Geradores é o recurso para quedas de energia em Goiás

Produtores do interior e da zona rural são os mais prejudicados com a necessidade do investimento. Foto: Wesley Costa

Postado em: 29-11-2019 às 07h33
Por: Sheyla Sousa
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Produtores do interior e da zona rural são os mais prejudicados com a necessidade do investimento. Foto: Wesley Costa

Igor Caldas

Geradores de energia elétrica têm sido indispensáveis para quem quer fugir da crise do fornecimento de energia em Goiás. Para alguns empresários, o equipamento representa a sobrevivência da empresa diante das constantes interrupções de energia. Para outros, pode representar um corte de custo, pois em certas operações o preço do Kw/h sai mais barato do que as taxas cobradas pela empresa.

Gerente de vendas de uma das maiores empresas de venda e aluguel destes aparelhos, Fábio Carvalho, revela que a procura por geradores elétricos tem taxa de crescimento anual de cerca de 6%. Para as células fotovoltaicas, que as empresas também trabalham, o gerente afirma que a procura foi ainda maior. Cresceu 50% em relação ao último ano.

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A empresa possui 35 anos em experiência de engenharia de aplicação e realiza estudos de implementação de geradores elétricos para clientes de diversos ramos. “A ideia, é fazer consultoria e elaborar uma solução de implementação de geradores, ou células fotovoltaicas para suprir a necessidade do cliente”, Flávio ainda diz que a maior parte das vendas de geradores elétricos vão para a produção agropecuária. Ele explica que a demanda por geradores elétricos do setor da agropecuária representa 43% das vendas da empresa.

As interrupções de energia são mais constantes e duradouras em cidades do interior do Estado. “O pessoal da zona rural tem procurado muito o equipamento. Hoje, a maioria das fazendas são muito profissionais. Não podem ficar sem energia por nenhum dia. Tratam o negócio como verdadeiros empresários. Ficar sem energia elétrica, é prejuízo”, afirma Flávio. Ele diz que o equipamento é imprescindível para cobrir a falta de energia. Proprietário de uma granja em São João da Paraúna, há cerca de 150 quilômetros da Capital, Osvaldo Melo da Costa, teve que adquirir um segundo gerador elétrico. O produtor cria cerca de 123 mil aves.

“Eu tinha um gerador para cobrir a falta de energia aqui, mas ele começou a ficar tanto tempo ligado, que não estava mais aguentando o tranco. Então, tive que comprar outro”. O produtor afirma que a granja já chegou a ficar com a energia elétrica interrompida por três dias seguidos. “Em casa é ainda pior, eu já fiquei seis dias sem luz”. Osvaldo revela que já tentou ligar várias vezes para a Enel, mas a empresa nunca resolve ou ameniza o problema. “A gente telefona para eles, mas ninguém dá nem satisfação”, lamenta.

Ele conta que o equipamento é imprescindível para a criação das aves. “Aqui não pode ficar sem gerador. Se ficar sem, é prejuízo na certa. Ele é fundamental para o negócio”. Osvaldo explica que se a questão da distribuição de energia elétrica fosse resolvida ele ainda teria que ter um gerador por prevenção das interrupções. “Se não caísse tanto a energia por tanto tempo, eu ligaria o gerador só cinco minutos, em caso de interrupção. Isso seria normal. Mas do jeito que está, eles tem que ficar ligados o dia todo”. Osvaldo fez um investimento de R$ 65 mil na compra do novo equipamento.

A granja do produtor é grande, mas ele afirma que quem mais sofre com os problemas de interrupção de energia na região são os pequenos produtores. “O pessoal que tem um negócio de menor porte, perde muito dinheiro. Aqui, quem mexe com o leite, por exemplo, tem que jogar fora, se cair a energia. O negócio deles é pouco, tem poucas vaquinhas e o processo é todo financiado pelo banco”, ele ainda afirma que os pequenos produtores não possuem crédito para fazer investimento do porte da compra de um gerador elétrico.

