Caridade além da religiosidade

Instituição sexagenária Lar de Jesus conta com projetos sociais e cursos profissionalizantes.

Postado em: 27-11-2019 às 07h50
Por: Sheyla Sousa
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Instituição sexagenária Lar de Jesus conta com projetos sociais e cursos profissionalizantes.

Igor Caldas

A caridade é um dos pilares da doutrina da religião espírita. É comum ver associações dessa vertente realizando trabalhos sociais edificantes para a comunidade, mesmo que eles estejam um tanto distantes dos ensinamentos religiosos. É o caso, por exemplo, de casas espíritas que mobilizam pessoas na doação, preparação e distribuição de alimentos para população em situação de rua ou em hospitais públicos, onde parentes de enfermos não tem condições financeiras de se manterem.  Para muitos que recebem a ajuda, a religião do voluntário passa despercebida. É “fazer o bem sem olhar a quem”.

“Para nós, a religião do outro não é importante. O que importa mesmo é que estejamos auxiliando o próximo, pois ajudamos muito mais a nós mesmos quando estamos nos doando”. Nestas palavras, Leda Neri resume seus trinta anos de trabalho voluntário dentro da instituição espírita sexagenária, Lar de Jesus, localizada no Setor Coimbra, em Goiânia. Ela acompanhou pelo menos metade da história do crescimento da instituição na Capital, cujo trabalho extrapola o ditado popular de que se deve priorizar o ensinamento da pesca do que a doação do peixe.

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Segundo Leda, o Lar de Jesus foi pioneiro na implantação de escolas em tempo integral para crianças em Goiânia. “Aqui funcionou a primeira escola de tempo integral em Goiânia, lecionava da pré-alfabetização até a quarta série do ensino fundamental. Fechou a escola e começamos a ofertar os cursos profissionalizantes”. A entidade oferece cursos de capacitação profissional em costura industrial, modelagem e costura fina, informática básica, cabeleireiro e manicure. Os cursos são gratuitos e as turmas abrem quatro vezes por ano. Oficinas de informática, pintura e música também são oferecidas para idosos.

De acordo com a coordenadora administrativa do Lar de Jesus, Dulmara Aparecida Muniz, cada modalidade de capacitação profissional forma cerca de 60 pessoas por ano. Ela ainda afirma que além dos cursos, a fundação realiza vários trabalhos de assistência e promoção social à comunidade. “Pessoas que estão com problemas, em busca de aconchego, buscam atendimento nas reuniões. Realizamos palestras sobre temas como suicídio, abuso de drogas e outros assuntos que preocupam a sociedade”, revela Dulmara. O auditório, tanto para reuniões do centro espírita, quanto para palestras elucidativas é de 180 pessoas sentadas.

Por ser também uma instituição filantrópica, algumas pessoas carentes procuram o Lar de Jesus em busca de doação de alimentos. Na sede da fundação, são confeccionados, de forma voluntária, enxovais de berço para mães que não possuem condições financeiras para adquiri-los. O trabalho garante que 49 bebês recebam fraldas de pano, toalhas de banho, sapatinhos, sabonete, mamadeiras e outros acessórios de berço todos os meses.

“Às vezes, temos pedidos de enxovais para algum Centro de Referência de Assistência Social [CRAS], ou as mãezinhas carentes vêm até aqui”, afirma Dulmara. Os próximos enxovais produzidos pela instituição serão doados na inauguração do CMEI no bairro Jardins do Cerrado IV. Outro trabalho da fundação é o Lar de Jesus nos lares, realizado em parte dentro da sede e também na entrega de 15 cestas básicas mensais para lares carentes da Grande Goiânia. “É uma equipe que tem alguns profissionais que levam à promoção à família. Como assistência jurídica e melhorias estruturais em casas precárias dessas pessoas”, esclarece.

A entidade sobrevive por meio de doações e parcerias e a ajuda sempre é bem vinda. “Temos um voluntariado de associados que fazem depósitos mensais. Outros, doam dinheiro ocasionalmente. Também realizamos eventos para angariar fundos e um Brechó comercializa roupas, brinquedos e livros dentro da sede da instituição”, complementa Dulmara.

Quem quiser colaborar para que as atividades do grupo continuem a ser realizadas podem ajudar com qualquer quantia a ser depositada nas contas bancárias. Caso prefira, você pode programar como doação recorrente, mensalmente, em seu cartão de crédito. Se optar pelo Banco do Brasil, os dados bancários são Agência de número 3656-0 na Conta corrente 14.475-4, pelo CNPJ 01.262.799.0001-57.  Para Caixa Econômica Federal, Agência: 2274, OP: 003, Conta corrente: 599-2.

 

Oficinas levam integração social aos idosos 

A instituição realiza oficinas que compõem o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo com Idosos, segundo a coordenada por Helena Borges Rosa. “As atividades oferecidas servem para dar um movimento a mais na vida dessas pessoas. Eles aprendem a tocar violão, fazer bordado em pedrarias, pintura e informática”. Helena ainda afirma que há um professor de educação física que realiza alongamentos e o O Lian Gong, prática chinesa que objetiva tratar e prevenir dores no corpo e vários problemas osteomusculares e nas articulações, além de agir nas disfunções dos órgãos internos e problemas respiratórios.

Uma das atividades mais inclusivas da população da melhor idade são as aulas de informática, ministradas por Anthony Stephen Costa. Ele explica que na oficina, os idosos são estimulados a usar e aprender sobre aplicativos de celular e noções básicas do computador. “No celular a gente faz um curso voltado para o whatsapp. Coisas que parecem ser novidade para as pessoas mais velhas, como chamadas em vídeo conferência, envio de mídias e documentos”.

Anthony explica que essas ferramentas podem ser muito úteis para que, por meio da rede, os idosos consigam resolver problemas do cotidiano. “Eu sempre falo para eles gravarem um vídeo da dúvida que querem resolver com alguma pessoa mais nova. Então, a pessoa poderá entender exatamente qual é o desafio deles e achar uma solução mais rápida”.

Márcia Divina da Silva Lima é pedagoga e professora de pintura para os integrantes do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo com Idosos. “Fiz o curso de pintura e compartilho todas as técnicas que desenvolvi com eles. Já pintamos várias telas. A gente aprende muito junto. Além da interação e da amizade, é muito gratificante. Na verdade eu era aluna da aula de violão.  Eu pintei uma tela de presente para o professor e fui chamada para lecionar”. (Especial para O Hoje)

 

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