etária, isso não se concretizou. Apesar de a prioridade ser pessoas de 20 a 29 anos, pessoas de outras idades, crianças, adultos poderão se vacinar. Essa não é uma campanha de dose extra”, disse.

Cobertura e Vacina

Em Goiás, três municípios seguem com cobertura abaixo de 50% para crianças de um ano de idade, Faina, Formoso e Novo Planalto. Todas as 246 cidades goianas estão abastecidas com doses da vacina. Pais e responsáveis devem procurar uma das mais de 900 salas de vacinação espalhadas por Goiás.

No Brasil, a responsabilidade do Programa Nacional de Imunizações (PNI), que trata da vacinação dos cidadãos, é compartilhada entre o Governo Federal, por meio do MS, e os Estados e os Municípios, por meio das respectivas Secretarias de Saúde. Mas contudo, o responsável pela produção ou compra e distribuição das vacinas utilizadas no PNI para todos os Estados do País é o MS. 

Os Estados, ao receberem as doses do Ministério, se encarregam de distribuir proporcionalmente as vacinas pelos municípios. Por fim, as prefeituras se encarregam de vacinar a população nos postos de saúde. O objetivo é uma atuação conjunta para que a população fique protegida contra doenças.

A SES-GO informou que realizou capacitações das ações de imunização na rotina e para a campanha de vacinação contra o sarampo com trabalhadores das 18 regionais de saúde do Estado e também com os municípios. Esses treinamentos foram presenciais e por meio da Gerência de Informações Estratégicas em Saúde, Conecta SUS e já atingiram 516 profissionais.

Desconhecimento sobre vacinas preocupam profissionais

Uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Imunizações, em parceria com a organização não governamental Avaaz e divulgada no portal da Agência Brasil, revelou preocupação para o MS. Na pesquisa, dez afirmações falsas recorrentes sobre vacinas foram apresentadas a mais de 2 mil entrevistados nas cinco regiões do Brasil. Mais de dois terços (67%) disseram que ao menos uma das informações era verdadeira.

Os questionários foram aplicados pelo Ibope entre 19 e 22 de setembro deste ano. Entre os entrevistados, apenas 22% conseguiram identificar que as dez afirmações eram falsas. Mais 11% não souberam ou não responderam.

Para 24% dos entrevistados, há boa possibilidade de as vacinas causarem efeitos colaterais graves, quando, na verdade, os efeitos adversos graves são raríssimos. A segunda afirmação falsa mais recorrente foi que há boa possibilidade de as vacinas causarem a doença que dizem prevenir, com 20% de concordância. Uma em cada cinco entrevistas.

Outras doenças 

Pesquisadores da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, conseguiram mostrar que o vírus do sarampo pode apagar, em média, 20% da memória imunológica do nosso organismo. Isso significa que pessoas que contraíram o vírus do sarampo têm risco aumentado de terem outras doenças infecciosas, inclusive doenças que o organismo já havia criado defesas. É como se o vírus do sarampo fosse a chave para liberar a entrada para novas doenças.

O estudo, publicado na revista Science Immunology, chega no momento em que 19 estados do Brasil passam por surtos de sarampo. Nos últimos 90 dias, mais de cinco mil casos da doença já  foram confirmados, com 14 óbitos. Mais de 90% dos casos estão concentrados em 192 municípios do estado de São Paulo. A única forma de interromper essa cadeia de transmissão e de prevenir contra o sarampo é por meio da vacinação.

Para que a vacina faça efeito no organismo da pessoa, é necessário tomar todas as doses previstas no Calendário Nacional de Vacinação: duas doses a partir de 12 meses a 29 anos e uma dose para a população de 30 a 49 anos. 

Atualmente, em virtude dos surtos de sarampo, há ainda a recomendação do MS de aplicar uma dose extra, a chamada Dose Zero, em crianças de seis meses a menores de um ano. Esse público está mais suscetível a casos graves e óbitos. Das 14 mortes pela doença no Brasil, sete foram em menores de cinco anos de idade. 

(Higor Santana é estagiário do Jornal O Hoje sob orientação do editor interino de cidades Igor Caldas)

 

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