Flávio afirma que geradores elétricos são fundamentais para emergências. “Na Europa e EUA, basicamente todas as empresas tem um grupo de geradores elétricos. Isso acontece porque a ocorrência de catástrofes climáticas afetam muito eles. Nós não temos esse problema aqui, mas temos a Enel que virou a bola da vez. Tem acontecido muitas interrupções de energia elétrica”.

Ele relata que um dos clientes da empresa ficou 60 horas sem energia em Itumbiara e teve prejuízos enormes. “Ele é dono de uma indústria têxtil no interior. Por causa da interrupção, perdeu R$ 250 mil”. Flávio afirma que fecha negócios de R$ 40 mil até sistemas milionários de implantação de geradores.

 Aprovada lei que permite rescisão do contrato com a Enel 

Em votação unânime, a Comissão Mista da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) aprovou projeto de lei que propõe a rescisão do contrato de distribuição de energia firmado entre o governo de Goiás e a Enel. Parlamentares questionaram a qualidade dos serviços oferecidos pela empresa. A Enel afirma que o projeto é inconstitucional.

O texto da legislação, votado na comissão pelo deputado Paulo Trabalho (PSL), vai precisar ser aprovado em mais duas votações no plenário para poder passar pela aprovação do governador Ronaldo Caiado (DEM) que afirmou que vai sancionar a lei caso ela avance na Assembléia Legislativa.

A Enel Distribuição Goiás declarou ao Jornal O Hoje que reafirma seu compromisso com os clientes goianos e está dedicando todos os esforços para recuperar a rede elétrica de Goiás. Desde o início de novembro, a empresa tem enfrentado um período chuvoso atípico, com fortes ventos e, principalmente, descargas atmosféricas. Estes eventos climáticos destruíram trechos inteiros da rede elétrica em diferentes pontos do Estado.

Diante desse cenário, a companhia reforçou o plano de atuação em situações de emergência em todo o Estado, com ações específicas dedicadas ao interior e a clientes rurais localizados em regiões remotas. A empresa mais do que dobrou o número de equipes em campo e está reforçando ainda mais o atendimento, com técnicos vindos de outros Estados onde também atua.

A distribuidora ressalta que está dobrando de 29 para 58 o número de postos de atendimento com estruturas regionais para despacho das equipes de atendimento de emergência. 37 postos já estão operando e até janeiro de 2020 os demais 21 serão concluídos, contribuindo diretamente para a redução do tempo de deslocamento das equipes no interior do Estado. Outra medida adotada é a criação de um Centro de Ocorrências Prioritárias, que tem o objetivo de garantir o menor tempo de atendimento possível a clientes que necessitam de energia para sobreviver, hospitais, serviços públicos essenciais e produtores rurais.

Além disso, a empresa também está utilizando três helicópteros para agilizar o atendimento em locais isolados, especialmente na zona rural. Com as aeronaves, equipes conseguem realizar os atendimentos que não precisam da substituição de estruturas, como postes e fios, e nos casos em que são necessários reparos estruturais, identificam os materiais necessários e repassam para as equipes de solo, otimizando o atendimento. A Enel está atuando para atacar questões estruturais no Estado, como a carência de mão-de-obra especializada com parceria no sistema S.

A Enel acrescenta ainda que, desde que assumiu a distribuidora, em fevereiro de 2017, investiu cerca de 2 bilhões até setembro deste ano, 3,5 vezes mais do que os níveis históricos investidos antes da privatização. Os investimentos resultaram em uma redução da duração média das interrupções por cliente (DEC) de 45% de dezembro de 2015 a setembro de 2019, enquanto o número médio de interrupções por cliente (FEC) melhorou 52%. Em setembro de 2019, o DEC alcançou 23,5 horas enquanto o FEC chegou a 12,1, superando as metas contratuais para 2019, que são respectivamente de 30,33 horas e 20,22 vezes.

Sobre o cliente mencionado na reportagem, a Enel informa que entrará em contato para agendar uma visita de técnicos para verificar a rede elétrica do local e realizar as ações que forem necessárias para garantir a qualidade do fornecimento de energia na região.  (Especial para O Hoje)  

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